Mira: dormir numa casa gandaresa renovada, entre campos, pinhais e dunas

Uma antiga casa de família, outrora habitada por um ferreiro, deu lugar à Forja. (Fotografia de Maria João Gala/GI)
De campos, pinhais e dunas se faz a paisagem da Gândara, em cujo coração acaba de nascer a Forja. Este novo turismo rural, situado na Lagoa, em Mira, tem muitas histórias para contar desde que o primeiro adobe ali foi colocado, em 1906.

Campos, pinhais e dunas compõem o território da Gândara, cujos habitantes souberam tirar sustento dos solos arenosos e do mar, e que tem em Mira o seu coração. É lá, mais precisamente na Lagoa, que fica a Forja, um novo espaço de turismo rural nascido de uma casa gandaresa edificada em 1906. Essas habitações tão características funcionavam como sedes agrícolas, refletindo o peso da lavoura na economia familiar. Construídas em adobe, tinham planta em L, celeiros e um portão largo o suficiente para deixar passar um carro de bois, que conduzia a um pátio interior, entre outras especificidades. João Luís Pinho – mentor do projeto, a par com a mulher, Sofia Sousa – de bom grado partilha essas e demais histórias da terra com quem chega àquela morada, que só começou a receber hóspedes no mês passado.

O pátio interior era o centro da casa gandaresa.
(Fotografia de Maria João Gala/GI)

A Forja corresponde à antiga casa dos bisavós de João, que foi renovada e ampliada, conservando elementos originais, como algumas das pedras da frontaria, com bonitos desenhos e marcas do tempo. Está cheia de memórias familiares, que justificam, aliás, o nome: o bisavô João Marques de Pinho era ferreiro e tinha ali a sua forja. Fazia alfaias agrícolas e peças para a construção naval, lembra, em conversa no pátio interior, agora equipado com mesas e cadeiras que convidam a momentos de lazer.

Os quartos estão decorados de forma sóbria.
(Fotografia de Maria João Gala/GI)

Os hóspedes têm ao dispor nove quartos, sala de pequenos-almoços e sala de estar com um bar assente na honestidade: café, cerveja e outros produtos consumidos devem ser registados, para no fim se fazer contas. As paredes dessas áreas comuns exibem fotografias a preto e branco da Praia de Mira, e os quartos, de decoração sóbria, têm elementos de cestaria que lançam mais pontes para o passado: o avô João Maria, que era agricultor, fazia cestos, cabazes e poceiros que a avó punha à venda nos mercados, juntamente com as hortaliças. O mar está a pouco mais de cinco minutos de carro, mas também há acesso a uma piscina.

Em 2015, João Luís Pinho e Sofia Sousa já haviam inaugurado um primeiro turismo rural, criado a partir de uma casa gandaresa que pertencera aos avós dele: é a Casa da Lagoa, que tem cinco quartos ao todo e comunica com a Forja pelas áreas exteriores nas traseiras. Sendo dois projetos irmãos, partilham essa zona recatada, com bicicletas para aluguer e um pequeno pomar (daí os doces caseiros ao pequeno-almoço). “A arquitetura gandaresa dá uma privacidade interessante”, observa João.

A mãe, Odete, é a governanta das casas, e põe a sua experiência como chefe de cozinha ao serviço dos hóspedes: existe a possibilidade de fazer refeições ali, encomendadas de véspera. Ela confeciona pratos tradicionais, muito à volta do peixe e da carne. Comida vegetariana e macrobiótica é o próprio João Luís Pinho quem faz. E por marcação, ao fim de semana, também orienta atividades, como passeios interpretativos a pé ou visitas à Bairrada em veículos todo-o-terreno.


+ O que fazer perto
De bicicleta da lagoa até às praias

A Forja fica bem perto da Lagoa de Mira, um cenário tranquilo onde se pode observar aves, fazer piqueniques ou saborear algo à beira da água, no Sítio do Cartaxo. Por ali passa a Pista Ciclopedonal, que atravessa paisagens diversas, desde floresta e moinhos até campos agrícolas e dunas. Quem quiser ir a banhos pode continuar até à Praia de Mira, que mantém a arte xávega e é a única zona balnear do Mundo com Bandeira Azul desde que começou a ser atribuída, em 1987. Outra opção é a Praia do Poço da Cruz, não urbana.

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