Braga, Guimarães e Viana: as vibrantes cidades minhotas

Jardim de Santa Bárbara, Braga (Fotografia: Gonçalo Delgado/GI)
Este território onde as montanhas abraçam o mar e a costa, conhecido pela sua natureza intensa, é também a casa de três cidades que mostram como se pode ser tradicional e cosmopolita sem contradições.

BRAGA | Uma cidade de porta aberta

Eleita o Melhor Destino Europeu para visitar em 2021, pela European Best Destinations, Braga tem vindo a atrair visitantes com o seu ar cosmopolita, jovem e acolhedor, embrulhado num charme de cidade antiga.

Por ter sido uma das mais importantes capitais do catolicismo na Europa, ganhou o cognome de cidade dos arcebispos, e ainda hoje carrega o legado religioso, pejada de igrejas e com o toque dos sinos a embalar o quotidiano. Abundam as fachadas monumentais e fortemente ornamentadas dos santuários, sendo o mais solene de todos a SÉ CATEDRAL, precedente à própria nacionalidade – daí o dizer popular “mais antigo do que a Sé de Braga”. Foi construída nas fundações de um antigo templo romano dedicado a Ísis, no século XI, mas ao longo dos anos sofreu várias intervenções, das quais resultam as influências manuelinas e barrocas que hoje se vêem.

 

Às portas da catedral abre-se uma praça vibrante, ponto de encontro e lugar de convívio, onde o final de tarde faz encher as esplanadas de bares, petiscarias e restaurantes. Os edifícios antigos, de tabique a descoberto, acolhem negócios jovens e variados: há lugar para cervejas artesanais e música alternativa no MAL AMADO; petiscos, caldo verde e papas de sarrabulho na DONA PETISCA; e uma cozinha criativa, com influências do Mundo, no AO DEUS DARÁ.

Dali, a vida pulsa pelas artérias vizinhas, como se vê pelo fervoroso comércio tradicional da Rua do Souto. Aqui encontramos artigos religiosos, artesanato, vestuário, calçado, peças de decoração e até perfumes feitos à medida, estes na loja da YNTENZO, onde existe um pequeno laboratório, onde se pode criar um perfume de raiz.

 

Percorrendo a rua, que atravessa o centro histórico, rapidamente fazemos um pequeno desvio para ir comer um gelado caseiro ao PAPPA LAB ou uma frigideira – um pastel de massa folhada recheado com carne de vaca estufada – à histórica FRIGIDEIRAS DO CANTINHO, e apreciar as cores vibrantes do jardim de Santa Bárbara, sentados num banco de pedra, a ver a cidade mover-se ao redor.

Mesas regionais e casas de cultura
Em direção a poente, a artéria comercial vai desaguar ao Arco da Porta Nova, uma das entradas da cidade, que dá passagem ao Campo das Hortas, onde se reúnem alguns dos melhores restaurantes tradicionais de Braga. Há cabrito, bacalhau à Braga e pudim Abade de Priscos em doses abundantes em instituições como o ARCOENSE e o CRUZ SOBRAL, mas também alguns novos espaços de cozinha contemporânea, um boteco brasileiro, francesinhas e comida vegetariana.

No sentido oposto, a rua do Souto dá lugar à Praça da República e à Avenida da Liberdade, que por sua vez abre caminho para fora do centro histórico e, por fim, da cidade. Antes de ir, não deixemos de entrar no histórico Café Vianna ou A Brasileira, de nos perdermos entre livros e artesanato na livraria CENTÉSIMA PÁGINA e de tomar um chá e uma fatia de bolo caseiro no jardim escondido nas traseiras. E ainda de nos sentarmos numa das mais belas salas de espetáculos do país, o centenário THEATRO CIRCO. Para os próximos meses já foi lançada uma programação intensa e diversificada, que leva ao palco músicos, bailarinos e atores num regresso à vida cultural, e também em jeito de convite ao retorno do público à sala e à cidade.

Templo do bacalhau
O restaurante BEM-ME-QUER, no Campo das Hortas, é um dos clássicos da cidade, e morada segura para comer o famoso bacalhau à Braga, que aqui adota a declinação de bacalhau à Bem-me-Quer. A receita foi criada por Joaquina Soares Gomes, sogra de José Dias, hoje no comando da cozinha, que aprimorou a arte com a célebre cozinheira do restaurante Narcisa, berço do prato tradicional. Igualmente irrepreensíveis são os bolinhos de bacalhau, secos e crocantes, a lampreia à bordalesa, na sua época, as papas de sarrabulho com rojões e demais pratos regionais, incluindo o infalível pudim abade de Priscos.

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VIANA DO CASTELO | Os novos ventos da princesa do Lima

Fiel à tradição e aos costumes, a cidade-postal do Minho, também se pinta de contemporaneidade e encanta pela forma como combina ambos. Aos clássicos chamarizes, como as bolas de berlim da Natário e a grandiosa festa da Senhora da Agonia, a “rainha das romarias”, juntam-se outros bons motivos para visitar a princesa do Lima.

Viana tem entrançado as suas raízes de capital minhota bafejada por rio, mar e montanha, com novos rebentos, que se alojam nas ruas estreitas e nos edifícios seculares do centro histórico. Um desses novos negócios é o ARMAZÉM 66, uma concept store onde cabe tudo a que David Vieira deita o olho e gosta. “A ideia é que sejam produtos de comércio justo e maioritariamente marcas portuguesas”, diz.

Há espaço para vinhos, mochilas, candeeiros, joias, louças, boinas, sabonetes e qualquer outra categoria de objetos que captem o interesse do dono, neto de comerciantes, que naquele mesmo espaço chegaram a ter uma loja de mobiliário. Há sempre coisas novas, e na reabertura da loja, David reforçou a oferta de calçado, de marcas nacionais como As Portuguesas e a Zouri.

Outro exemplo de uma lufada de ar fresco no comércio de rua é a OBJETOS MISTURADOS, que além de acolher exposições de pintura, reúne ainda uma seleção de joalharia de autor, peças de decoração de artesão portugueses, ilustrações e ainda brinquedos e livros infantis. As artesãs vianenses Iva Viana e Lia Gonçalves são algumas das criadoras representadas nesta loja, a mostrar que não é preciso romper com as raízes para trazer modernidade.

Objetos Misturados (Fotografia: Rui Fonseca/GI)

 

Também à mesa, a cozinha tradicional minhota – de que é exemplo incontornável a Casa de Pasto Maria de Perre -, divide o protagonismo com a comida contemporânea. O ano de 2019 marcou o regresso de uma dupla de cozinheiras muito querida da cidade, JENNY & CARMIE, que depois de 12 anos instaladas no centro de Viana, e dois de interregno – durante os quais lançaram um serviço de catering -, voltaram a ter porta aberta, desta vez num espaço mais pequeno e numa zona bem mais pacata, junto ao Forte Santiago da Barra. À lista de bowls, junta-se o prato do dia, confecionado com produtos da época, dando primazia aos legumes, e com um toque pessoal. “Tenho de fazer sempre alguma coisa diferente”, admite Carmélia. A cidade agradece.

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GUIMARÃES | A inquieta e cultural cidade-berço

Cidade vivaz e diversificada, tem no seu centro histórico a alma de um jovem irrequieto que enche de vida as ruas de traçado medieval. Por elas estende-se um intenso roteiro de cultura e sabores que quase nos faz perder o fôlego.

Ao fim de 14 meses, os concertos já regressaram ao OUB’LÁ. O bar da praça de São Tiago é um dos palcos da cidade que dá espaço a música alternativa, folk, rock, jazz e outros géneros, numa programação eclética que até inclui noites de quizz com pizza e dj sets a animar as tardes de fim de semana. «Nós gostamos de muita coisa», resume Jorge Lopes, o proprietário.

Oub’lá (Fotografia: Miguel Pereira/GI)

 

Informalmente, o Oub’lá faz parte do roteiro cultural vimaranense, vibrante e diversificado, que integra outras salas de espetáculos de maior ou menor dimensão como o São Mamede CAE – que todos os anos, à exceção do último e do presente, acolhe a mítica festa de aniversário do El Rock Bar, o mais antigo desta praça -, e o CENTRO CULTURAL DE VILA FLOR, onde há espaço para dança, concertos, teatro, exposições e um belo jardim debruçado sobre a cidade. À agenda juntam-se festivais, museus e galerias, como o CENTRO INTERNACIONAL DAS ARTES JOSÉ DE GUIMARÃES, com a sua coleção de arte arte tribal africana, e o mais recente Bairro C, um projeto cultural que está a dar os primeiros passos e quer levar mais atenção à histórica zona de Couros.

A praça de São Tiago, juntamente com o vizinho largo da Oliveira, a que se chega atravessando as arcadas dos antigos Paços do Concelho, são o coração do centro histórico, que dali se espraia por ruas e ruelas medievais, estreitas e de calçada irregular. Essas artérias, num instante nos levam ao Monte Latito, onde se ergue o castelo e o Paço dos Duques, mas se nos quisermos perder nelas, também nos fazem chegar a muitas outras moradas intra e extra muralhas, que vale a pena conhecer. Fala-se, por exemplo, da embaixada vimaranense que é o DAN’S, com os seus hambúrgueres de autor que atraem comensais de várias partes do país. Ou ainda do KANJI, a morada do Japão na cidade-berço, e do ALMANAQUE 23, uma loja/ateliê recheada de vinis e livros raros. Na rua Egas Moniz, de frente um para o outro, encontramos o RUA NOVA BREWPUB e o EVINEO. O primeiro é casa de cervejas artesanais e o segundo é um winebar, e ambos são boas opções para beber um copo e recuperar o fôlego, antes de continuar o passeio. Há ainda muito para descobrir.

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