Casa Lindo | Valbom
Gracinda Lima ainda se lembra quando a pesca da lampreia era feita “em frente a casa”. Na época, antes das barragens, Gramido era lugar de muitos pescadores e a Casa Lindo acompanhou a sua história, até porque conta já com mais de dois séculos de vida. “A nossa casa tem 276 anos na mesma família, eu sou a quinta geração”, refere. Gracinda ficou à frente do restaurante, antes casa de pasto, há 40 anos.
Já há muito conhecido por várias especialidades como o cozido, os filetes de pescada, e os filetes de polvo, nesta época do ano e até meados de abril, o restaurante tem como prato principal a lampreia – depois o sável. E há quem faça muitos quilómetros para comer a dita. “Vem gente de todo o país, do Algarve, de Lisboa… porque a nossa casa é muito conhecida”, diz Gracinda, orgulhosa. E não são apenas os portugueses que apreciam a lampreia. Já há muitos turistas a aderir. “ Na Casa Lindo a lampreia, que há 20 anos vem do rio Minho, aparece na mesa em açorda, como entrada, depois pode ser à bordalesa ou em arroz. A receita é a tradicional e dona Gracinda não entra em pormenores, porque “o segredo é a alma do negócio”.
Casa Nanda | Porto
Nesta casa, a lampreia é servida há 42 anos, tantos quantos tem este espaço tradicional no centro do Porto. José Iglésias, proprietário com a sua mulher Fernanda, sabe bem que por esta altura do ano os clientes habituais da lampreia vão lá parar para comê-la, principalmente à bordalesa, confecionada como sempre foi e vinda do rio Douro. “Somos um restaurante tradicional, por isso a receita também é tradicional. Na lista só se encontra este prato, mas a pedido, podem também fazer arroz de lampreia “no momento”. A maioria dos clientes que vão à lampreia são nacionais, admite José, até porque não é fácil explicar a um turista que bicho é este. “O nosso cliente é o tradicional português que gosta de lampreia. “É muito difícil dizer a um estrangeiro o que é a lampreia, porque no fundo é uma cobra que se alimenta de sangue e de coisas mortas”. O “bicho feio”, como muitos lhe chamam, pode não agradar a todos, mas quem gosta, não deixa passar a época ao lado.
Rogério do Redondo | Porto
São já 30 anos a servir lampreia no Rogério do Redondo. Este restaurante de cozinha tradicional teve, recentemente, um interregno de cerca de três anos. Mas em março do ano passado reabriu com os pratos de sempre, cozido à portuguesa, petinga com arroz de feijão, bacalhau na brasa, vários mariscos, entre muitos outros sabores bem portugueses. E já em 2019 serviram a lampreia, um dos pratos sazonais que de janeiro a abril está disponível diariamente. É servida à bordalesa e em arroz. E na receita não há grandes truques. “O truque é ter boa lampreia, grande, gorda, fêmeas com ovas”, diz o proprietário Rogério de Sá.
O Gaveto | Matosinhos
A lampreia “foi o animal que fez dos meses fracos do inverno os meses mais fortes da casa”. Quem o diz é João Carlos Silva que juntamente com o irmão José Manuel – filhos do fundador Manuel Pinheiro – está à frente deste restaurante matosinhense. O Gaveto é um clássico da cidade e já há mais de 30 anos que ocupa um edifício na zona nobre, onde não faltam restaurantes, principalmente de peixe grelhado. Nesta marisqueira, onde se serve todo o tipo de pescado, os aquários estão repletos de lampreias, principalmente dos rios Minho e Lima. Coisa que até há uns anos não era muito vulgar. «As pessoas não estavam acostumadas a comer lampreia em Matosinhos, agora, vêm de propósito», refere João. Servida à bordalesa e em arroz (este último só por encomenda), estará na carta até finais de março.
Adega de São Nicolau | Porto
Como é habitual, a lampreia volta a estar disponível diariamente neste restaurante na Ribeira do Porto. Tal como nos anos anteriores, vem do rio Minho e chega ao prato servida à bordalesa, acompanhada com arroz branco, tostinhas e grelos. Renata Coelho, à frente da casa desde que o seu pai, o carismático António Coelho faleceu, explica que os cozinheiros que preparam a lampreia aprenderam o ofício com ele: a escalfar e limpar, a fazer a marinada em que fica a descansar e a ganhar aromas de um dia para o outro. “Vinho verde tinto, muita cebola, salsa, louro e um pouco de Porto” são os ingredientes principais. Para comer esta receita de sucesso vêm de longe muitos clientes, principalmente do Sul. Quanto aos turistas que vêm de fora de Portugal, também a comem e gostam, principalmente “se não souberam como é o bicho”, diz Renata. Porque os olhos também comem.
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