Estava “saturada e infeliz” no emprego. Cozinhar era, há muito, “um escape”. Vegan há dez anos, Catarina Queirós adora comer e foi aperfeiçoando os dotes, numa altura em que as alternativas à carne ainda escasseavam. Depois, vieram as amigas e, no passa-palavra, o hobby foi-se tornando “um caso sério”. Passou a trabalho extra. Em 2018, Catarina decidiu arriscar. Era na cozinha que se sentia feliz e dava verdadeiras asas à criatividade. Nasceu a Encher o Bandulho. Primeiro doces, depois salgados e congelados, workshops e, mais recentemente, as marmitas. Comida vegan, mas “de verdade, saborosa, bonita”. Mais do que uma marca, a Encher o Bandulho leva um bocadinho de Catarina em cada prato.
“Naquela altura, não havia nada vegan nos supermercados. Ainda para mais aqui, num meio pequeno. Comecei com hambúrgueres de grão e cenoura, croquetes de lentilhas [congelados] e bolachas de aveia”, afirma, sorrindo. Abóbora e bulgur, cogumelos e feijão, quinoa e batata-doce, grão e espinafres, castanha. Em hambúrgueres, bolinhos e empadas, as combinações não pararam.
Há dois anos, Catarina Queirós avançou com as marmitas, à venda na loja gourmet de uma amiga. Veio a pandemia e o que parecia um duro golpe acabou por ser uma nova porta que se abriu. Com a loja fechada e a logística já montada, seguiu sozinha com entregas porta a porta. Com tudo fechado, a moda pegou e, hoje, todos os dias, saem dali 15 a 25 marmitas.
“Uns vêm cá buscar, outras entrego em casa ou no emprego. Também há quem venha recolher à noite para levar no dia seguinte para o trabalho”, diz, enquanto prepara as marmitas do dia. Preço? 7,50 euros.
Curiosamente, muito poucos clientes são vegan. “Vêm por curiosidade e acabam por descobrir novos sabores, novas texturas e novas formas de cozinhar os legumes”, refere Catarina, sublinhando, no entanto, que há cada vez mais pessoas “a fazer a mudança alimentar pelo impacto ambiental. Uns comem carne uma ou duas vezes por semana, outros só peixe”. A lasanha, o arroz de mix de cogumelos, os bolinhos de feijão preto e nozes ou os hambúrgueres estão no topo das preferências.
De dois em dois meses, na cozinha de Catarina Queirós, na Praça Dona Teresa Martins, junto à estação de metro de Vila do Conde, há showcookings temáticos: leguminosas e cereais integrais, snacks e sobremesas, menus de acordo com as estações e festividades do ano. Tofu com broa; Wellington de castanhas, grelos e quinoa; brownies; bolo de bolacha de avelã e chocolate; são receitas que já por lá passaram. Tudo feito com produtos locais, frutas e legumes de produção biológica e servido em embalagens biodegradáveis feitas de fibra de coco.
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