Crítica de Fernando Melo: nove jóias para a cave

(Fotografia de André Rolo/GI)
Nove exemplos acima da média. Há quem, no Douro, atinja novos standards ou obtenha um perfil internacional, enquanto outros conferem renovado brilho a Lisboa.

Chegaram vinhos excecionais à redação, que claro que queremos partilhar com os diletos leitores da “Evasões”. Portugal vinícola está em grande forma com o matizado das suas regiões a criar uma cobertura de luxo e talento notável. Os vinhos selecionados estão todos prontos a beber, e a guarda em cave vai afiná-los mais e melhor. É um momento muito feliz para nós, por isso boas provas!

 

# Monte d’Oiro Ex Aequo Lisboa tinto 2017 (13,5%) | José Bento dos Santos
Classificação Evasões: 19
Syrah (75%) e Touriga Nacional (25%). 1200 garrafas. Originalmente concebido conjuntamente com Michel Chapoutier, rapidamente se tornou um vinho-ícone do Monte d’Oiro, que continua a homenagear o solo-rei da casta Syrah no Velho Mundo. Vinho brilhante, taninos muito finos, frescura pronunciada sobre impressões de frutos do bosque e caruma verde. Preço: 65 euros

 

# Serra Mãe Castelão Reserva Setúbal tinto 2018 (13,5%) | Soc. Vin. Palmela
Classificação Evasões: 17,5
100% Castelão. Vinhas velhas. Solos arenosos. Fermentação em lagares de cimento. Estágio 12 meses em barricas de carvalho francês. Estamos a pouca distância do mar, encostados à caprichosa serra da Arrábida, onde o Castelão tem o seu justo trono. Enorme prazer a beber, sustentado sobretudo pela impressão fortemente patrimonial de um clássico bem português. Preço: 10 euros

 

# 70/30 Beira Interior branco 2020 (12,5%) | Martin Boutique Wines
Classificação Evasões: 18
Síria e Fernão Pires de Pinhel (30%), Arinto e Síria de Cova da Beira (70%). 4690 garrafas. Vinhas 45 e 60 anos. Afirmação definitiva de Pedro Martin no difícil patamar de criador de vinhos. Genial na procura de perfis diferentes e originais, é o único branco da nossa seleção, fortemente identitário da prodigiosa região da Beira Interior, que juntamente com a enóloga Patrícia Santos tão bem explora. Preço: 17 euros

 

# Quinta do Vesúvio Douro tinto 2020 (14,5%) | Symington
Classificação Evasões: 17,5
Touriga Nacional (75%), Touriga Franca (22%) e Tinta Amarela (3%). Uvas das vinhas da quinta, cotas entre 110 e 450 metros. Estágio de 16 meses em barricas de carvalho francês de 400l e 225l (80% madeira nova e 20% madeira neutra). Produzido num ano repleto de desafios e complexidades, merece culinária requintada, mas dois ou três anos de guarda em cave vão colocá-lo no seu zénite. Preço: 58 euros

 

# Herdade do Peso Parcelas P21 Alentejo tinto 2018 (14,5%) | Sogrape
Classificação Evasões: 17,5
100% Alicante Bouschet. Uvas da parcela 21 dos vinhedos que compõem a propriedade. Expressividade da casta estreme que compõe este grande vinho, notas copiosas de fruta escura cozida, a que se juntam impressões balsâmicas de resina e folha de eucalipto. Vinho tão surpreendente quanto desejado. O Alentejo precisa e merece! Preço: 50 euros

 

# Lagoalva Dona Isabel Juliana Tejo tinto 2018 (14%) | Quinta da Lagoalva
Classificação Evasões: 17,5
Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Tannat, Syrah. Tem vindo a fazer uma carreira muito discreta mas firme, afirmando-se como vinho de lote emblemático da quinta. Muito equilíbrio e unicidade em todos os momentos da prova. Os varietais dominam a frente da casa mas há que não deixar de provar este grande valor, apto para a mesa mais sofisticada da tradição nacional. Preço: 27 euros

 

# Chryseia 2020 tinto Douro (14,5%) | Prats & Symington
Classificação Evasões: 18,5
Touriga Nacional (70%) e Tinta Roriz (30%). Uvas da Quinta de Roriz e da Quinta da Perdiz, propriedades da Prats & Symington, e ainda da vizinha Quinta da Vila Velha, propriedade particular de Rupert Symington. Estágio de 15 meses em barricas de 400l de carvalho francês. Vinho a um tempo expressão duriense e com perfil internacional. Há que esperar um par de anos, mas é já talvez o melhor Chryseia até hoje. Preço: 70 euros

 

# Urtiga Douro tinto 2018 (15,5%) | Ramos Pinto
Classificação Evasões: 19
Vinha velha em terraços pré-filoxéricos com mais de 200 anos, 63 castas autóctones identificadas. Fermentação alcoólica e transformação maloláctica em lagar de granito. Estágio 16 meses, 90% em tonéis de pequena capacidade e 10% em barricas novas de carvalho francês. Dois anos em garrafa. Pura seda na boca, profusão de impressões minerais de grande equilíbrio. Novo standard para o Douro. Preço: 300 euros

 

# Quinta de São Luiz Vinha Rumilã Grande Reserva Douro tinto 2017 (13%) | Sogevinus
Classificação Evasões: 18,5
Vinha com mais de 100 anos na Quinta de São Luiz, mistura de castas, altitude 110 metros. Fermentação alcoólica sem esmagamento dos bagos e 20% de engaço em cascos rotativos de 500 e 600 litros. Transformação malolática em barricas de carvalho francês de 225 litros, onde estagiou 24 meses. Um micro-terroir com pujança e frescura. Preço: 70 euros




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