Seis gelatarias clássicas e com novidades para conhecer na Grande Lisboa

A geladaria Grom fica na Rua Garrett, no Chiado, em Lisboa. (Fotografia de Diana Quintela/GI).
Gelados veganos, sorvetes biológicos, receitas feitas com água do mar, cânhamo e propriedades multivitamínicas - há de tudo um pouco nestas gelatarias na Grande Lisboa. Conheça os sabores de sempre e os deste verão, para comer no copo ou em cone.

Gato Gelados
Sabores originais, do cânhamo ao gin tónico

Há três anos que a Gato Gelados refresca o Beato, com propostas veganas e uso do açúcar natural da fruta. Nos sabores, reina a criatividade, desde o uso do cânhamo ao gelado de gin tónico.

A necessidade, já se sabe, aguça o engenho. No caso de João Gato, diabético e apaixonado por gelados desde sempre, juntou-se o útil ao agradável. Primeiro, chegaram as “brincadeiras em casa”. “O sabor estava bom, mas estavam muito duros”, ri-se João, quando recorda o início. Aperfeiçoou receitas, fez provas cegas a família e amigos e abriu a sua gelataria, no final de 2018, no Beato. Na Gato Gelados, as criações destacam-se por serem mais saudáveis, baixos em calorias e sem açúcares (só se usa o açúcar natural da fruta e stevia, um adoçante natural), com 70% das propostas a serem veganas.

No portfólio de sabores contam-se sempre 12 variedades de gelados e sorvetes, dos quais oito são permanentes (casos do chocolate, nata, avelã, pistáchio, morango, ananás ou maracujá de Aveiro) e quatro vão rodando “de três em três meses, ao sabor da estação”, explica João. Entre as novidades estão o de cheesecake de morango, com calda do fruto caseira por cima; o de lima com manjericão, com frescura garantida para os dias quentes; e o de cânhamo com pedaços de brownie. “Pensei no cânhamo porque a produção é forte em Portugal e é um sabor interessante e diferente. Além disso, as sementes de cânhamo são um superalimento”, explica o dono, que aposta no produto português e sazonal.

A cada verão, já é habitual regressar o coco, o figo e a meloa, e agora não é exceção. Mas de janeiro a janeiro, chegam as edições especiais para assinalar efemérides, como o afrodisíaco gelado de açafrão com água de rosas e pistáchio, criado para um Dia dos Namorados, ou até o gelado com sabor de gin tónico, servido num shaker de oferta, para comemorar o Dia do Pai. Quando não está ocupado com a Informática, área que João concilia com a gelataria, está a fazer experiências na Gato. “A criatividade é a parte que me dá mais gozo”, conta.

 

Venda ao domicílio
No site da Gato, podem encomendar-se caixas de gelado (dois, três ou quatro sabores) e receber ao domicílio. Para já, só em Lisboa. A partir de setembro, a ideia é chegar ao Norte.


Mamma Mia
Cor e sabor em Campo de Ourique

Há quatro anos que Natale Tassitani refresca as ruas de Campo de Ourique com os seus gelados artesanais, e sempre com sabores novos. Um deles é o de stracciatella de requeijão.

As novidades da Mamma Mia estão escritas num quadro de ardósia à vista de todos: gianduia (uma mistura de chocolate e avelã), figo e stracciatella de requeijão. Se o primeiro faz lembrar a Nutella (numa versão naturalmente melhor), o segundo sabe mesmo ao fruto e o terceiro surpreende pela cremosidade e pelo sabor a requeijão. Nesta gelataria de Campo de Ourique tudo tem o sabor do que é, fruto de uma produção artesanal com matérias-primas frescas.

O laboratório onde Natale trabalha está à vista dos clientes e passantes, e são muitas as crianças que espreitam lá para dentro com curiosidade. Ou, então, as que se colocam em bicos de pés para tentar ver os gelados no balcão. “Nós não temos os gelados à mostra por uma simples razão: em contacto com o ar oxidam mais depressa”, explica José, sócio do negócio.

Os sabores são mantidos em recipientes que em italiano se chamam “carapinas” e tapados por tampas, “pozzetti”. Diariamente, há entre 16 a 20 sabores disponíveis. Além dos fixos – como limão, morango, maracujá, pistáchio, chocolate e caramelo salgado – é de provar, agora em dias de calor, o ACE, o equivalente a um sumo de laranja, limão e cenoura com valor multivitamínico. Cremoso e com substância, a cada sorvida sente-se a fruta na boca. “Só usamos fruta madura porque além de mais doce, é aromática, e cada sorvete tem uma receita própria por causa do nível de açúcar”, explica Natale.

Natural de Corigliano, uma aldeia na região de Calábria, sul de Itália, Natale, arquiteto de formação, já visitava Lisboa quando se apaixonou por Campo de Ourique e decidiu mudar-se. Autodidata com vários cursos – dos gelados à pizza -, começou por trabalhar num restaurante italiano, mas a paixão pelos gelados motivou-o a investir na Mamma Mia. O bairro agradece.

 

Tamanhos para todos
Para além dos tamanhos normais (dois e três sabores em copo ou em cone), existe o tamanho “baby” para crianças ou adultos que não queiram abusar. Levar gelado para casa a partir de meio-litro é outra das possibilidades.


Grom
Um Chiado fresco, com cheesecake e figo

A GROM tem meia centena de moradas em todo o mundo. Na capital portuguesa, o verão celebra-se com sabores como cheesecake de framboesa e figo.

Há quase duas décadas, dois amigos italianos com uma paixão comum juntaram-se para produzir gelados artesanais sem recurso a corantes nem conservantes. Na altura, o pontapé de arranque deu-se numa pequena loja com 25 metros quadrados no centro de Turim. Hoje, a marca criada por Guido Martinetti e Federico Grom soma mais de meia centena de moradas espalhadas pelo mundo, de Itália à República Checa, Indonésia, China, França e Inglaterra.

No verão de 2018, estenderam a sua presença e fixaram-se numa das mais movimentadas artérias de Lisboa, no coração da capital, no Chiado. É na porta 42 que se provam os 16 sabores de gelado da GROM, que vão rodando ao ritmo da estação, até porque são confecionados, na quase totalidade, pelos produtos biológicos cultivados na quinta da gelataria, situada na zona de Piemonte.

E se há variedades que raramente saem da lista – tal é a procura – como são os casos dos de pistáchio, stracciatella, chocolate e caramelo salgado, outros vão regressando, volta e meia, como acontece com o de coco e o de café. Em breve, sai a framboesa e entra o morango. A rimar com os dias mais quentes estão também novidades como os sabores a figo e a cheesecake de framboesa, este último eleito o sabor deste mês na GROM. E se o primeiro traz a frescura da fruta sazonal, o segundo é a resposta para os mais doceiros, ainda que o resultado final não seja, de todo, enjoativo.

Podem provar-se em copo ou cone de bolacha (normal, com rebordo de chocolate e avelãs caramelizadas ou até com recheio de chocolate derretido no interior do cone). Também há opções sem glúten, como o de sabor a chocolate negro, além de sorvetes de fruta, grazinados de limão e de amêndoa, e frappès. O sucesso está à vista: de dois em dois dias, chegam a fabricar-se doze quilos de gelado.

 

Sabores de época
Ao longo do ano, vão sendo feitas edições especiais e de época, como acontece com a castanha no outono. Em Itália, chegam a fazer-se gelados com sabor a panetone no Natal.


Fragoleto
Gelados premiados e biológicos

Na nova loja da Fragoleto, em Alvalade, perfilam-se gelados clássicos, originais e sorvetes biológicos, servidos ao copo, cone ou em formato de pauzinho.

Com a pandemia, Manuela Carabina viu-se forçada a relocalizar a Fragoleto, criada há 16 anos, para um local em que as vendas não dependessem tanto do turismo. Da Rua da Prata, na Baixa, passou a Rua Acácio Paiva, em Alvalade, e agora são os moradores do bairro que mais pedem gelados. O verão inspirou novos sabores: banana com alfarroba e pannacotta de café com molho de mirtilo. “O ácido da calda de mirtilo ajuda a cortar o doce”, comenta a mestre geladeira que antes trabalhava na área da comunicação.

No balcão da pequena loja, pensada para comprar e levar o doce na mão, perfilam-se diariamente cerca de 20 gelados diferentes, entre eles o Mediterrânico (alfarroba, avelã, amêndoa e figo), eleito num concurso o melhor gelado português. Quem preferir sabores frutados tem vários por onde escolher (como melancia, a lembrar as tardes na praia), em copo ou em cone. A gama de sabores é também grande nos gelados de pauzinho, biológicos e vegans, feitos só com fruta ou com cobertura de chocolate.


Tchipepa
Uma ode ao mar

Abriu portas na década de 1970 e tornou-se num espaço emblemático da vila. Entre as novidades da Tchipepa está o gelado que leva água do mar, em homenagem à costa.

Quando os pais e tios de Carlos Costa regressaram de Angola, trouxeram consigo o sonho de abrir uma gelataria. De tal forma que partiram para Itália, para se formarem no mundo dos gelados artesanais, antes de abrirem a Tchipepa, corria a década de 1970, no centro de Cascais. A casa tornou-se num local de paragem obrigatória na vila, mas acabaria por encerrar há oito anos. Não demorou até Carlos revitalizar o negócio, agora na Rua Visconde Luz, junto
ao jardim homónimo, mas com a essência de sempre. Em relação à receita original, só reduziram o açúcar em 50%.

Pelos 18 sabores de gelado vão rodando sabores como baunilha, chocolate, morango, pistáchio, doce de leite, figo, ameixa ou noz. No verão passado, chegaram duas novidades: o Avelim (que junta avelã e amendoim) e o Cascais, de cor azul. Este último marca pela diferença por levar água de mar na composição, além de menta e spirulina (da categoria dos superalimentos), numa homenagem à localização costeira. Antes da pandemia, num dia concorrido chegavam a vender-se 200, 300 gelados. No interior ou na esplanada de 18 lugares, provam-se também crepes doces e salgados ou waffles.


Vicci
Há 30 anos a vender gelados na avenida

Na Vicci, uma “instituição” de gelados na Avenida Luísa Todi, há sabores de gelados e sorvetes de frutas para todos os gostos, servidos em copo e em cone, ou em crepes.

Na cidade não há quem não conheça esta gelataria. Afinal, o cone de gelado em grande escala, à porta, já faz parte da paisagem da Avenida Luísa Todi há 35 anos. A longevidade do negócio explica-se por diversos fatores: em primeiro lugar, o facto de nunca ter encerrado nem mudado de gerência, e em segundo, por sempre ter vendido gelados de qualidade, crepes e sobremesas, como as cassatas (hoje, infelizmente, quase vias de extinção).

Jacky Marcovici, belga de 75 anos, é o simpático rosto que recebe os clientes na Vicci e o mestre gelateiro. Helena, com quem casou há 27 anos, ajuda-o em tudo, mas quem agora se prepara para assumir o comando é um dos filhos, Fabrice, de 21 anos. Após dois anos de estágio e trabalho no resort Vila Vita, no Algarve, regressou para ajudar o pai, que confessa ter ficado com sequelas após um mês de internamento no hospital por causa da Covid-19.

Enquanto o filho atende os clientes, Jacky e Helena explicam que os sabores mais vendidos são praliné, delícia de avelã, caramelo e tiramisú. Mas entre os quase 48 sabores expostos diariamente na vitrine é obrigatório provar o gelado de assinatura crocantino (feito com licor francês e crocante de amêndoa caramelizada), para ter a perceção da consistência e cremosidade da produção, que é feita no primeiro andar do prédio que Jacky comprou em 1986.

Foi nesse ano que se fixou em Setúbal, “um lugar mais sossegado”, oriundo de França, onde tinha sido cozinheiro, chef de cozinha, pasteleiro e designer de interiores. No início da loja, decorada em tons de roxo e com quadros do pintor setubalense Rogério Chora, também fazia pastelaria francesa, mas a oferta não pegou e então focou-se nos gelados (feitos sem glúten). Já os sorvetes – de limão, ananás, melancia, maracujá, frutos do bosque, meloa, entre outros – são bons para quem evita a lactose.

 

Crepes personalizados
A Vicci também funciona como creperia, permitindo aos clientes compôr os crepes a gosto, com bolas de gelado e vários toppings. Levar para casa em embalagens isotérmicas é outra opção.

 

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