Opinião de Manuel Molinos: Populações unidas por corredor verde

O trecho a jusante da Ponte da Pedra, no Corredor Verde do Rio Leça, em Matosinhos. (Fotografia de André Rolo/GI)
Descer a escadaria da Ponte da Pedra e seguir caminho até às traseiras do Mosteiro de Leça pode ser a partida para conhecer um excelente trabalho intermunicipal.

Há sempre aquela tentação de desqualificar o trabalho dos políticos, ou porque os maus exemplos se sobrepõem aos bons ou porque as expectativas que depositamos em quem elegemos nem sempre correspondem às expectativas. Os autarcas, que por princípio têm maior proximidade com os seus eleitores, sabem-no bem e, talvez por isso mesmo, o processo de descentralização é encarado com apreensão. Percebe-se que haja a preocupação de garantir às populações serviços eficazes, quer seja ao nível da educação, saúde ou outra área pública, mas tal só acontecerá se a passagem de competências for acompanhada financeiramente pelo governo central. Aos autarcas caberá depois executar. E, no que ao realizar diz respeito, há muitas provas dadas por este país fora.

As autarquias de Santo Tirso, Valongo, Maia e Matosinhos têm razões para se orgulharem.

É sobre um destes exemplos que esta crónica diz respeito. Um caso de intermunicipalidade que está a funcionar e a devolver um rio que já foi considerado o mais poluído da Europa às populações das suas margens. E aos outros também. Um projeto de sucesso que mostra também que quando os políticos se unem por objetivos comuns a concretização é mais fácil e natural. Desta vez, falamos de um rio, mas poderíamos estar a também a falar de tantos e tantos serviços que não têm de estar limitados a mapas políticos ou a benefícios locais, muitas vezes subjugados a outros interesses.

Ditas as coisas, as autarquias de Santo Tirso, Valongo, Maia e Matosinhos têm razões para se orgulharem de trabalho feito, até porque parte dele resultou mais da boa vontade dos municípios do que do poder central. O corredor verde do rio Leça, um sonho do antigo presidente da Câmara de Matosinhos Guilherme Pinto, ainda não está concluído, mas já tem vida. Além das inevitáveis ciclovias e percursos pedonais, no troço entre Ponte de Moreira e Ponte da Pedra, de aproximadamente sete quilómetros, o projeto contará com uma grande operação de limpeza que prevê financiamento aos proprietários para replantação de margens. Vale a pena ir espreitar e disfrutar do que já está concluído. Descer a escadaria da ponte da Pedra e seguir caminho até às traseiras Mosteiro de Leça pode ser um princípio. O rio tem história e muitas saem das bocas dos mais velhos que residem pelas imediações. Mas importa agora ter saudades do futuro. E deste, a olhar para o presente, teremos motivos para nos orgulharmos dos nossos representantes do poder local.




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