Crítica de Fernando Melo: 20 vinhos para o sapatinho

Fotografia: Miguel Pereira da Silva / Global Imagens
Escolha muito especial esta, apenas para quem teve um desempenho de vinte valores no ano que passou. Não falamos de bom comportamento nem de boas classificações, isso é com cada um. O pleno para nós é ter bebido apenas grandes vinhos. Confira a lista que lhe deixamos para se orientar neste Natal.

Texto de Fernando Melo

Mitificamos os grandes vinhos e ao mesmo tempo não sabemos bem o que é um grande vinho, e no entanto a fórmula é simples. Um grande vinho é aquele que nos faz viajar e leva à sua origem pelo percurso da fantasia. A clássica pergunta do pai Natal sobre se nos portámos bem ou não tem por isso resposta positiva evidente. Claro que nos portámos muito bem e merecemos o melhor. Merecemos por isso presentes especiais e aqui estão eles. Vinhos menos conhecidos e que vamos gostar de provar com os amigos, família ou mesmo a sós. Boas provas! Boas festas!

Branco

18,5 – Quinta do Regueiro Alvarinho Jurássico N.º 1 (13%) | Quinta do Regueiro – 40 euros

Quebra com todas as modas vigentes, ao apresentar-se como cuvée de várias colheitas e não ter qualquer estágio em madeira. O resultado é um vinho que mostra a força da casta ao mesmo tempo que revela o terroir único, mineral e terroso, das vinhas donde provém. Longevidade e carácter.

17,5 – Altano Reserva branco 2017 (13,5%) | Symington – 10,5 euros

Viosinho (59%), Códega do Larinho (35%) e Gouveio (6%). Entrada de pleno direito na primeira liga dos brancos portugueses de uma marca que tem feito uma trajectória exemplar. Boa relação qualidade/preço, aptidão para a mesa petisqueira e pratos com leguminosas, incluindo tripas.

18 – Conde dErvideira Branco de Inverno Alentejo branco 2018 (13%) – 15 euros

Antão Vaz e Viosinho em partes iguais, o nome diz quase tudo. Há que acrescentar que a designação denota sobretudo preocupação em apresentar um vinho de guarda e ao mesmo tempo flexível à mesa, acompanhando tanto um bacalhau assado em azeite como um cozido de grão.

17 – Miogo Verde branco 2018 (12,5%) | Vinhos Norte – 15 euros

Arinto (maioria), Loureiro e Alvarinho. Estreia do produtor nos vinhos tranquilos, pela mão de Nuno Silva, o novo enólogo da casa. O bom talante dos espumantes produzidos tinha por detrás vinhas excepcionais e nalgum dia seria dado este passo. Augura bom futuro.

17,5 – QM Homenagem Alvarinho Reserva Verde 2018 (13%) | Quintas de Melgaço – 21 euros

O título foi criado aquando do vigésimo aniversário do fundador deste projecto único, que congrega mais de 500 produtores da região. Pronto para beber desde já, vai beneficiar de um par de anos em cave, para criar a complexidade projectada quando foi feito.

18 – Adegamãe Terroir Lisboa branco 2016 (13%) | Adegamãe – 40 euros

Viosinho, Alvarinho, Arinto, fermentação em barricas de 400 litros, pensado e orientado para a grande guarda. Mineralidade pronunciada, a acidez bem trabalhada a vestir uma estrutura lentamente urdida, para uma impressão de grande estabilidade. Feito pelas mãos sábias de Diogo Lopes, que já nos habituou ao melhor.

17,5 – Discórdia Reserva Alentejo branco 2018 (13%) | Herdade Vale de Évora – 17 euros

Arinto, Antão Vaz e Verdelho, fermentação parcial em barricas de 500 litros. Vinhas de xisto no Alentejo profundo, a bordejar o Guadiana. O enólogo Filipe Sevinate Pinto conseguiu um vinho de enorme elegância, sem excessos, a criar expectativa em relação a edições futuras.

18 – Quinta do Monte d’Oiro Vindima de 13 de Outubro Lisboa branco 2016 (16,5%) | José Bento dos Santos – 48 euros

100% Viognier, é um vinho tese e também um manifesto que contém a visão de José Bento dos Santos em relação à casta, a mesma que está na base da região de Condrieu, França, que juntamente com a tinta Syrah traz no coração desde que comprou a quinta. Vinho seco, vindima feita no zénite de maturação fenólica das uvas, forte mineralidade. Para guardar.

Tinto

18,5 – Casa Ferreirinha Antónia Adelaide Ferreira Douro tinto 2015 | Sogrape

Vinho de celebração, produzido em pequenas quantidades a partir de vinhas muito velhas. Homenagem à que se pode bem considerar criadora do Douro da era moderna, neste vinho sumptuoso e ao mesmo tempo macio, com que a Ferreirinha terá apenas sonhado.

19,5 – Chryseia Douro tinto 2017 (14%) | Prats & Symington – 60 euros

O balanço perfeito entre concentração e extracção, na linha das últimas edições. A mostrar a excelência do ano de 2017, tudo aqui está elevado à máxima potência. Taninos muito finos, ambiente exótico a sugerir grafite e evolução no palato sempre em frescura e equilíbrio.

19 – Aeternus Douro tinto 2017 (14,5%) | Quinta Nova N.S. Carmo – 140 euros

Vinho de homenagem a Américo Amorim feito por sua filha Luísa, que tem a seu cargo a Quinta Nova de N.S. do Carmo, no coração do Cima Corgo, por sua vez coração do Douro. E é um vinho de coração, feito com uvas de um talhão centenário da quinta. A enologia brilhante de Jorge Alves permitiu chegar a este vinho indestrutível, orientado para a guarda paciente em cave. Eterno.

17 – Quinta do Penedo Jaen Dão tinto 2018 (12%) | Messias – 7 euros

Primeiro Jaen da Quinta do Penedo e logo um belíssimo exemplo da casta, que tem no Dão o seu maior expoente. Surpreende pelo equilíbrio e pela flexibilidade à mesa. Notas terrosas, de cogumelos frescos, a juntar a impressões salinas devidas aos granitos velhos das vinhas.

18,5 – Esporão Private Selection Alentejo tinto 2014 (14,5%) | Esporão – 50 euros

Os vinhos com a chancela Private Selection têm demonstrado grande vitalidade ao longo de muito tempo, o que é notável e ide certa forma inesperado no Alentejo. Numa prova feita há pouco tempo, David Baverstock, deixou bem patente a intenção e as virtudes da linha. Este é o exemplo mais recente e é muito bom.

17,5 – Indígena Alentejo tinto 2018 | Rocim – 12 euros

100% Alicante Bouschet. É o primeiro vinho biológico certificado feito na Herdade do Rocim e representa ao mesmo tempo um regresso ao plano mais básico da produção de vinhos. Estagiou em cubas de cimento e talvez por isso apresenta tonalidades terrosas e uma acidez cristalina.

Espumante

19 – Osvaldo Amado Raríssimo Bairrada espumante branco 2006 (12,5%) | Total Wines – 95 euros

100% Arinto. Bolha muito fina, acidez equilibrada com o corpo deste excelente blanc de blancs. Osvaldo Amado chama ao peito com particular carinho a casta que ele próprio considera a melhor de Portugal. Chamamos-lhe o senhor espumante mas na verdade a excelência do seu trabalho está em tudo o que faz.

18 – Elpídio Superior Bairrada espumante branco 2013 (12%) | Caves Solar S. Domingos – 15 euros

Arinto (50%) e Chardonnay (50%), é um blanc de blancs de perfil clássico, com cinco anos de estágio em cave. Apresenta-se a um tempo sofisticado graças à casta Chardonnay, e com uma capacidade de corte grande, pela acidez vibrante transmitida pela Arinto.

18,5 – Murganheira Millésime Távora-Varosa espumante branco 2008 (14%) | Murganheira – 24 euros

Chardonnay e PInot Noir. Uma das mais felizes concretizações vínicas da Murganheira, dentre as muitas que ao longo dos anos tanto nos têm alegrado. Este espumante incorpora a mistura clássica de champagne e dá mesmo muito prazer a beber.

Porto

17,5 – Vasques de Carvalho White Reserva Porto branco (20%) | Vasques de Carvalho – 20 euros

Num lote de média de idades de cerca de 9 anos, está aqui um vinho que vai surpreender e encantar, perfeito para a doçaria da quadra natalícia, queijos e frutos secos. Experimente-o com uma bola de bacalhau e vai ver de que falamos.

18 – Kranemann 10 Anos Porto tawny (19,5%) | Kranemann – 23 euros

É sabido que a indicação de idade nos tawnies é meramente indicativa mas ainda assim dá conta de um estilo. Este brilhante 10 Anos integra vinhos bem mais velhos no lote, conseguindo criar um vinho de prazer que é a um tempo clássico e vibrante. Imperdível e irrepetível.

17,5 – Quinta dos Avidagos Porto Vintage 2017 (20%) | Avidagos – 55 euros

Perfil clássico, com taninos muito finos, corpo expressivo e comprimento de boca interminável. Está aqui um vintage preparado para ombrear com os seus pares, apesar de ter praticamente nenhuma experiência na gama excelsa do vinho do Porto.




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