Lançado pela primeira vez em 2018, o ACA Fernão Pires, da Adega de Almeirim, é um regresso ao passado, às raízes dessa casta branca que predomina na região. “A ideia foi reavivar o que era a tradição do Fernão Pirão, um vinho estruturado, intenso, sem preocupações de cor”, explica António Ventura, enólogo da Adega de Almeirim. Tradicionalmente, “as uvas eram vindimadas em sobrematuração, que davam vinhos muito amarelos, possantes”, acrescenta.
Neste monovarietal que homenageia a tradição, são usadas uvas provenientes de uma vinha velha da charneca ribatejana, com mais de 30 anos, e implementada em solos pobres e arenosos. Para dar mais complexidade ao vinho, a vindima é feita 10 a 12 dias mais tarde do que o habitual, e na adega faz-se a fermentação em barricas de carvalho francês, e “bâtonnage” sobre borras finas durante 45 dias, “para reforçar a estrutura e dar mais volume de boca”, diz.
O resultado é um vinho de cor citrina e aromas de frutos de polpa branca com notas de flor de laranjeira, que mostra o potencial e versatilidade da casta. Na boca revela “excelente equilíbrio com acidez fina e crepitante, mostrando-se longevo e com notas complexas no final de boca”, segundo as notas de prova. “É um vinho ao mesmo tempo estruturado, tem corpo e volume, mas de perfil intenso do ponto de vista aromático”, acrescenta o enólogo da adega, nascida em 1958, no coração do Ribatejo. AC
O prato
Moqueca de gambas
Prato claramente brasileiro, não fora a fortíssima influência angolana que perfila. A gordura de base é o óleo de palma ou azeite de dendém, sinónimos neste e no outro lado do mar e origem do inconfundível sabor deste estufado. A presença de quiabos aprofunda o lado viciante que nos prende. É notável a capacidade de resolução do vinho, simples apenas na aparência. FM
O vinho
A.C.A. Fernão Pires
Grau alcoólico: 13%
Preço: 9 euros
Longitude : -8.2245