Quinta do Pisão, em Cascais, exibe nova instalação artística inspirada na natureza

"Uma Semente Cria Uma Floresta" é a nova instalação artística da Quinta do Pisão, em Cascais. (Fotografia: DR)
"Uma Semente Cria Uma Floresta" é a nova instalação artística da Quinta do Pisão, em pleno Parque Natural Sintra-Cascais. É da autoria do artista ambiental alemão Roger Rigorth e pretende chamar a atenção para a “inteligência invisível do nosso ecossistema”.

É suposto assemelhar-se a um casulo, mas tal como qualquer obra de arte quando se torna pública, pode ser alvo das mais diversas interpretações. Há quem nela veja concetualmente uma colmeia, outros dirão que é uma bolota… “Não precisam de a entender, apenas sentir”, refere Roger Rigorth. O artista ambiental alemão foi convidado pela diretora de projeto e artista plástica Sofia Barros para elaborar aquela que é a terceira obra de arte ambiental da Quinta do Pisão e o resultado está à vista, acessível a qualquer um dos visitantes.

Executada com uma estrutura de ferro forrada com uma espécie de tecelagem de corda, a instalação, que na verdade é composta por duas peças (uma maior e mais pequena), surge suspensa nos troncos de um carvalho Quercus Suber, uma espécie protegida por lei. O formato afunilado lembra um casulo e remete para a ideia de que, na natureza, “uma semente (neste caso, uma bolota) ou o ventre de uma mãe” capacitam a “evolução, a proteção e a sobrevivência”, lê-se num comunicado da Quinta do Pisão sobre a instalação.

“Rise & Fall”, de Stuart Ian Frost. (Fotografia: DR)

É também uma obra carregada de simbologia, dado que “na mitologia nórdica e celta a bolota simboliza a interconexão da vida e dos ciclos da natureza”. Já do ponto de vista científico, sabe-se que as sementes (cada bolota tem apenas uma semente) são capazes de fazer crescer uma árvore inteiramente nova, e que um carvalho maduro consegue dar 100.000 bolotas – que, nas condições ideias de dispersão e germinação e sem intervenção humana, pode gerar um maciço florestal de 15 quilómetros em torno da planta-mãe.

Sofia Barros tem-se dedicado a desenvolver projetos públicos que unam os setores das artes, natureza, ambiente e educação e acredita, por isso, que “a arte pode ser uma ferramenta poderosa para a consciencialização e educação das crianças e do público em geral” em torno de questões como o meio ambiente e a biodiversidade. Daí que a obra “Uma Semente Cria Uma Floresta” suceda a outras duas, já instaladas na Quinta do Pisão: “Rise and Fall”, da autoria de Stuart Ian Frost, e “Daydreamer”, do artista Will Beckers.

A primeira, instalada numa clareira da quinta em 2017, é uma escultura feita a partir do tronco de um eucalipto (Eucalyptus Globulus ou Eucalipto-azul-da-tasmânia) que pereceu devido à falta de água. O tronco, agora deitado no terreno, tinha 15 metros de altura e ainda ostenta centenas de gotas de água que caem continuamente em conjunto, lembrando lágrimas. O objetivo é sensibilizar o público para as alterações climáticas. A segunda, de 2019, pertence ao artista ambiental belga Will Beckers e foi construída num ponto alto do recinto.

“Daydreamer”, de Will Beckers. (Fotografia: DR)

Chama-se “Daydreamer” e pretende explorar a relação entre as pessoas e o meio ambiente, convidando-as a entrar naquilo que parece uma gruta, ou abrigo, de aspeto rústico e tribal, construído com troncos e ramos de acácias, uma espécie invasora que prolifera na Quinta do Pisão. Para chegar à instalação é necessário seguir um percurso especificamente desenvolvido para deficientes visuais, ao longo do qual os visitantes podem encontrar explicações em braille que ajudam a descrever o ambiente envolvente.

A Quinta do Pisão de Cima, gerida pela Cascais Ambiente, situa-se a norte de Cascais, no sopé da serra de Sintra, e está inserida no Parque Natural de Sintra-Cascais. Ocupa uma área de 450 hectares e encerra “um património paisagístico natural de grande importância quer pela diversidade da fauna e flora típicas mediterrânicas, quer pelas ruínas de valor cultural e arquitetónico”, lê-se em comunicado. Fazer passeios de burro e a cavalo, percursos guiadas por especialistas, observar aves e colher vegetais de horta biológica são algumas das atividades ali dinamizadas.




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