Bragança: Festival do Butelo e das Casulas já arrancou

Restaurante Oficina - Porto
No restaurante Oficina, o butelo é servido de forma tradicional. (Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)
Começou ontem, dia 2 de fevereiro, a 5ª edição do Festival do Butelo e das Casulas, onde os protagonistas são um enchido de aparência invulgar e vagens de feijão secas. A chamada «comida de pobre», que é uma riqueza cada vez mais valorizada pelos chefs - em especial, transmontanos de gema como Marco Gomes.

Tem forma assimétrica, cor avermelhada e um nome que ainda deixa muita gente intrigada. Afinal, o butelo, enchido originário de Trás-os-Montes, só agora está a conquistar o país, com a ajuda da divulgação do município de Bragança, que lhe dedica, desde há cinco anos, um festival. Mesmo assim, ainda há muita gente que não faz ideia de que se trata, ou sequer ouviu falar das casulas – isto é, vagens de feijão secas – que o costumam acompanhar.

O butelo não é mais do que os ossinhos do espinhaço e das costelinhas do porco, com alguma carne agarrada, envoltos pela bexiga ou pelo bucho. É um enchido saboroso, feito com as parte menos nobres do animal, que não têm lugar no salpicão ou no chouriço. Tradicionalmente, é servido no Carnaval, com batatas cozidas e as casulas, que eram secas ao sol para se conservarem. Para serem servidas são cozidas durante longos períodos de tempo.

O chef Marco Gomes, do restaurante Oficina (no Porto), confeciona este prato até maio, com reserva antecipada de 48 horas. Demolha as casulas durante um dia inteiro e depois coze-as por mais duas horas. Apesar de ser um processo longo, o chef transmontano admite ser «extremamente fácil» trabalhar com este produto, já que o conhece desde criança. Acrescenta, no entanto, que é essencial, «como profissional e cozinheiro», ter o acesso às tradições, aos produtos agrícolas e aos bons enchidos para preparar o prato corretamente. E confessa ainda ter a sorte de os avós e os pais cozinharem os pratos da terra, quando os vai visitar a Alfândega da Fé.

Todos os que quiserem provar e comprar esta especialidade poderão fazê-lo no festival que decorre de 2 a 4 de fevereiro, em Bragança. E ainda aproveitar a Semana Gastronómica, que dura até dia 13, para experimentar o butelo com casulas num dos 27 restaurantes locais aderentes. Durante os três dias de festival, os visitantes podem contar com um espaço de venda de produtos endógenos e artesanato, assim como atividades para crianças, animação de rua com concertinas e gaiteiros, demonstrações de produção e confeção e entradas gratuitas, no domingo, no Museu Militar, no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e no Museu Ibérico da Máscara e do Traje.

Sem invenções
No Oficina o butelo é servido da maneira tradicional, tal e qual se encontra em Bragança. Pousados numa grande travessa, vêm os pedaços do enchido, as batatas cozidas e os feijões a deslizarem das vagens. No prato, sugere-se regar tudo com azeite transmontano.

Festival do Butelo e das Casulas
De 2 a 4 de fevereiro, das 10h00 às 20h00.
Praça Camões
Entrada livre




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