No Cais do Sodré, o Mar&Nada reabre com a sua cozinha de mar descomplicada

(Fotografia: DR)
Depois de três meses fechado, o Mar&Nada reabre portas e passa a servir também aos almoços. O peixe e marisco fresco do Mercado da Ribeira dita a carta do dia, despretensiosa e livre, para fazer brilhar os protagonistas à mesa.

Tem um passado algo longo dedicado à restauração, do qual se destaca uma década em moradas de José Avillez, casos do Mini Bar e do Bairro do Avillez, e lançou-se no verão passado com o seu próprio projeto, numa das mais movimentadas e ecléticas artérias alfacinhas, a Rua da Boavista. “A ideia surgiu durante uma viagem a Itália, quando passei por uma barraquinha num mercado que vendia peixe cru com marinadas”, explica João Xisto, dono do Mar&Nada.

No espaço do Cais do Sodré, com capacidade para acolher 45 comensais, tanto em mesas como ao balcão com vista privilegiada para a cozinha, o nome não deixa margem para dúvidas: a carta é totalmente apoiada nos produtos do mar, que chegam frescos todas as manhãs, diretos do vizinho Mercado da Ribeira. Além do peixe e marisco, as estrelas do restaurante, há espaço para horta e pomar, e a carne fica de fora da equação.

O prego de sarrajão, um dos best sellers do Mar&Nada. (Fotografias: DR)

Na cozinha de inspiração mediterrânica, o comando é assegurado por Verónica Catarino, chef que já passou por casas lisboetas como a Taberna Albricoque, do chef Bertílio Gomes, e a Taberna do Calhau, de Leopoldo Calhau. “Sempre gostei de trabalhar com peixe e marisco”, explica. Aqui, a qualidade e frescura do que vem do mar assumem prioridade, chegando à mesa com a devida criatividade aplicada, mas sem descurar a identidade e o sabor original do protagonista. “Se o produto é bom, não faz sentido trabalhá-lo muito e perdê-lo na forma como foi confecionado”, conta a chef.

A rotatividade da carta faz-se a ritmo constante, não apenas pelo respeito da época, como pelas espécies que chegam mais frescas ao mercado nesse dia, dando asas a uma cozinha de mar “mais livre, rápida, despretensiosa e de improviso”. “Isso torna tudo mais interessante, tanto para nós como para o cliente. Não estamos sempre a fazer a mesma coisa”, adianta Verónica.

A versão da casa dos ovos rotos, aqui com muxama em vez de presunto.

A reabertura do Mar&Nada, que esteve fechado desde dezembro, coincide com a chegada de um horário mais amplo: aos jantares de antes, fazem-se agora também almoços, com duas cartas novas e distintas para cada um dos casos. Ao jantar, servem-se ostras da ria Formosa ao natural (2€ a unidade); berbigão à Bulhão Pato (8,5€); ovos a BT e muxama (uma versão dos ovos rotos, com a iguaria algarvia a substituir o presunto, 10€); vieiras braseadas com ervilhas tortas salteadas e puré das mesmas, além de gomos de toranja para a devida acidez (16€); raia cozinhada em manteiga com esparregado de algas (14€); moqueca de camarão-tigre e chips de banana-pão (18€); dadinhos de tapioca com mozarela e algas (5€); ou um dos bestsellers da casa, o prego de sarrajão em bolo lêvedo e com maionese fumada (9€). “Estou sempre a aproveitar o produto de agora. É o caso das ervilhas tortas. Mas já começo a pensar nas próximas criações, onde posso começar a usar os espargos, as favas, as beldroegas…”, frisa a chef.

O restaurante situado na Rua da Boavista.

Ao almoço, além de alguns pontos em comum no que toca a petiscos, também se aposta em pratos do dia, sempre diferentes, mantendo a ótica nos preços democráticos. No dia da visita da Evasões, entraram em serviço a feijoada de choco (12€) e a moqueca de corvina (3€), além dos doces da casa, como a pavlova e a rabanada. Além disso, ainda há a happy hour, entre as 17h e as 19h (às sextas e sábados), com preços mais magros nas bebidas e petiscos. E por falar em sede, na carta de vinhos junta-se uma dezena de referências, com algumas biológicas à mistura, e cocktails.

Ao som de uma playlist onde só cabe música portuguesa – tanto a atual como os clássicos das últimas décadas -, come-se num ambiente descontraído com decoração nostálgica e rústica. “A ideia era que esta fosse uma espécie de casa da avó, mas onde vivem os netos”, conta o proprietário. Leia-se mobiliário recuperado em madeira, almofadas rendadas, quadros que retratam o universo do peixe e do marisco, travessas em forma de bacalhau e outras loiças alusivas ao mundo marinho, ou até as redes de pescador na parede junto à entrada.

Mar&Nada. Rua da Boavista, 128, Lisboa. Tel.: 213901824. Web: marenada.com. Das 12h às 15h e das 19h às 23h. Encerra domingo e segunda. Preço médio: 25 euros




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