Há 30 anos, Fernando Neves, um poveiro casado com uma vimaranense, achou que faltava na cidade berço uma boa banca de peixe fresco, e aí abriu uma peixaria, a que desde então se dedica a encher todas as manhãs de pescado vindo das lotas da Póvoa de Varzim ou de Viana do Castelo.
Tendo o produto ali à mão, a filha Olga Neves, apreciadora de cozinha nipónica, pensou que seria um passo natural utilizar a matéria-prima de qualidade da peixaria para melhorar a oferta de sushi na cidade. Andou a maturar a ideia durante uns tempos, até se juntar ao intento o primo, André Marinho, que ao fim de dois anos de formações e pesquisa se tornou o sushiman do novo balcão de sushi da Peixaria Neves, aberto no verão passado.
Olga, nutricionista de formação, mas sempre ligada ao negócio dos pais, já tinha desafiado o pai a mudar o visual da loja. “Queríamos associar a peixaria a um espaço bonito”, diz. Mas esta aventura no sushi foi recebida, a princípio, com alguma resistência. “Foi difícil convencê-lo, para ele era um mundo novo, mas agora até prova e critica. E já também convertemos muitos clientes da peixaria,” conta. “Vamos ajudando as pessoas a começar a provar”.
O menu muda consoante o peixe disponível, com que André prepara diariamente uma seleção de temaki, tacos e tártaros, para entradas, e também hossomaki, rolos, nigiri e sashimi, que podem ser combinados em caixas de 12 a 52 peças. Destaca-se, por exemplo, o smoked sake, composto por salmão, kampyo e abacate, e coberto com salmão fumado pelo chef e raspas de lima. Recentemente, foram também introduzidas duas poke bowls, uma de salmão e outra de atum.
A variedade do dia na banca da peixaria também inspira o sushiman a fazer experiências, como os ocasionais nigiri de sardinha ou de lula, e outras propostas que fazem brilhar a cavala, a garoupa ou o robalo. “O objetivo sempre foi valorizar o peixe”, reforça André Marinho, que procura criar sushi sem grandes artifícios, com foco na frescura e na sazonalidade. Um dos produtos mais famosos da Peixaria Neves, a sapateira recheada – disponível por encomenda, e todos os sábados – também é usada, por vezes, num delicioso gunkan. À ementa somam-se ainda algumas opções quentes e vegetarianas e, conforme os produtos disponíveis e o gosto do cliente, André também prepara peças à medida.
Para já, o serviço de sushi está disponível apenas para take-away e por encomenda, mas a ideia de criar um cantinho para que os clientes possam comer no local já está nos planos da dupla. O que faz crer que qualquer dia seja possível sentar à mesa a ver o peixe sair do gelo para o balcão do sushiman e daí para o prato.
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