É época do acasalamento, da brama, em que os machos tentam atrair as fêmeas e afastar os concorrentes através de bramidos. Um som ensurdecedor. Um espetáculo único. Apenas um dos muitos e bons motivos para visitar as Aldeias do Xisto este outono. Se dúvidas houver, segue-se um portfolio de Reinaldo Rodrigues.
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Veados. Diz-se que são tímidos, que é difícil vê-los. É preciso alguma sorte, mas sobretudo paciência, até porque na Serra da Lousã existem cerca de 3 mil. Este grupo deixou-se fotografar, ao final da tarde, perto do Santuário de São João do Deserto.
(Fotografias de Reinaldo Rodrigues/GI)
Talasnal. A Rede das Aldeias do Xisto (aldeiasdoxisto.pt) é composta por 27 aldeias distribuídas por 16 concelhos, bem no centro interior de Portugal, entre Castelo Branco e Coimbra. O Talasnal, no concelho da Lousã, é dos postais mais conhecidos. E não é por acaso. Pela fácil acessibilidade e pela beleza. Não é, contudo, das que tem mais vida.
A caminho da aldeia do Talasnal. De jipe, a pé, de BTT, esta região tem alguma das mais belas estradas e dos mais desafiantes trilhos do país. O Campeonato do Mundo de 2019 de Trail vai decorrer por aqui. O Campeonato da Europa de Downhill também.
Margarida Amaral, fotografada no Penedo dos Corvos, é proprietária do alojamento Mountain Whisper (mountainwhisper.pt), na aldeia do Gondramaz, concelho de Miranda do Corvo. Também ela praticante (e campeã) de BTT, organiza passeios pedestres e de jipe a pedido.
José Cerdeira, artesão, mais de 80 anos de histórias. Corre as principais feiras de artesanato do país. Aqui, fotografado no seu atelier, na aldeia de Casalinho, no município de Góis.
Coriolano, o pastor com nome de personagem de romance de Gabriel Garcia Márquez. Vive na bonita e «longínqua» aldeia de Aigra Velha, no concelho de Góis. Fez-se pastor a tempo inteiro depois da reforma.
Comer por aqui é comer bem. Muito. Chanfana – cabras velhas, cobertas de vinho e cozinhadas em caçoilas – mas não só. Neste caso um arroz arbóreo com cogumelos selvagens, no restaurante Dom Sesnando (dsesnando.com), em Penela. Varanda do Casal, em Casal de São Simão (Figueiró dos Vinhos) e Sabores da Aldeia, na aldeia do Candal, são outras excelentes opções.
Também a nível de alojamento as opções são muitas e, sobretudo, de qualidade. Casas pequenas, bem recuperadas, de charme, mas sem tiques novo-riquistas. Aqui um dos quartos Vale do Ninho (vn-nature.com), em Ferraria de São João. É um hotel bike-friendly.
Vista a partir do Mountain Whisper, no Gondramaz (moutainwhisper.pt). O Cerveira Village (cerdeiravillage.com/pt), na emblemática aldeia de Cerdeira, é outro nome a decorar. Os preços estão longe de ser proibitivos. Começam nos 60 euros por noite.
Mais uma vez José Cerdeira, o homem por detrás da máscara. Máscaras utilizadas no entrudo de Góis. São feitas com sabedoria e cortiça.
Vista a partir do Santuário de São João do Deserto. São muitos os miradouros (oficiais ou improvisados) onde se podem ter vistas totais, panorâmicas. E desenganem-se aqueles que pensam que o cenário é sempre igual ao longo das aldeias.
Uns dizem que primavera é a época ideal para visitar as Aldeias do Xisto; outros defendem com unhas e dentes que não há altura como o final do verão, início do outono, altura em que a vegetação, as serras, as estradas e as casas ganham uma tonalidade própria, amarelada, quase mágica. Qualquer época é boa, na verdade (perdoem-nos o lugar comum), não tivessem sido estas imagens tiradas ainda no inverno, durante o mês de fevereiro. Seja quando for, poucos meses terão o encanto de setembro, outubro e novembro, quando à beleza da região se junta a música dos veados. É época do acasalamento, da brama, em que os machos tentam atrair as fêmeas e afastar os concorrentes através de bramidos. Um som ensurdecedor. Um espetáculo único.