Após três meses de obras, o Café Bar São Gonçalo – membro da rede de Cafés Históricos de Portugal – reabriu com um novo visual e oferta gastronómica refrescada, sem perder de vista os tempos em que foi ponto de encontro das artes e letras amarantinas. Inaugurado há quase 90 anos na praça central da cidade, junto ao postal formado pela ponte de São Gonçalo e a igreja homónima, foi frequentado por Teixeira de Pascoaes, Mário Cesariny, Maria Eulália Macedo e outras figuras da cultura e política portuguesa do século XX.
Agora sob direção dos irmãos Miguel e João Pedro Antunes, que se aventuraram no mundo da restauração por desafio de Maximino Silva, proprietário do edifício desde 1969, o café cruza o charme desses tempos com uma roupagem mais contemporânea e equipamentos modernizados. Em preparação para a mudança do espaço, a dupla visitou alguns cafés históricos pela Europa: “fomos ver o que os outros estavam a fazer, que nós não fazíamos”, diz João Pedro. O objetivo da reabilitação foi atrair novos públicos, sem descurar os habitués, mantendo o serviço clássico de cafetaria no piso térreo, aberto para a praça através de uma série de arcos, que fazem a fachada do Café Bar São Gonçalo inconfundível. Em frente, abre-se a esplanada Eulália, batizada em homenagem à poeta.
No interior, atualizaram-se as casas de banho e a cozinha, e apostou-se numa decoração em estilo rétro, que mantém viva a história do lugar. Salta à vista uma alcatifa colorida, inspirada numa das pinturas de Amadeo de Souza Cardoso, que se desenrola da escadaria até ao piso superior, em jeito de mezanino.
Ali, a chef Ânia Robim assina uma carta de cozinha de autor, com raiz tradicional, que contempla pratos como como o apaladado arroz de tamboril e lagostim, a vitela em massa filo, com queijo da Serra e alho-francês, ou um pastel de nata desconstruído, a encabeçar a lista de sobremesas. Durante a tarde entra em vigor uma lista de petiscos, que inclui francesinhas, pregos e hambúrgueres. Sobressai ainda a carta de vinhos, com uma centena de referências nacionais e internacionais. E ao domingo, juntam-se à oferta algumas propostas “de travessa, para a família partilhar”, descreve João Pedro, fazendo referência à tradição do espaço, que sempre assumiu as facetas de café, bar e restaurante.
A vertente de bar e polo cultural ganha mais expressão ao fim de semana, com uma seleção de cocktails de autor e uma agenda de eventos – divulgados nas redes sociais -, que arrancou este verão com as São Gonçalo Sessions, animando os finais de tarde com música e conversas, num ambiente de tertúlia, como o que se fez alma deste café histórico.
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