Roteiro pelo Algarve no inverno

A Ria de Alvor é o mais importante sistema estuarino do barlavento algarvio. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI).
Não há inverno que dure tão pouco como no sul do país. Até março, os dias são amenos e húmidos, raramente abaixo dos 15 graus. O sol é quase constante, aquece a alma de quem lá vive e ilumina o caminho a quem se predispõe a descobrir a gastronomia eclética, o artesanato autêntico e a cultura valiosa. De Lagos a Faro, esquecendo por momentos os postais turísticos de verão e desfrutando do privilégio de ter espaço para andar, há um cativante Algarve.

De Lagos a Porches, há novos lugares para comer, comprar e dormir neste inverno

Lagos, cidade associada aos Descobrimentos, soma cada vez mais novidades, com destaque para a gastronomia à base dos produtos locais e com selo Michelin. E em Porches (Lagoa) há um novo resort que recebe bem todo o ano.

Eternamente ligada à epopeia da expansão marítima portuguesa – berço de Gil Eanes, o herói do Cabo Bojador, e porto de saída das caravelas do Infante D. Henrique -, Lagos transporta sempre os visitantes para espaços e tempos de descoberta. Nestes soalheiros dias de inverno, consegue-se percorrer as ruas sem multidão, apreciar mais calmamente as casas brancas, as curiosas chaminés e ouvir o grasnar das gaivotas. Sentir o pulsar da vida no centro.

“Em Lagos há uma dinâmica diferente da de outras localidades do Algarve, porque existe uma grande população estrangeira residente e muitos nómadas digitais com poder de compra e que gostam de descobrir conceitos novos”, opina Maria Lemos, empenhada neste desenvolvimento turístico. Lisboeta de nascença, passou também por Macau e pelos Estados Unidos antes de assentar em Lagos há mais de uma década com a sua empresa de turismo gastronómico Eat. Drink. Discover.

“Trabalhei com o Turismo de Portugal no desenvolvimento de projetos de turismo sustentável e também já organizei eventos gastronómicos no Algarve”, continua. No verão passado, enquanto passava com um grupo de turistas no centro histórico, deparou-se com o espaço de “um antigo restaurante holandês” para arrendar, falou com o proprietário e decidiu abrir o restaurante TRAVIA. O termo significa, entre outras coisas, “desorientar-se”, mas batiza um projeto rumo a bom porto.

O restaurante Travia é uma das novidades que vale a pena conhecer em Lagos. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI).

Neste que “é um dos mais antigos edifícios do centro histórico” de Lagos e onde funcionou a Casa Havaneza Republicana – livraria/cervejaria palco de debates e tertúlias – encontra-se hoje um espaço sóbrio e moderno, com uma cozinha de produto local, sazonal e “biológico sempre que possível”. Rafael, de 25 anos, é um talentoso cozinheiro e a carta renova-se a cada três semanas. Ostras da ria de Alvor e cogumelo ostra com couve-flor assada são algumas das opções.

Cogumelo ostra com couve-flor assada é um dos pratos da carta. Fotografia de Leonardo Negrão/GI).

Casando os produtos algarvios com sabores do Médio Oriente, a carta propõe também cavala fumada com tabouleh (salada de bulgur, pepino, limão, coentros, salsa e menta); cenoura com labneh (iogurte escorrido) e pistachio; beringela e dukkah (mistura de frutos secos libanesa) e bochecha de porco com rábano picante, beterraba, halloumi e bulgur, por exemplo. Do bar saem apenas vinhos naturais e orgânicos, alguns deles “fora da caixa” e disponíveis a copo.

Continuando a (re)descoberta do centro a pé, vale a pena passar pela estreita rua António Barbosa Viana, hoje mais dinâmica graças à fixação de vários restaurantes. Foi ali também que a ceramista Helena Correia e o ex-jornalista Nuno Couto apostaram na abertura da TAMAR, cumprindo o sonho de terem uma loja própria. Mas mais do que isso, esta é uma montra de quem se dedica ao artesanato, arte e moda com criatividade e bom gosto, do Algarve aos Açores.

Mantas e peças de roupa feitas com lã, algodão e burel; malas de junco; colares, anéis e acessórios; cerâmica e porcelanas de diferentes técnicas e materiais; presépios; esculturas e objetos decorativos como peixes construídos com materiais reciclados misturam-se num colorido mosaico. A parede mais bonita da loja é uma estante de madeira com esculturas, mas também há um premiado elefante gigante feito com arame de galinheiro e cavalos restaurados, para decorar a casa.

A Tamar vende peças de artesanato, moda e arte. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)


+ Visitar o renovado Museu de Lagos

Originário, literalmente, de pequenas lagoas ricas em pescado e bivalves que favoreceram a fixação de fenícios, gregos e cartagineses, o território de Lagos foi disputado também por romanos, mouros e portugueses até passar para a Coroa em 1249, no reinado de D. Afonso III. A sua história, que se funde com a do próprio Algarve, é narrada no Museu de Lagos Dr. José Formosinho (reconhecido arqueólogo), reaberto ao público após quatro anos de obras. Além do novo aspeto físico foi criada uma exposição de longa duração, complementar à do espólio já dedicado à arqueologia, arte sacra, história do concelho, etnografia algarvia, pintura, numismática, mineralogia e etnografia ultramarina. A Igreja de Santo António, considerada uma “joia da talha dourada barroca”, também integra o museu, cuja visita pode ser um bom programa a dois ou em família, em dias menos soalheiros.


+ Marcar mesa no novo Michelin Al Sud

Esta pode ser uma boa altura para reservar mesa no Al Sud, um dos cinco novos restaurantes portugueses vencedores de uma estrela no Guia Michelin 2022. Instalado no resort Palmares Ocean Living & Golf, com vista para a baía de Lagos e o estuário de Alvor, o restaurante do chef Louis Anjos (ex-Bon Bon) só tem 24 lugares e afirma-se como um espaço “elegante e intimista”. A cozinha de Louis Anjos assenta nos produtos locais, como o peixe e marisco da costa e a carne e os legumes da serra. Segundo a página online do Al Sud, o espaço “encontra-se encerrado com data de reabertura prevista para fevereiro”.


Lagoa

PORCHES A Amazing Evolution abriu o White Shell Beach Villas em julho, preparado para funcionar durante todo o ano. No inverno, troca-se a praia pela piscina aquecida.

Nos dias em que a temperatura do ar pode não convidar a mergulhar na piscina exterior do WHITE SHELL, a piscina interior faz jus ao nome deste eco-resort em Porches, acolhendo os hóspedes numa espécie de concha (shell) envidraçada e aquecida. Em matéria de bem-estar, o edifício está também equipado com hidromassagem, banho turco, sala de fitness e duas salas de massagens, para que nada falte aos hóspedes, seja inverno ou outra estação.

As 55 villas de tipologias T1 a T3 distribuem-se em redor da piscina, rodeadas de limoeiros, alfarrobeiras, oliveiras, romãzeiras e um arranjo paisagístico amigo do meio-ambiente. Todas têm apartamentos totalmente equipados: cozinha com eletrodomésticos Smeg, televisão na sala, internet sem-fios, ar-condicionado, amenidades pessoais de casa-de banho e uma decoração minimalista com detalhes de cor da artista Anna Westerlund.

Quem quiser exercitar-se na natureza pode pedalar e caminhar num trilho circular e treinar padel e ténis. No restaurante ao lado da receção são asseguradas todas as refeições, do pequeno-almoço ao jantar, com uma carta criada pelo chef Henrique Sá Pessoa. Entre as propostas há gambas salteadas, bacalhau com puré de grão e tomate confitado, magret de pato com puré de aipo, salada de agrião, beterraba e molho bernaise e várias sobremesas.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

Um passeio pela ria de Alvor, entre dunas e barcos de pesca

Caminhar pelas dunas da ria de Alvor (concelho de Portimão) – e, quem sabe, avistar aves – é uma boa atividade em contacto com a natureza, e especialmente aprazível nos meses amenos do inverno algarvio.

Quem caminhar pelo passadiço da Ria de Alvor e vir pessoas a usar chapéu de abas, t-shirt, calções e óculos de sol, poderia dizer que o verão tinha chegado mais cedo ao Algarve. A verdade é que os termómetros marcam 17 graus Celsius em janeiro e o sol dá uma sensação de maior calor. Não é de estranhar, por isso, que tantas pessoas elejam este passadiço de madeira de 4,7 quilómetros para caminhar, andar de bicicleta, passear com os filhos, dar soltura aos cães ou simplesmente apreciar a paisagem.

A Ria de Alvor é o mais importante sistema estuarino do barlavento algarvio. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI).

Este cenário natural ocupa quase 1700 hectares – cordões dunares, salinas, sapais, campos agrícolas, pomares de sequeiro e matos mediterrânicos – e é o mais importante sistema estuarino do Barlavento Algarvio, acolhendo diversas espécies de flora e habitats prioritários. Ali desaguam as ribeiras de Odiáxere, Arão, Farelo e Torre, que descem das serras de Monchique e Espinhaço de Cão. E a paisagem vai mudando, ora com bancos de lamas e sapais na maré baixa, ora com pequenas ilhas de areia na maré alta.

É, portanto, um excelente local para observar as aves que ali vão alimentar-se do peixe jovem e larvas de crustáceos e moluscos. Até hoje foram registadas cerca de 300 espécies, com destaque para as limícolas como o Pilrito-comum, o Borrelho-de-coleira-interrompida e Tarambola-cinzenta. Segundo o Guia de Observação de Aves do Algarve, todo o ano é ideal para descobrir este habitat, menos no verão. O inverno é ideal para observar o célebre Flamingo-rosado.

Ria de Alvor
Estacionamento do Porto de Pesca


Em Silves, há uma quinta com passeios de burra pela Rota da Laranja

Aprender tudo sobre as caraterísticas das laranjas do sul do país é uma das mais-valias das caminhadas da Quinta de Santo Estêvão, em Silves, em que as crianças podem ir em cima de uma burra. Conheça a Rota da Laranja.

Carlos Garcia dá as boas-vindas à centenária Quinta de Santo Estêvão, a poucos quilómetros da cidade de Silves, com uma ornamentada mesa de sumos de laranja. O centro das atenções, porém, é a burra que acompanhará este passeio e que José Neves aparelha prontamente, com um alforge com o logotipo da Rota da Laranja. “Temos um pónei, cavalos e quatro burras: a Tangerina, a Laranjinha, a Flor de Santo Estêvão e a Pipoquinha. A minha neta é que lhes deu os nomes”, diz Carlos.

Forçados a suspender a experiência por causa dos confinamentos, procuram agora retomá-la em força, aliando-se à marca registada do município de Silves, que se autointitula Capital da Laranja em virtude do histórico que esta produção de citrinos tem no território, desde há centenas de anos. O curso da ribeira do Arade, que brota na Serra do Caldeirão a 90 quilómetros, é o primeiro ponto de interesse e ajuda a explicar a evolução dos sistemas de irrigação dos pomares de laranjeiras.

Adiante, surge um muro de pedra vermelha, o famoso grés de Silves com que foi construído o castelo. “As aberturas que se veem em baixo permitiam que a água escoasse quando todo este vale era um leito de cheias, antes de serem construídas as barragens do Funcho e do Arade”, explica José. Com a dócil burra puxada pela mão (as crianças podem ir em cima dela), o guia vai falando das diferentes variedades deste fruto que pulula nas árvores, ao longo de 10 hectares.

A quinta produz “mais de 50 toneladas de laranjas por ano” (parte delas escoadas para mercados abastecedores de Lisboa), entre clementinas, tangerinas setubalenses, tangerinas Encore e laranjas das variedades Newhall, Navelina, Rhodes, D. João e Baía. Esta última distingue-se por ter um umbigo na parte inferior e por ter sido das primeiras a surgir no Algarve, depois de mercadores terem introduzido a laranja doce na Europa, oriunda da Índia, no século XVI.

No final da caminhada há degustação de pratos com sabores algarvios. (Fotografia de Leonardo Negrão/G)

José Neves não perde o ritmo do passeio, ainda que a burra aproveite cada pausa, inteligentemente, para comer erva fresca. Tempo para explicar porque é que a laranja se dá tão bem no Algarve, responsável por 70% da produção nacional: graças ao inverno ameno e soalheiro e às caraterísticas do solo, que favorecem o seu amadurecimento. O resultado são laranjas de casca espessa e brilhante, sumarentas e doces, com picos de produção entre dezembro e janeiro e no verão.

De regresso à quinta, é tempo de reunir os participantes em torno de uma mesa de petiscos confecionados por José Neves – ele que, além de ter nascido na quinta, trabalhou mais de 20 anos em departamentos hoteleiros de comidas e bebidas. Tudo com os mais nobres produtos do Algarve: peixinhos da horta; figo seco com queijo de cabra; queijo fresco de ovelha com diospiro; polvo de Santa Luzia frito; e torta de laranja com batata-doce de Aljezur. Para brindar, vinhos da Paxá Wines.

O percurso acompanha, em parte, o curso do rio Arade. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)


Outras rotas e atividades
Além da Rota da Laranja (entre novembro e final de maio), a Quinta de Santo Estêvão também organiza as rotas do morango (entre março e maio) e das frutas, legumes e aromáticas (entre maio e julho), numa horta biológica própria. Entre as atividades disponíveis há também passeios de charrete para crianças e famílias (com bebida de boas-vindas e prova de produtos regionais), passeios românticos com piquenique e caminhadas pelo Arade, assim como a realização de aniversários.

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Passeio pelo Algarvensis, candidato a geoparque que remonta há milhões de anos

A descoberta de uma salamandra pré-histórica lança o convite à visita do Algarvensis, o candidato a geoparque da UNESCO que ocupa um vasto território entre Loulé, Silves e Albufeira, no Algarve.

No período Triásico, há 227 milhões de anos, a atual Rocha da Pena, perto da aldeia de Penina (Loulé) entre a serra e o barrocal, era uma zona de rios e lagos, habitat do anfíbio pré-histórico Metoposaurus algarvensis. “Esta espécie de salamandra gigante com mais de dois metros só foi descrita, até ao momento, nesta região do mundo e publicada num artigo científico pelo paleontólogo Octávio Mateus em 2010”, explica Cristina Veiga-Pires, diretora científica do Algarvensis.

O Pico Alto, com esta vida panorâmica, é um dos pontos de interesse do Algarvensis, candidato a geoparque. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI).

Descoberto numa das vertentes da Rocha da Pena (e cujos ossos de crânio e mandíbula estão expostos no Museu Municipal de Loulé), o fóssil deu o nome ao Algarvensis, um aspirante a geoparque da UNESCO. “Este território reúne o legado de uma história geológica que conta o nascimento de cadeias montanhosas e mares antigos, e se estende desde muito antes de os continentes terem a sua configuração atual, ou mesmo de os dinossauros existirem, até aos dias de hoje”.

Este recuo de milhões de anos convida a descobrir pontos de interesse geológico e ricos em biodiversidade que ocupam um terço do Algarve. No observatório do Pico Alto, em S. Bartolomeu de Messines (um dos 10 geossítios estudados) pode-se observar o vale da falha tectónica de São Marcos – Quarteira, sobre o qual foi construída a A2. Já no Planalto do Escarpão, com um percurso já dotado de sinalética, observam-se vestígios de ambientes marinhos e litorais.

Outra ideia é conhecer o Castelo de Paderne, que além de ser considerado um paradigma da arquitetura militar de taipa do período islâmico ilustra bem uma das outras áreas abrangidas pelo Algarvensis. O objetivo do aspirante a geoparque da UNESCO, em que participa a Universidade do Algarve, é valorizar também o património arqueológico, natural, gastronómico, cultural e social dos municípios de Loulé, Silves e Albufeira, numa lógica de turismo sustentável.

Aspirante a Geoparque Algarvensis
Loulé, Silves e Albufeira


Do spa ao restaurante Emo, há novidades no luxuoso Anantara Vilamoura

O Anantara Vilamoura Algarve Resort, a 20 minutos de carro da marina, tem novidades inspiradas no Algarve, do spa ao restaurante, para conhecer enquanto o verão não chega. Uma delas é a renovada suíte presidencial.

Fruta da época, a laranja algarvia não está só presente nos pomares: é também um dos ingredientes do novo tratamento de assinatura do spa do ANANTARA VILAMOURA ALGARVE RESORT. Esta “Viagem ao Algarve” contempla um lava-pés como ritual de boas-vindas, seguida de uma esfoliação de corpo inteiro com um composto à base de sal da Ria Formosa, laranja, limão, óleo de amêndoas doces e azeite. Depois de o cliente tomar um duche breve no gabinete, inicia-se a massagem de corpo inteiro com óleo de amêndoas doces.

O Anantara Vilamoura Algarve Resort está repleto de novidades para conhecer. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

Em matéria de novidades há também a “Viagem a Sião”, finalizada com um banho de vapor aromático, assim como outros tratamentos corporais e faciais com produtos das marcas Talco e Biologique Recherche. À saída, os clientes podem prolongar o bem-estar na sauna, banho turco e na piscina de vitalidade (e há também ginásio e um centro de fitness). Mas vale a pena dar enfoque à relação que este Anantara (o primeiro da Europa, aberto há quatro anos) celebra com a região onde está implementado.

O quarto da suíte presidencial. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

O hotel renovou a decoração da suíte presidencial, equipada com um terraço com jacuzzi e espaço de refeições privado, sob o céu algarvio.

Do tinir dos ferrinhos (instrumento típico do folclore algarvio) no átrio do hotel às fibras naturais escolhidas para as paredes dos 280 quartos e suítes, passando pelo mobiliário a lembrar as armadilhas de caça ao polvo, os símbolos do Algarve estão em harmonia com a identidade asiática da marca. Aprender artes e ofícios em workshops também pode ficar por conta do resort, que organiza ainda a Spice Spoons, meio-dia passado com o chef entre as bancas de peixe do mercado de Loulé e o hotel, para os hóspedes cozinharem uma cataplana.

No restaurante Emo – três vezes premiado pela Wine Spectator face à “oferta vínica de excelência a nível mundial” – Bruno Viegas assina uma cozinha portuguesa contemporânea digna de nota. Trabalhando com os produtos locais e sazonais, propõe para este inverno pratos como cavala em cura de sal e açúcar com folhas de arroz, cenoura e dashi de cebola e poejo; cherne com arroz de bivalves e óleo de coentros e uma sobremesa com mousse, gelatina e bolo de laranja, entre muitos outros. As harmonizações cabem ao exímio serviço de vinhos.

Descubra aqui o roteiro da Evasões por Vilamoura.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

De tuk-tuk por Faro entre museus, cozinha de autor e um hotel novo

Passeios de tuk-tuk todo o ano, novos e ecléticos restaurantes e património preservado é o que se encontra no dinamismo constante da cidade de Faro, a capital do Algarve.

Sofia Cavaco roda a chave do seu tuk-tuk de seis lugares e o motor quase nem se ouve. “Como é elétrico não polui nem é ruidoso, e mesmo quando chove podemos trabalhar, porque colocamos uma cobertura”, explica. Quando fundou a FAR ECO-TUK com o marido, há seis anos, não havia nenhuma empresa deste género. Com o Jardim Manuel Bívar nas costas, a primeira paragem deste mini-tour pela zona histórica e centro da cidade é na entrada do Arco da Vila, na muralha, um dos mais nobres exemplares neoclássicos no Algarve.

(Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

A porta portuguesa contrasta com a Porta Árabe, um arco em ferradura que era no século XI a entrada na cidade muçulmana de Santa Maria Ibn Harun (Ossonoba desde os fenícios). Depois da conquista do Algarve por D. Afonso III, os portugueses batizaram a cidade como Santa Maria de Faaron, o que terá dado origem a Faro. A cronologia histórica avança à velocidade com que o tuk-tuk percorre as ruas estreitas e empedradas até ao Largo da Sé, morada da Catedral de Faro e do Paço Episcopal, onde o bispo reside ainda hoje.

Guiando os passageiros para fora da cidade velha, Sofia mostra ainda os vestígios das muralhas seiscentistas e outros pontos de interesse arquitetónico e cultural, antes de terminar o percurso. A quatro minutos a pé dali, numa travessa com arte urbana, pode-se recarregar baterias no LOS LOCOS, o restaurante da chef Josefina Cardeza, natural de Buenos Aires, e do marido e filho da terra Duarte Lagoas, design de animação e fotógrafo. O espaço tem apenas uns “orgulhosos 47 metros quadrados”, mas não lhe falta o essencial, nem brunch ao fim de semana.

Na pequeníssima cozinha, Josefina compõe pratos com produtos sazonais, esteticamente simples mas muito saborosos, e não hesita ao recomendar bons vinhos. A carta muda frequentemente e inclui petiscos como beterraba com cogumelos e requeijão, bolinhas de queijo azedo com creme de café e amêndoas e gyosas de farinheira com molho de malagueta. Nos principais há por estes dias carabineiro grelhado com açorda de sapateira e molho agridoce e, para sobremesa, uma leve criação com gelado de chocolate branco e couve-roxa.

Carabineiro grelhado com açorda de sapateira e molho agridoce. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

Faro está a tornar-se, de forma inegável, um destino cada vez mais interessante para quem gosta de comer bem. Outro dos exemplos é o novo EVA MARKET E STEAKHOUSE, com entrada independente pelo piso térreo do hotel AP Eva Senses, junto à marina. Além de cortes como entrecôte e filet mignon, o chef Tiago Santos utiliza o forno Josper para cozinhar carne de porco a baixa temperatura, que é servida numa deliciosa sandes de pão tostado com batatas fritas e maionese doce. Esta é a aposta para o horário do lanche, das 16h às 19h.

Diferente é o apelo do restaurante HÁBITO, no piso superior do hotel 3HB, na Baixa. Residente em Sta. Luzia de Tavira, a capital do polvo, o chef Adérito Almeida faz questão de utilizar o máximo de produtos da Ria Formosa na conceção da carta, cuja base é tradicional mas com “acentuada atenção ao detalhe” no empratamento. Assim se explicam o ceviche de ostras, a muxama de atum com requeijão de São Brás, pólen de abelha e figos, o polvo em tempura com arroz de coentros e grelos e as originais sobremesas que são autênticos tratados de gastronomia e cultura local.

Antes ou depois do jantar, vale a pena subir ao mais alto terraço do hotel para admirar o casario, a marina e a ria, na companhia de uma moderna lareira de chão. Mais acolhedores ainda são os 104 quartos e suítes de várias tipologias deste que é o primeiro e único cinco estrelas da cidade. De inverno, pode-se trocar a piscina de rebordo infinito pela interior com hidromassagem, jatos de água, sauna, banho turco e duches de contraste; manter a forma física no ginásio; reservar mesa no italiano Forno Nero (no piso térreo); ou simplesmente aproveitar para ler e descansar.

Um dos quartos do hotel 3HB Faro. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)


+ Os novos tesouros nacionais

Depois de o mosaico romano do Deus Oceano, descoberto na antiga vila de Milreu (Estoi), ter sido classificado como tesouro nacional há três anos, foi a vez de os bustos de Adriano e Agripina receberem o mesmo estatuto, em 2021, constituindo um novo motivo de visita ao Museu Municipal de Faro. Esta classificação atesta “a importância e raridade destas peças no contexto arqueológico local”, explicou o município em comunicado. Mas há muito mais para ver.

Além dos artefactos romanos que remontam ao tempo em que Faro era Ossonoba, existe uma secção dedicada aos vestígios islâmicos e o seu legado cultural, assim como outras salas com coleções de brasões e pinturas de importantes artistas nacionais e internacionais dos séculos XVI e XIX. O facto de o museu funcionar dentro do antigo convento feminino de Nossa Senhora da Assunção, com os claustros visitáveis, torna também a visita um bom programa de inverno.


+ Comida asiática do chef Rui Sequeira

Dumplings, baos, gyosas, pad thai e nasi goreng. Os farenses estão cada vez mais familiarizados com os nomes e o sabor destas especialidades asiáticas desde que o chef Rui Sequeira abriu o Monky, numa zona residencial fora do centro da cidade. Depois do Alameda, o jovem farense de 29 anos viu-se “forçado” a dar um espaço físico a este conceito de take-away e delivery, que virou sucesso no confinamento. A decoração foi feita pelo próprio, com elementos vindos do Japão e um grande macaco pintado numa das paredes.

Mas o país do sol nascente é apenas um dos que têm a sua gastronomia honrada no Monky. A carta também viaja pela Tailândia, Indonésia, Índia e Sri Lanka para levar para a mesa tentações como o couvert (pão nan, papadam, hóstias de camarão e sweet chilli) e delícias como tártaro de atum com picante, manga e pani puri, gyosas de porco e vegetais e bao de camarão crocante com cebolete. No capítulo dos pad thai e caris há múltiplas opções, mas vale a pena deixar espaço para a pannacotta de lichias com granizado de goiaba. Os mais afoitos podem arriscar pedir o cocktail Amagi Wasabi (vodka, wasabi e matcha), que é de muito difícil arrependimento. Em alternativa há cervejas e vinho.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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