Rosmaninho, a mais alegre das alfazemas

Fotografia: DR
Da família das alfazemas, destaca-se o alegre rosmaninho, uma planta espontânea em Portugal, que podemos colher no monte ou cultivar facilmente num lugar soalheiro da varanda, sem precisar de rega. E usar para condimentar os assados e os doces.

Comecemos por usar as palavras certas e deixar de chamar lavandas às alfazemas, porque é este o autêntico nome português desta família de plantas (apesar da sua nomenclatura científica ser Lavandulas). Vamos também deixar de chamar rosmaninho ao alecrim, superando outra confusão causada pelo nome científico. É que ser o alecrim designado por Rosmarinus officinalis – e ser “romero” em espanhol, “romarin” em francês e”rosmarino” em italiano – causa frequentes erros de tradução, adverte o agrónomo Luís Alves.

O rosmaninho (Lavandula stoechas) é uma das várias espécies e variedades de alfazemas espontâneas no nosso território. Planta alegre e garrida, enche de aromas os assados e de tons de roxo o horizonte. Se tem um recanto soalheiro na varanda, ponha lá um vaso de rosmaninho, recomenda Luís Alves. “É a planta que dá menos trabalho a cuidar porque não precisa de rega, dá-se bem perto do mar, em altitude e aguenta condições extremas”, refere. Por essa razão, é uma planta popular nos chamados jardins de baixa manutenção ou “xerojardins”. Se já está a criar uma pequena horta na varanda, ou um jardim de aromáticas ou ainda o seu kit de primeiros socorros botânico, acrescente-lhe uma floreira de rosmaninho para ter o gosto de cultivar uma planta que pertence ao nosso património silvestre.

O que distingue o nosso rosmaninho das alfazemas dos campos do Sul de França é que ele “é um bocadinho como nós, portugueses”, brinca o agrónomo do Cantinho das Aromáticas. “As alfazemas francesas são mais elegantes, mais arrumadinhas. O rosmaninho é mais faroleiro”, refere. O seu penacho “despenteado” distingue-o de outras primas e dá-lhe uma graça singular. Use as flores para aromatizar o açúcar dos bolos e bolachas e temperar o assado.

FACTOS SOBRE AS ALFAZEMAS

Como cultivar, cuidar e colher

Alfazemas portuguesas
Existem inúmeras espécies e variedades de alfazemas, das quais algumas são espontâneas no nosso país, tais como os rosmaninhos, a alfazema de folha recortada e rosmaninho-verde.

Características
Arbusto perene, de folhas cinzentas e persistentes, muito resistente a condições climáticas extremas. A floração ocorre entre o fim da primavera e o verão. A cor das flores é normalmente lilás (ou azulada), podendo ser também branca ou rosa. É excelente como planta ornamental de exterior.

Como cultivar e cuidar
Gosta de solos pobres e bem drenados, com uma boa exposição solar. Plantar em compassos de 50 cm. Vive bem em altitude ou na proximidade do mar. Adapta-se bem em vasos e floreiras, mas o substrato deve ser mudado com regularidade. Cortar a planta regularmente, sobretudo após a floração. Nunca a deixar desprovida de folhas após a poda. Evitar plantar na bordadura dos relvados, porque não suporta a rega por aspersão. Depois de instalada e assim que assume o porte adulto, não necessitará de rega para sobreviver.

Colheita e utilização
Usam-se as flores, frescas e/ou secas. A melhor altura para proceder à colheita coincide com a fase de pré-floração (antes das flores abrirem). Deve cortar-se a flor com o caule com cerca de 10 a 20 cm. A secagem deve ser efetuada em ramos ou em tabuleiros. Deverá prever que algumas da flores se soltam facilmente das espigas. A secagem natural é fácil e as flores ficam normalmente com boa cor. Usar no tempero de assados, em infusões (tem efeito desinfetante) e usar para aromatizar doces e açúcar.

Fotografia: DR

O AGRICULTOR

Luís Alves, portuense, sempre se sentiu atraído pela terra e pela agricultura, optando muito cedo por esse caminho. Foi estudar para a Escola Agrícola Conde de São Bento, em Santo Tirso, e daí para o curso de Engenharia Agrícola da Universidade de Trás-os-Montes. De volta ao Porto, geriu durante seis anos os 18 hectares dos jardins da Fundação de Serralves. Há 18 anos, fundou o Cantinho das Aromáticas, um projeto de produção de plantas aromáticas e medicinais em agricultura biológica urbana, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, cujas infusões têm ganhado diversos prémios internacionais. É pai de dois filhos.

Fotografia: Pedro Correia/GI

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Morada
Rua do Meiral, 508 (Canidelo), Vila Nova de Gaia
Telefone
227710301/912260714
Horário
Segunda a sexta, das 09h às 18h; sábado abre às 9h30. Encerra ao domingo.


GPS
Latitude : 41.1253474
Longitude : -8.64512549999995




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