Crónica de Fernando Melo: Mizu Teppanyaki, Armação de Pera

(Fotografia: Diana Quintela/GI)
No oásis algarvio oferecido pelo tão discreto quanto gigante Vila Vita Parc, surgiu timidamente, há um par de anos, uma proposta oriental que dá pelo nome de Mizu Teppanyaki. Surpresa mais do que boa, proposta francamente original.

Quanto mais nos aproximamos de Sagres, mais o mar se manifesta na forma inteira e inviolável. Conhecidas e comprovadas as tendências do gosto internacional pelo produto marítimo com pouca manipulação, clama há muito o barlavento por iniciativas que fazem jus à riqueza do pescado que medra e brinca nas suas águas.

As propostas foram surgindo, muitas mais se seguirão, mas o que o hotel Vila Vita Parc, em Alporchinhos, criou no Mizu Teppanyaki, no espaço outrora ocupado pelo Club House, tem um lançamento de nível estelar. Estelar é também o Ocean, logo aqui por cima, que está, como sabemos, preparado para receber a terceira estrela Michelin e que ele próprio louva o mar como poucos. Governa Isaulinda o conteúdo sólido, o líquido está entregue a Filipe Rocha, sommelier de pergaminhos confirmados, António Moniz é o chef de sushi, e a gestão do restaurante está entregue à biónica Vanessa Alves. Recomendar e servir vinhos numa casa em que os pratos apresentam uma banda larga de texturas e sabores é já em si mesmo um desafio, fazê-lo com esta mestria transforma em luxo toda a experiência. Isaulinda Pires inaugurou o Ocean na equipa de Hans Neuner e oficiou ali até à chegada da segunda estrela. Após a licença de maternidade voltou para liderar o Mizu. Impõe-se a avaliação inicial ao trabalho de cozedura pela lâmina que representa o sashimi (37 euros, 5 variedades), duas peças de cada.

O wasabi fresco é preparado à nossa frente e é delicioso, intensificando os sabores sem esmagar pelo picante, nota normalmente identificada na pasta comercial de wasabi. Dourada, pregado, barriga de atum, atum e salmão foi a oferta inicial de sashimi, genial a escolha do Crasto branco 2017, mais ainda a do Alfaiate branco 2015 para acompanhar a sequência de sushi (unagi maki, 9 euros e mizu maki, 32,5 euros) que se lhe seguiu, as tonalidades salinas e a copiosidade na boca a resolver todas as instâncias de forma competente. Assim dá gosto, talvez um dia o treino permita apreciar melhor a combinação com saké, que os há aqui de truz. Imaculado, o trabalho do sushi.

Aqui trabalha-se o fogo direto, e entrámos no departamento das brasas com secretos de porco ibérico (26 euros) processado nesse equipamento, ainda relativamente pouco conhecido, que dá pelo nome de robatayaki. Grelhamos e assamos carne há séculos e tinha de ser neste momento que aconteceu o pináculo do sabor, suculência e respeito. Com a assessoria de um copo de Envelope tinto 2015, deu para sentir como é o catering no paraíso. Aliás o paraíso propriamente dito.

 

A refeição ideal
Gyoza de frango, gengibre, mel (16 euros)
Tataki de atum rabilho (15,50 euros)
Usuzukuri de pregado (16 euros)
Seleção de 8 variedades de sashimi (58 euros)
Tempura de camarão-tigre (17 euros)
Robatayaki de secretos de porco ibérico (26 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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