Crítica de Fernando Melo: O Nobre, em Lisboa

Justa Nobre. (Foto: Orlando Almeida/GI)
Continua a ser um regalo ir ao Nobre almoçar ou jantar, sozinho, em grupo, ou a dois. O treino da impecável brigada de sala articula na perfeição com a energia telúrica que grassa na cozinha, nunca há copos vazios nem desamparados à mesa, e a comida é a mesma que se serve no paraíso.

Desde que conheço a chef Justa Nobre – já lá vão quase 30 anos – que a vejo sempre desinstalada e com os olhos postos no futuro. É a força da natureza que todos conhecemos, espírito combativo e optimista que jamais desarmou perante a adversidade. Juntamente com o marido José Nobre criou uma plataforma exemplar que de resto muitos restauradores seguem de muito perto.

A celebérrima sopa de santola (9,95 euros), cuja carreira creio ter começado no extinto 33 da Alexandre Herculano, em Lisboa, há cerca de 45 anos, o primeiro posto de chef de cozinha de Justa, continua a ser das mais copiadas da cidade. Todos nós já a provámos abundantemente e todos lhe reconhecemos tal bondade que até já a tentámos fazer em casa. É assim a boa cozinha portuguesa, parece sempre fácil mas só pela mão certa se realiza. O patrimonial lombo de robalo à Justa (34,80 euros) pontifica pela extrema elegância e pureza de interpretação e a perdiz à transmontana (22,80 euros) configura o prato de eleição para a estação fria que se instala.

Na carta d’O Nobre cabe produto variado, do bacalhau à lula, sapateira, lagosta, bísaro e pato, entre outros.

Tudo isto com a ressalva de que a sensação dos sabores de sempre não mostra senão que tudo mudou, a começar por nós próprios; é a mão da gigante cozinheira que no-los mostra como se nada tivesse mudado. Comecei pelo fim – as glórias da chef Justa -, mas há outras perdições irresistíveis. A inefável experiência exótica que é o canelone de sapateira com brunesa de manga (9,95 euros), orientalidade que depressa se torna vício; o bacalhau da Noruega confitado em azeite e tomilho fresco (24,80 euros); as lulinhas salteadas em alhinho com camarões e migas de tomate (26,80 euros); e a empada folhada de lagosta (34,80 euros) todos são a um tempo delícia e prémio, espécie de onda marítima fresquíssima.

Se optamos por ficar em terra ficamos muito bem. Exemplares e suculentas as bochechas de bísaro confitadas em especiarias (29,90 euros), o rosbife na frigideira à moda da chef (29,90 euros) é um tratado sempre vencedor e a coxa de pato estufada com cerveja (26,80 euros) é um grande prato cervejeiro que apetece sempre. Secundada na cozinha pelas irmãs Ana Graça e Guida Bernardo, na sala pelo marido José António e cunhado Paulo Graça, está bem firme o brilho da chef Justa Nobre, que faz tudo parecer tão fácil, quando é o mais difícil!

Justa Nobre lidera este restaurante na Avenida Sacadura Cabral, Lisboa.

 

Classificação

O espaço: 4,5/5

O serviço: 4,5/5

A comida: 5/5

 

A refeição ideal

Salada de pimentos (5,95 euros)

Salada de polvo (13,80 euros)

Peixinhos da horta (8,40 euros)

Ovos mexidos com tomate (12,80 euros)

Sopa de santola (9,95 euros)

Lombo de robalo à Justa (34,80 euros)

Folhado de caça brava (22,80 euros)

Farófias (5,65 euros)

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend