Peneda-Gerês: três bons restaurantes onde a estrela é a carne barrosã

Peneda-Gerês: três bons restaurantes onde a estrela é a carne barrosã
Restaurante Lurdes Capela, no Gerês. (Foto: Rui Manuel Fonseca/GI)
O Restaurante Lurdes Capela, clássico na vila do Gerês, é sinónimo de casa cheia nas últimas seis décadas. Na aldeia de Fafião, o Restaurante Fojo dos Lobos cria filas de espera no verão. No centro da vila de Montalegre, a Taverna do Mercado chegou para criar uma alternativa de qualidade. Em comum, a carne barrosã local é uma das protagonistas.

Carne barrosã e vinhos numa nova taberna

Com petiscos a qualquer hora, menus focados na carne barrosã certificada, brunch e os vinhos produzidos pela casa, os irmãos Paulo e Francisco Gonçalves reforçam a vila de Montalegre com uma alternativa de qualidade, a nova Taverna do Mercado.

A carne barrosã ganhou um novo menu focado em si, na Taverna do Mercado. (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

Os pratos em loiça com imagens da pisa da uva, as centenas rolhas que forram o balcão – assinadas depois por quem aqui come -, as garrafas vazias que servem como candeeiros e a pequena loja com garrafeira à entrada já deixam claro que esta é uma casa com forte ligação vínica. No ano passado, os irmãos Paulo e Francisco Gonçalves abriram esta Taverna do Mercado, no centro de Montalegre, onde juntam petiscos, a carne barrosã local e os vinhos que produzem há meia década na FG Wines.

O arroz de grelos do chef João Guimarães.

“Montalegre não é, por tradição, uma terra de vinhos, nós quisemos arrojar”, explica Paulo. Os vinhos Mont’alegre nascem de vinhas nas zonas de Chaves, Macedo de Cavaleiros e Mogadouro, mas estagiam em Montalegre. A estas juntou-se a vinha que criaram a 1070 metros de altitude nesta vila, tornando-se a vinha mais alta de Portugal. Esta característica traz aos vinhos “aromas florais” e dá-lhes “elegância e densidade”. “Cada vez mais as pessoas procuram vinhos e experiências novas”, diz Francisco, enólogo da marca com oito referências e uma produção de 100 mil garrafas ao ano.

 

Paulo e Francisco Gonçalves: irmãos, produtores dos vinhos Mont’alegre e donos deste restaurante.

A Taverna do Mercado chegou no ano passado para reforçar a oferta de Montalegre.

Na cozinha do chef bracarense João Guimarães, os vinhos harmonizam-se com petiscos como tábuas de enchidos caseiros como a chouriça e a alheira, pataniscas, moelas e pica-pau, mas também francesinhas, polvo à lagareiro e cozido na tábua. A estes junta-se um novo menu focado só na carne barrosã local e certificada, com costeletas, postas e nacos que se podem acompanhar de um cremoso arroz de grelos. A qualquer hora, cai bem o cibinho, que inclui um copo de vinho que traz no topo um pratinho com um petisco, e o brunch convida a manhãs sem pressas. Mesmo a tempo do regresso da ampla esplanada onde cabem 80 comensais. Antes de sair, não se esqueça de passar pela zona de loja, onde são vendidos os vinhos da casa, além de produtos regionais como mel biológico, chás, compotas e chocolates.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 


Seis décadas de tradição à mesa

Num caso de sucesso e longevidade no centro da vila do Gerês, o Restaurante Lurdes Capela mantém casa cheia há mais de 60 anos, somando três gerações da mesma família. À tradicional posta barrosã e ao pedaço, o bife panado criado do Gerês, juntam-se vinhos e cervejas próprios.

A posta barrosã com broa frita, legumes, batata a murro e tomate grelhado. (Fotos: Rui Manuel Fonseca/GI)

Pelas ruas ainda muito pouco movimentadas da vila do Gerês, as pessoas que se vão juntando à entrada do Restaurante Lurdes Capela, perto da hora do almoço, só podem ser um bom indício de uma cozinha saborosa e de clientela fixa. Lá dentro, a casa cheia a um ritmo diário e constante comprovam isso mesmo e mostram o resultado do trabalho de João Capela, que lidera esta casa familiar com mais de seis décadas. O percurso começou primeiro com os seus avós e depois pela mãe Lurdes, que deu nome ao espaço. João passou a tomar as rédeas em 2004. “Nunca me esqueço do ano por causa do Euro”, ri-se.

À mesa chega primeiro o pedaço, um prato típico da vila que consiste num bife panado e acompanhado de chalotas locais, batatinha a murro, migas de broa de milho e couve e ainda uns toques de mel do Gerês. Mas é a carne barrosã vinda de produtores de confiança que mais brilham na carta. É o caso do naco de vitela grelhado com Queijo da Serra por cima. “A carne é tão boa que só lhe metemos um pouco de sal, não leva mais nada”, explica o dono. O mesmo acontece com as espetadas de vitela em pau de louro ou com a posta barrosã, presente na casa desde o seu início e acompanhada de legumes, batatinha a murro, tomates grelhados e broa frita. “Diria que oito em dez pessoas pede a posta. É um clássico”, adianta João Capela, que ao fim de semana também tem cabrito no forno, sob encomenda prévia.

O Pedaço é um clássico da vila do Gerês, um bife panado com broa de milho, migas de broa e couves e batatinha.

João Capela é o dono deste restaurante familiar.

E se a tenra carne é a cabeça-de-cartaz desta cozinha, também há pratos com bacalhau para todos os gostos (à lagareiro, com broa ou à Lurdes, este último “à moda de Braga, com cebolada”) e polvo. Todos confecionados pela mão da mesma cozinheira, “que está na casa há 25 anos”, ressalva o proprietário. Em alternativa, há opções vegetarianas como hambúrgueres e lasanhas, ou não tivesse sido este um dos primeiros restaurantes do Gerês a incluir na carta pratos desta dieta.

O restaurante é um clássico na vila do Gerês.

Na garrafeira que ocupa uma das laterais desta casa, avistam-se vinhos de todos os pontos do país. Entre as cerca de centena e meia de referências, o destaque vai para os verdes, claro está, onde se insere o verde branco da casa, bem fresquinho, numa parceria com um produtor da vizinha Amares. Além do seu vinho, João Capela também tem a sua própria cerveja artesanal no restaurante. É feita em Braga, trata-se de uma Ale, e leva na composição o mel do Gerês e água termal desta vila.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 


A casa que cria filas de espera na aldeia

No último verão, todos os dias se formavam filas de espera para provar as doses generosas de bacalhau no forno e da posta barrosã grelhada no Restaurante Fojo dos Lobos, na aldeia de Fafião. A vista das janelas para a Serra do Gerês é um bónus.

Maria de Fátima Fernandes lidera esta casa conceituada na aldeia de Fafião. (Fotos: Rui Manuel Fonseca/GI)

Soma quatro décadas ligadas à restauração, sempre na aldeia onde nasceu. O espaço onde estava antes tornou-se pequeno para a procura, o que levou Maria de Fátima Fernandes a abrir, há oito anos, o amplo Restaurante Fojo dos Lobos, batizado segundo as antigas armadilhas para lobos de Fafião, a poucos metros dali. Os vales verdes da Serra do Gerês espreitam entre as janelas, enquanto se provam os pratos tradicionais desta autodidata, em travessas bem servidas.

A carne barrosã está presente na posta grelhada ou na costeleta de vitela, propostas às quais se juntam o borrego no forno, o polvo à lagareiro na brasa, o bacalhau de cebolada, a chanfana ou o bacalhau especial no forno, acompanhado de puré, pimentos e meias-luas de maçã. Nas respetivas épocas, é costume incluir na carta o cozido à portuguesa, sempre com recurso a agricultores e produtores locais, que conhece há largos anos.

A posta barrosã com arroz e legumes, um clássico da casa.

Também se serve borrego assado no restaurante de Fafião.

Antes destes pratos principais, servem-se entradas como chouriça de sangue assada com ananás laminado, caldo verde, queijos com doce de morango ou abóbora, rojões, pastéis de bacalhau e rissóis. O remate final faz-se com uma panóplia de doces caseiros, como tarte flan, tarte de coco, rabanadas de vinho tinto, mousse de lima e aletria. E nem a dieta vegetariana fica descurada, com as feijoadas de legumes, as chamuças e a lasanhas verdes.

O bacalhau no forno com pimentos, maçã e puré de batata.

O resultado está à vista. No verão passado, “o melhor de sempre nesta casa”, conta Maria, havia filas de espera todos os dias, que contornavam o edifício. Um feito ainda mais impressionante se pensarmos que Maria de Fátima conduz sozinha a cozinha. “Gosto deste stress [risos]. Quando abro a porta, já tenho que estar bem organizada e ter tudo orientado”, explica. As zonas de esplanada à volta do restaurante, com vistas para a serra e a natureza, vão regressar em breve. Só no exterior, Maria de Fátima consegue sentar 60 pessoas.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend