As noites tropicais que só o Algarve tem são um convite a subir até à Casa Velha, o local onde André Jordan começou a escrever, mentalmente, a história da Quinta do Lago. Passaram 50 anos e a dita casa, já restaurante no passado recente, reabriu portas com uma nova oferta, deixando para trás o fine dining. Ao leme da cozinha está o chef José Botelho, 47 anos, também retornado a este lugar, ao cabo de um percurso culinário entre França e Marrocos, Douro e Cascais.
Com uma costela escalabitana do lado do pai e outra francesa do lado da mãe, José aplica as exigentes técnicas nascidas no Héxagono na feitura destes pratos, com os quais muito se identifica. A carta, pouco extensa, ajuda a destacar produtos e receitas regionais, como o queijo de cabra com pão, chutney de figo fermentado e amêndoas, uma das opções de queijos e charcutaria. O pão, de resto, é produzido na casa pelo padeiro e pasteleiro João Jesus, o que traduz bem o compromisso firmado com a qualidade.
É nas saladas em particular que a influência algarvia mais se saboreia, por exemplo, na arjamolho (biqueirão com vinagrete de gaspacho, entre outros) e na tiborna de lula com pão de azeitona. Muitos dos hortícolas chegam frescos da Q Farm, a horta que abastece as despensas dos 14 restaurantes do resort. Já para prazeres a solo, nada como pedir o bitoque de vazia de vitela à portuguesa ou o xerém de camarão picante, talvez um dos maiores embaixadores da gastronomia tradicional algarvia.
Longitude : -8.2245