O interesse começou como um passatempo, alimentado a partir de casa, mas rapidamente ganhou força e forma com uma loja própria no centro de Montalegre, a Oficina do Burel, aberta em 2016. “Comecei por fazer as bainhas de calças e umas brincadeiras na máquina de costura que herdei dos meus avós”, explica Carlos Medeiros, ex-professor de música que agora costura e vende peças feitas em burel, com lã pura da Serra da Estrela, com a ajuda da mulher, Elsa.
O objetivo foi o de “recuperar as tradições ligadas a esta matéria-prima”, num exercício “desafiante e minucioso, por se tratar de um tecido mais encorpado”. Pela loja estão expostas uma variedade de peças e acessórios para homem, mulher e crianças, normalmente feitas em cores garridas, como as tradicionais capuchas – as capas de pastor -, saias, casacos, calções, estojos, malas, bóinas, almofadas, colares e anéis. A imaginação aqui é o limite. “Já cheguei até a fazer um vestido de noiva em burel”, adianta o costureiro autodidata. “No início, parti algumas agulhas e estraguei algumas máquinas mas valeu tudo a pena”, ri-se o proprietário montalegrense, que já desfilou as suas peças em feiras em Lisboa e em Estocolmo.
Carlos Medeiros é ex-professor e proprietário da Oficinal do Burel. (Fotografias: Rui Manuel Fonseca/GI)
Na loja vendem-se peças de roupa e acessórios em burel para toda as idades.
Todas as peças da loja são únicas e há abertura para se pedirem artigos personalizados, feitos ao gosto do cliente. A grande vantagem do burel, acrescenta, é a sua durabilidade. “Estes artigos têm uma grande longevidade. As peças em burel podem durar 30, 40, 50 anos se forem bem estimadas”, diz Carlos, que tem nas traseiras da loja o seu ateliê, onde dá asas à criatividade, entre quatro máquinas de costura e dezenas de rolos de burel, cortados ao detalhe para evitar desperdício.
A Oficina do Burel recorre à lã da Serra da Estrela para a confeção dos seus produtos.
A loja fica situada no centro da vila de Montalegre, às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
