Anuncia-se apostada nos crus e em sabores mais cítricos, frescos, frutados. Pretende reforçar a sustentabilidade e sazonalidade no que segue para a mesa. Hortas biológicas ganharam espaço no Neya Porto Hotel, que alberga o restaurante Viva Porto. São ideias e gestos para a carta de verão e para a cozinha de Diogo Pimentel, chefe executivo e autor do que se come à mesa nos Neya Hotels em Portugal.
A carta, preparada ao longo de dois meses, é bem concretizada desde o arranque, que pode envolver robalo, manga e toranja. Deles extrai-se algo parecido com ceviche, “com aromas portugueses”. Sashimi de robalo (excelente), uma marinada de toranja, limão e coentros. A tapioca contribui com uma bem-vinda crocância e pretende aludir ao fundo do mar. Para o copo sugere-se Douro, um Casa Amarela rosé de 2022.
Outra entrada, crocante de milho, camarão e banana da Madeira, resulta de “viagens e experiências” do chefe. E resulta: é-se presenteado com um taco em que a banana e o molho de malagueta são peças essenciais. No vinho, com o Adega Mãe Riesling branco, recua-se a 2019.
O robalo regressa para um dos pratos principais, agora com molho de espumante e legumes da época. E que regresso: filete de um exemplar capturado a anzol no mar, carne de veludo e pele crocante, mais um molho com manteiga, natas, espumante e muita redução. O aroma cítrico do Vila Nova Chardonnay Minho 2022 assenta-lhe bem.
Após um limpa palato que desvenda virtudes na combinação de sorvete de tangerina com molho de malagueta, eis a carne: supremo de pintada isto é, galinha-d’angola, que na boca assemelha-se a porco), puré de tupinambo isto é, girassol-batateiro), batata cozinhada na gordura da pintada e espargos braseados, molho espesso e adocicado. A sugestão de vinho vem do Alentejo: Howard’s Folly Sonhador tinto 2018.
A sobremesa é vegan e livre de lactose: pudim de manga gelificado, ganache de coco e chocolate branco, sorvete de manjericão e um sopro de crumble. Sente-se plenamente o sabor da manga. Tão pleno como o Niepoort Moscatel do Douro que o acompanha, remate de uma carta que faz muito com um punhado de elementos e um superavit de criatividade.
Longitude : -8.2245