Cabeço das Fragas: acima deste só o céu

Restaurante Cabeço das Fragas, em Seia. (Fotografia de Pedro Granadeiro / Global Imagens)
Nos cocurutos da Serra da Estrela, apenso ao parco e sazonal casario comercial a caminho das pistas de ski, instalou-se em boa hora o chef José Augusto Magalhães na magnífica sala gastronómica a que deu o nome de Cabeço das Fragas. Produto, génio culinário e o Mundo aos nossos pés.

Quanto mais reparamos no detalhe, mais gritante é o prodígio. Deslocamo-nos algumas dezenas de quilómetros em qualquer direção e quase tudo muda, vinhos, produtos, estilos e até o que se come. Portugal não cansa nem se acaba, antes nos surpreende a toda a hora, fazendo de nós subitamente intrépidos descobridores. A caminho do ponto mais alto de Portugal continental – a serra da Estrela, como se não bastasse já o deslumbre com a vista, está uma dessas gemas, o Cabeço das Fragas.

Sala toda ela virada para o horizonte sem fim oferecido pela localização única, animado por duas almas igualmente únicas, o chef José Augusto Magalhães e sua mulher Ana Maria Fontes. Pousada de Santa Marinha, em Guimarães, Hotel Infante de Sagres, no Porto e Forte de São João, em Vila do Conde, são marcos biográficos na trajetória do chef Magalhães, a que ninguém dá os 61 anos que tem. Ana Maria, natural de Oliveira do Hospital, influenciou a vinda do casal para o interior, e em 2013 abriram o espaço de luz em que nos encontramos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Instalados à mesa, vem um dos ex-líbris da casa, uns pequeninos e deliciosos folhados (0,80 euros a peça) em três declinações: queijo, morcela com maçã e alheira com amêndoas. Não se consegue parar de petiscar, mas vale a pena, que há pratos de truz. A tiborna de polvo (18 euros) é deliciosa, o polvo trabalhado com o carinho de quem venera o produto nacional. O medalhão de pescada com puré de espinafres (14,80 euros) é o próprio triunfo da simplicidade, que é o mais difícil de conseguir na cozinha.

Nas carnes, o bife com queijo serra da Estrela (16,50 euros) é de antologia e merece bandeira à porta. Brilhantes as costelinhas de borrego com maçã marinada e cebola confitada (18 euros), prato muito amigo do vinho, ótimo para aferir a extraordinária cave de vinhos de que dispomos.

Gosto muito aqui do javali com castanhas (16 euros), pela incrível autenticidade. José Augusto é perfeito na harmonia de cada prato e nesta tem talvez o máximo. Nas doces terminações a oferta é vasta, e é brilhante o crepe de leite-creme crocante (6,50 euros). Quem prefere o epílogo salgado, há sempre bom queijo serra da Estrela (8 euros, duas pessoas). Descemos ainda em graça para donde viemos e sempre a comentar e lembrar o pedaço de céu em que estivemos. l

A refeição ideal

Três folhadinhos de queijo, morcela e maçã e alheira com amêndoas (2,40 euros)

Massada de peixe (30 euros, duas pessoas)

Costelinhas de borrego com maçã marinada e cebola confitada (18 euros)

Crepe de leite-creme crocante (6,50 euros)

Queijo serra da Estrela (8 euros, duas pessoas)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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