Crónica de Ana Luísa Santos: uma série de séries

Fotografia: Mollie Sivaram/Unsplash
Um dos meus maiores prazeres é ver séries. Gosto de me perder nos seus enredos e torcer pelas personagens.

Confesso: vejo muitas – talvez demasiadas? – séries. Entre terminadas e no ar, curtas e longas, conto mais de uma centena. São tantas que, para não me perder, registo os episódios vistos num calendário digital de televisão, que me avisa também da estreia de novas temporadas. Não é fácil manter-me a par de todas.

Ao meu lado, neste pequeno “vício”, tenho o meu namorado, peça fundamental em debates pós-visualização e fornecedor de lenços em momentos emocionantes. Já consumimos séries de quase todos os géneros, algumas autênticas desilusões e outras simplesmente excecionais. Privilegiamos o tema, e pouco ligamos à classificação que alcançaram em sites como o IMDb ou Rotten Tomatoes. Agora com diversas plataformas de streaming é fácil alimentar esta fome, sem esperas, torrents ou downloads. Basta escolher aquilo que soa melhor no momento e, se tempo houver, fazer binge-watching, que é como quem diz fazer uma maratona de episódios.

Também adoro cinema, mas gosto da continuidade das séries, de me poderem acompanhar durante meses, por vezes, anos. De ver personagens crescer, amadurecer e, chegada a hora, de me despedir. Às vezes, com algumas lágrimas.

Vemos sobretudo ficção, mas também gostamos de trabalhos baseados em factos reais, como Chernobyl, que tanto me ajudou a entender o que se passou no ano de 1986; The Loudest Voice, sobre a vida, e os escândalos, de Roger Ailes, fundador da Fox News, e American Crime Story, onde duas temporadas exploram o julgamento da acusação de assassinato de OJ Simpson e o assassinato do estilista Gianni Versace cometido por Andrew Cunanan, respetivamente (ambas baseadas em livros). E Mindhunter apresentou-me o emaranhado complexo que pode ser a mente de um assassino em série.

Outras fazem-me viajar para o que poderá vir a ser o mundo em breve, como Black Mirror, Years and Years e Westworld. Torci pelo sucesso de Mr. White em Breaking Bad e revi conceitos de filosofia com The Good Place. Mergulhei (e fui muito feliz) nos mundos de fantasia de Stranger Things e Dark, e espreitei a vida das famílias Gallagher, em Shameless, Logan, em Succession e as desaventuras dos primos Alfred e Earn, em Atlanta.

Troquei o livro pelo ecrã em The Game of Thrones, Handmaid’s Tale e Normal People, e fiquei com vontade de ler as obras, mesmo conhecendo o enredo. Ainda não vi clássicos como The Office ou The Wire, mas estão na lista.

Durante estes tempos, em que nos pedem distanciamento social e contenção nas saídas, as histórias que me entram pelo ecrã tornam mais fácil ficar em casa. Ocupam-me as noites, entretêm-me e levam-me a outros mundos e a outros tempos, quando preciso de espairecer dos meus.




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