Optimista: os amigos sonham, o restaurante nasce (com unicórnio)

Cláudia, Rita, Filipe e José são quatro amigos que quando se juntam e começam a disparar ideias sentem-se capazes de tudo. Inclusive de abrir um restaurante, que foi precisamente o que fizeram no Cais do Sodré, em Lisboa.

Optimista é a condição/estado de espírito associada ao optimismo que, garante-nos o rigoroso Dicionário Priberam da Língua Portuguesa é o “costume ou sistema de achar que tudo é ou resultará o melhor possível” ou por outra a “confiança no porvir”. Ora é precisamente isso que acontece quando Cláudia, Rita, Filipe e José se juntam: gera-se, entre os quatro amigos (e agora sócios), uma enorme confiança no porvir, ou futuro, que deriva da sensação de imbatibilidade que se cria quando estão juntos. Optimismo, no fundo.

“Achamos sempre que não há impossíveis, que vai tudo correr bem”, explica Cláudia, que passou do ramo da alimentação animal (é médica veterinária de formação mas trabalhava na área de pet food) para o da alimentação humana. Rita é a força motriz do projeto, uma designer de interiores que, com o marido Filipe, teve um projeto de supper club itinerante, Os Invaders, antes de se ter dedicado à exploração da cafetaria do centro de arte contemporânea Carpe Diem Arte e Pesquisa. Cafetaria essa cujo conceito ligado à arte, com snacks desenvolvidos em colaboração com alguns dos artistas locais, a tornava num espaço bem mais interessante que a palavra cafetaria deixa antever.

O Optimista é o projeto de quatro amigos no espaço de uma antiga loja de ferragens, no Cais do Sodré. (fotografia: Tiago Pais)

O Optimista nasce também como uma extensão da sala de jantar de Rita e Filipe, que organizam com frequência jantares em casa. Segundo Cláudia, o casal “põe tanta atenção em cada pormenor, que um jantar nunca é só um jantar, é um evento especial”. Foram também Rita e Filipe que chegaram ao espaço que acolhe o restaurante, uma antiga loja de ferragens no piso térreo de um prédio que pertence à Plataforma Revólver, uma associação também ela ligada à arte contemporânea.

A estrutura original da sala, com os arcos em pedra, aproveitou-se na totalidade. Depois, a imaginação fluiu. E tanto assim foi que a frase “devíamos ter um unicórnio no restaurante”, surgida algures numa das reuniões de preparação do projeto, resultou no seu ex-líbris decorativo. Dá pelo nome de Pureza e é uma obra de autoria de João Fernandes, um dos melhores taxidermistas do mundo, tão fiel ao animal mitológico que já houve quem, mesmo sabendo que os unicórnios não existem, tivesse achado que estava perante um exemplar único.

Mas falemos do que se come. Os quatro sócios optaram por contratar dois chefs, André Andrade e Pedro Correia, que tinham trabalhado juntos no Rabo d’Pêxe, sob alçada de Paulo Morais. Não lhes deram, porém, carta branca para definir toda a ementa. “Havia uma série de coisas que sabíamos que queríamos ter, pratos não-negociáveis que são parte daquilo que gostamos de comer”, justifica Cláudia.

A Pureza é a mascote do restaurante. Um unicórnio de autoria de João Fernandes, um taxidermista de méritos reconhecidos. (fotografia: Tiago Pais)

Sabiam, por exemplo, que queriam ter um prato principal de porco assado lentamente, baseado num “cachaço que o José faz que é de cair”, revela a mesma responsável. Os chefs transformaram essa intenção num prato que usa várias partes do animal (entrecosto, bochecha e chispe) e chamaram-lhe Cabeça, Tronco e Membros (16€). Sabiam também que queriam ter pataniscas (6€). Não são de bacalhau, são de polvo e servidas, para já, apenas como entrada. Já os croquetes de rabo de boi, cozinhado durante horas e desfiado em fiapos, sem bechamel, tanto são entrada (6€) como prato principal (13€), neste último caso servidos com salada e arroz carolino malandrinho, outra das exigências do quarteto. Também há criações da dupla de chefs, caso, por exemplo, do ceviche de favas (6€), uma salada que de tão cítrica que é foi batizada com o nome do popular prato peruano.

Pataniscas de polvo com pickle de cebola roxa, uma das entradas da ementa. (fotografia: DR)

Ao almoço há dois menus à escolha, o Realista (12€) e o Optimista (16€), sendo que o mais caro inclui entrada ou sobremesa e a possibilidade de optar por um copo de vinho branco ou tinto. Há, diariamente, três pratos à escolha: de peixe, carne ou vegetariano. Mas o foco dos responsáveis está nos jantares, onde as cerca de 30 pessoas que ali se sentarem podem esperar uma experiência que, garante Cláudia, foi pensada ao detalhe, da iluminação à música que sai das colunas. Sempre sob o olhar atento de Pureza.

 

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