Quem se senta à mesa no conforto do restaurante Origens, em Ponte de Lima, nunca sabe bem a que horas vai sair. A carta, nasceu para “honrar o Minho”, os seus produtos e gastronomia, é tão inovadora, diversa e tentadora que prende o cliente durante tempo indeterminado. Apetece (pode-se) provar quase tudo e o conceito do espaço prevê isso mesmo. Por isso, as doses, à partida individuais, são em alguns casos maiores que o habitual para que possam ser partilhadas.
No prato, a comida enche o olho e na boca inebria as pupilas gustativas. A carta divide-se entre cozinha de autor, propostas bistrô e cocktails. À mesa chegam pratos do chef João Luís e bebidas elaborados pelo responsável de bar Rui Mendes.
Comecemos com um aperitivo, o Minhoto, que Rui explica ser “inspirado no clássico americano Manhattan, mas feito à moda do Minho’, e que junta Campari fusionado em eucalipto, vermute de vinho verde (Loureiro) e botânicos da região: laranja de Ermelo, carqueja, urze e funcho. É completado com água com gás. Rui sugere ainda como alternativa mais doce o Aiquehibisco que, como o nome indica, tem como protagonista o hibisco, infusionado em rum, e mistura de abóbora, alecrim e “um toque” de cacau. Leva uma bolacha de cacau como guarnição.
Enquanto se degusta a bebida, Luís Gomes conta que, quando abriu há um ano, o Origens pretendia “marcar a diferença” numa vila onde impera a gastronomia tradicional. “Trabalhamos e apresentamos os produtos da região de outra maneira. A alguns pratos tradicionais demos-lhe um twist. E a parte de bar trabalhava da mesma forma”, descreve, referindo que foi dessa desejada ligação às raízes locais que nasceu o nome. Pratos e cocktails tinham até nomes alusivos a tradições, vilas e cidades minhotas.
Neste outono, reformularam e abriram a carta a outras influências. “Apesar do nosso conceito não estar agora totalmente fechado no Minho, que é amor e tradição, não o deixamos de parte. Tem tudo a ver com o que gostamos de fazer, de sentir e de demonstrar às pessoas”, afirma João Luís, que sugeriu uma experiência com três itens do novo menu: ovos rotos de entrada, em dose para partilhar; uma Limianazinha, uma espécie de francesinha à moda de Ponte de Lima (bife, cachaço fumado e queijo Limiano, em pão rústico, com ovo e molho Origens); e o bacalhau com todos, porque o tempo é de Natal.
Por falar nisso, Ana Rita Antunes, pasteleira do Origens e “limiana de gema”, também veio à mesa, com uma “falsa rabanada” que dá pelo nome de Pão Perdido. É feita de pão brioche embebido em leite, baunilha e ovo, caramelizada em manteiga e açúcar, e com acabamento de chantilly e caramelo salgado.
Após uma experiência de mais de três horas, Luís Gomes lembrou que o Origens também recebe clientes menos “abertos a experiências diferentes” e que pretendem uma refeição mais económica. Exemplo: Uma Limianazinha acompanhada com um fino custa 15 euros.
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