“Dormir aqui e sentir o ar fresco da manhã é uma experiência única”, garante Sandra Barbedo enquanto mostra os alojamentos do turismo de aldeia Casas do Moinho que abriu com o marido, Arnaldo Couto, há dez anos. A expressão “qualidade de vida” é sempre referida de cada vez que alguém conta o bom que é sair da cidade para o campo, e dá vontade a qualquer um de tomar a mesma decisão, quem sabe um dia. Neste caso, Sandra há muito que conhece os atributos de Odeceixe. “O meu pai comprou uma casa na vila há 35 anos, ainda não havia turismo nem pessoas na praia”, conta. “Ficou a paixão pelo cheiro, pela vivência” e pelos amigos de sempre, com quem se encontram todos os anos, diz.
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- (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)
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- (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)
A primeira localidade algarvia, separada do Alentejo pelo rio Seixe, foi por isso o refúgio que a psicóloga clínica e Arnaldo – dono de uma empresa de transportes – elegeram para se mudar do Porto para o Algarve, em busca de outra qualidade de vida. Investiram na recuperação das primeiras casas, então degradadas na paisagem da aldeia (cuja Rua 25 de Abril é património urbanístico municipal) e foram recuperando outras pela rua acima, até terem as atuais nove casas (suítes duplas, júnior e duplas com mezzanine) e a casa com seis quartos bed & breakfast, todos renovados recentemente.
Sandra realça “o rigor da cor, dos materiais e da dimensão” das casas que quiseram respeitar no projeto de arquitetura. O cuidado nota-se nos contornos pintados a azul cobalto – “a cor original das casas” – e na cor sangue de boi escolhida para as portas e janelas. No interior das habitações mantiveram sempre que possível a construção antiga em taipa, uma espécie de terra-barro, e o chão Santa Catarina, composto por lajes de cerâmica onde se notam as dedadas dos velhotes que as faziam. As casas têm kitchenette e são confortáveis, sendo que as do núcleo principal têm terraço com cama de rede e vista para o moinho e os campos de batata-doce.
(Fotografia de Leonardo Negrão/GI)
Por ser um turismo de aldeia, os hóspedes circulam pela rua, entre as casas e o núcleo principal onde se encontram a receção, restaurante, piscina, hidromassagem e jardim, e a aldeia ganha outra vida. Os pequenos-almoços foram distribuídos pelo restaurante de petiscos O Altinho (no topo da colina, pertencente ao projeto mas aberto ao público) e pelo Näperõn, para evitar aglomerações de pessoas, mas todas as áreas (à exceção da hidromassagem quente) estão disponíveis para usufruto dos hóspedes. A mais procurada é a zona da piscina, toda ela em socalcos a lembrar as casas das ilhas gregas, com espreguiçadeiras, cadeiras, toldos e patamares ajardinados.
No restaurante Näperõn, o chef Hugo Nascimento – que se mudou para Odeceixe com a mulher, Joana, e os filhos – apresenta o seu primeiro projeto a solo, depois de 25 anos a trabalhar no grupo do Tasca da Esquina, em Lisboa. É uma cozinha de memórias de infância, feita com produtos frescos e locais, e que se pode provar em dois menus (de 30 e 50 euros) com a certeza de uma experiência autêntica, tal como é a aldeia onde tudo acontece.
O moinho
No ponto mais alto de Odeceixe está o moinho de vento, que data de 1869 e dá nome ao hotel. Aqui, um miradouro permite vista panorâmica para o centro da vila, a serra de Monchique, os campos de pasto com vacas e a ribeira de Seixe, que desagua no mar. O moinho, construído em
alvenaria e madeira, ainda funciona e de manhã, durante a semana, pode ver-se a montagem de cereais.
Longitude : -8.2245
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