Aviz: o café da alta burguesia portuense, dos estudantes e dos turistas

O Café Aviz situa-se na Baixa portuense (Fotografia de Igor Martins/GI)
Abriu com a designação pomposa de “salão de chá”. Continua a tê-la, como se confirma no letreiro luminoso da época, mas os tempos mudaram. O Café Aviz, no Porto, está agora mais focado na restauração.

Não havendo certezas quanto à data da abertura, pensa-se que terá nascido em 1947, mais ou menos na época em que mesmo ali ao lado se abria a modernista Rua de Ceuta. O Café Aviz – Salão de Chá começou por atrair a alta burguesia portuense e foi dos primeiros espaços do género frequentado por mulheres sozinhas. “Estávamos no pós-guerra, eram tempo mais difíceis, por isso já não tem aquela exuberância e requinte de decoração dos cafés dos anos 20, como o Majestic”, conta Paulo Almeida, um dos gerentes da sociedade que desde 1998 está à frente deste café histórico.

O que se pode ver hoje não será muito diferente do que era na época, como é o caso do painel de azulejos com a figura do Mestre de Aviz. “Mantivemos tudo como estava.” Numa pequena montra interior, ao lado da escultura Menina de bronze, de António de Azevedo, podem ver-se vários troféus de competições de bilharna cave dez mesas para jogar, que terão cada vez mais procura. “Os outros cafés aqui perto já não têm bilhares. O Estrela d’Ouro fechou e o Ceuta deixou de ter”, conta Paulo Almeida. Além dos clientes habituais para o jogo, também os turistas gostam de passar umas horas no bilhar, “antes de irem para os bares ou mesmo quando os dias estão chuvosos”.

Nos anos 60, o Aviz foi muito frequentado por estudantes, como se pode ver nas placas de pedra nas paredes, além de todo o tipo de pessoas que trabalhavam nos diversos serviços que existiam na Baixa da cidade. “Hoje já não é assim.” E mesmo desde que Paulo tomou conta do espaço, muito mudou. Em finais dos anos 90 e inícios de 2000 poucos turistas havia. Eram os trabalhadores da zona e os estudantes que faziam a casa, até porque não havia praticamente bares por ali. Depois, o turismo tomou conta desta zona do Porto. Mas não é por isso que mudaram a forma de estar. “Queremos preservar os clientes locais, por isso tentamos manter os preços equilibrados.” Os almoços e os jantares são o forte. Além das francesinhas que também deram fama à casa, há cachorros, hambúrgueres e pratos portugueses, como pataniscas ou bacalhau à Braga. Mais recentemente, começaram a servir sandes de carne fumada com molho chimichurri e queijo cheddar. Para inovar na continuidade.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend