CASA ESPANHOLA
As pinturas no teto, as paredes forradas a armários com centenas de prateleiras, gavetas e caixinhas, rendas de todas as qualidades e feitios, botões e carrinhos de linha de todos os tamanhos. Cento e um anos depois, a Casa Espanhola, mais do que a traça, mantém o lema de sucesso: “É melhor não vender do que perder o freguês”. Quase todos os clientes são tratados por tu – alguns vêm do tempo dos avós – e ainda há borrador (o livro de assentos pagos ao fim do mês). Hoje como noutros tempos, diz José Flores, o negócio diz muito do momento: “Se vendíamos mais linha para cerzir meias, era sinal de crise. Hoje, é o elástico. Já vendemos quilómetros! Anda tudo a fazer máscaras”.
A fugir da praga
Alejandro Flores Baquero terá vindo para Portugal à procura de melhor vida. Numa incursão pela Póvoa, a vender rendas, o “espanhol” conheceu a jovem Margarida. Casou, assentou arraiais na cidade e abriu a Casa Espanhola. Negócio continua na família, agora nas mãos dos netos Otília e José Flores.
ESCOVARIA BELOMONTE
(Fotografia: Global Imagens)
Há pouco mais de uma semana que a discreta Escovaria Belomonte voltou a receber clientes. O fecho temporário, contudo, não significou a suspensão do trabalho. Manteve-se a produção de escovas para a indústria têxtil, uma das áreas que mais precisa de apoio neste momento, explica Sérgio Rodrigues, administrador da empresa fundada em 1927, que já vai na 4ª geração. Agora com menos pessoas de cada vez na loja, e desinfeção diária do espaço, a escovaria recebe novamente quem ali procura uma escova especial, feita à mão, para uso pessoal – há-as para a roupa, o calçado, o cabelo, a barba, o rosto e o corpo -, ou para uso doméstico, como vassouras, apanha-migalhas, coça-gatos e até para cães, sob encomenda. As madeiras exóticas são de abate sustententável e o pêlo tanto pode ser de crina de cavalo, de cerdas de porco ou de pêlo de cabra, como de fibra de coco ou de cato mexicano.
A única no país
A Escovaria Belomonte é a única em Portugal onde ainda se enchem escovas à mão. Um trabalho feito atualmente na oficina por apenas três pessoas.
