Terras de Mogadouro: vinhos ousados do Planalto Mirandês

Cristiano Pires e Rute Gonçalves, do projeto Terras de Mogadouro (Fotografia: DR)
De um local com clima e terroir únicos saem vinhos frescos e complexos. Terras de Mogadouro é um projeto desempoeirado que aproveita as características do Planalto, sem preconceitos.

O Planalto Mirandês foi um dos primeiros locais no atual território português a receber plantação de vinha e produção de vinho. Vários lagares talhados nas rochas, do tempo da ocupação romana ou até anteriores, são disso prova. Quem hoje faz da produção de vinho a sua vida nesta sub-região de Trás-os-Montes, depara-se com condições muito específicas, que permitem elaborar “vinhos diferenciadores”. E é isto que Cristiano Pires e Rute Gonçalves fazem desde que há sete anos começaram o projeto Terras de Mogadouro.

A ligação de ambos a Trás-os-Montes tem raízes. “Venho de uma família de agricultores do Mogadouro. Conheço a terra como as palmas das minhas mãos”, conta o produtor, que recentemente apresentou novas referências num jantar vínico no Mind The Glass, no Porto.

“A minha formação foi sempre a agricultura. E quis investir ali, aproveitar o potencial que a região nos dá. Temos também as vinhas mais antigas do país, com mais ou menos 150/180 anos”, acrescenta. Rute Gonçalves, parceira na vida e no trabalho, tem também origem transmontana. Foi-se embora de Portugal para exercer enfermagem em Inglaterra, mas regressou e dedicou-se ao sonho da enologia. Fez o curso na UTAD e agora, juntamente com Francisco Gonçalves, desenha “vinhos ousados”.

“A nossa região não tem limites para coisas diferentes, porque temos fatores únicos, muita altitude e uma amplitude térmica completamente diferente de outras regiões”, conta Cristiano. Assim se entende uma das apostas mais recentes, um monocasta branco feito com Gewürztraminer, casta da Alsácia e da Alemanha. Aromática e suave, dá-se bem na altitude de 700/800 metros do Planalto. A ousadia de utilizarem castas estrangeiras não vai ficar por aqui. “Temos lá umas brincadeiras prontas para lançar para o ano, como Merlot e Pinot Noir, que são completamente diferentes, porque a região em si permite fazer coisas fora da caixa, vinhos muito elegantes e frescos”.

Depois da surpresa inicial, chegou às mesas o Reserva Branco, feito de Gouveio e Viosinho. Floral e untuoso, fermentou em barricas de carvalho francês, tendo estagiado cinco meses em borras finas. Seguiu-se o Grande Reserva Branco. Um vinho com as mesmas castas, mas de vinhas mais antigas e com dois anos de madeira, que lhe dá cremosidade e “uma acidez trabalhada, sem perder a frescura”. Nos tintos, há um monocasta Touriga Nacional, de vinhas plantadas a 500 metros de altitude; e o Grande Reserva Tinto, um blend de Touriga Nacional, Tinta Amarela e Touriga Franca. Um vinho feito para envelhecer bem em garrafa.

Web: facebook.com/terrasdemogadouro




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