Para fazer em 2023: aderir a um clube de leitura

Flanêur (Fotografia de Igor Martins/GI)
Os clubes de leitura são um incentivo para trocar mais os ecrãs pelos livros. A cada mês, há encontros presenciais ou online em que se discute determinada obra - uma forma de expandir conhecimentos e criar laços.

Quando a atriz e encenadora Sara Barros Leitão conquistou o Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II, no valor de 5000 euros, decidiu aplicá-lo na criação de um clube do livro feminista. Estávamos no fim de 2020, e 2021 trouxe logo a primeira edição do HERÓIDES, que vai buscar o nome à obra homónima de Ovídio. Esse que foi o projeto de estreia da estrutura de criação artística Cassandra continua: já está online o calendário de sessões para 2023. São maioritariamente virtuais, abertas a 500 participantes e com interpretação em língua gestual portuguesa, havendo três em formato presencial, no Funchal (Madeira), na Praia da Aguda (Gaia) e em Setúbal.

Heróides (Fotografia de Teresa Miranda/DR)

 

A primeira sessão é já no dia 28, incide sobre o livro “Não é só sangue”, de Patrícia Lemos, e tem a autora como convidada. As inscrições, gratuitas, estão abertas, e no dia 14 vão ser largados exemplares desta obra em espaços públicos de dez cidades, para quem os apanhar (as fotografias dos locais são divulgadas nas redes sociais). Entre as convidadas da presente edição surgem nomes como Violante Saramago, Marisa Matias ou Fatu Banora, embaixadora na luta contra a mutilação genital feminina, que escolheu uma obra sobre esse tema, excecionalmente em inglês. Em regra, o Heróides propõe títulos de fácil acesso, editados em português e disponíveis em bibliotecas.

Sem custos nem obrigações
“O clube é sempre aberto. As pessoas podem nem ler o livro, inscrever-se quando quiserem, entrar e sair. São duas horas por mês em que se juntam para conversar. Às vezes, vão ler depois. E é muito descontraído”, sublinha Sara Barros Leitão, acrescentando que ali “não há lugares de poder”, numa ótica de quem sabe mais. Deixa claro, também, que não é só para mulheres, nem se cinge a obras da sua autoria – o olhar sobre os livros é que é feminista. E as conversas prosseguem via Discord. Diz Sara que muitos participantes do Heróides usam esse meio para trocar sugestões e até boleias, que já houve romances a começar no chat do clube e pessoas a ir de férias juntas.

Flâneur (Fotografia de Igor Martins/GI)

 

Se o Heróides leva o nome de uma obra de Ovídio, o clube de leitura que decorre na Flâneur, no Porto, inspirou-se num conto de Clarice Lispector. FELICIDADE CLANDESTINA é como se chama o projeto, criado e dinamizado pela tradutora Helena Topa. Os encontros costumam ter lugar no último sábado de cada mês, na livraria/editora de Arnaldo Vila Pouca e Cátia Monteiro. “Toda a gente pode participar, e não é obrigatório ler o livro”, conta ele, que vê nestas iniciativas um meio de motivar para a leitura e descobrir outros títulos e autores.

Opinião idêntica tem Rita Siborro, que divide com Raul Reis a gerência de outra livraria independente, desta feita em Setúbal. O CLUBE DE LEITURA DA CULSETE também é de periodicidade mensal e entrada livre, sem frequência obrigatória. As obras, selecionadas por votação, podem ser adquiridas lá, com 10% de desconto, ou não. No próximo dia 26, às 19.30 horas, a sessão é dedicada a Agustina Bessa-Luís, cabendo a cada pessoa escolher um título da escritora.

Culsete (Fotografia de Orlando Almeida/GI)

 

Peças de teatro, ciência e bolinhos
O trabalho desenvolvido pela companhia de teatro Marionet, de Coimbra, assenta no cruzamento entre artes performativas e ciência, no palco e fora dele. Prova disso é a iniciativa LER TEATRO COM CIÊNCIA, que visa dar a conhecer dramaturgias cujo conteúdo tenha ligação à ciência. Fá-lo através de sessões públicas de leitura de peças contemporâneas vindas do seu Centro de Documentação em Artes Performativas e Ciência, uma biblioteca com mais de 100 obras, muitas delas premiadas e ainda não traduzidas para português, esclarece Francisca Moreira, produtora da Marionet. O Ler Teatro com Ciência existe muito graças ao Projeto de Tradução Colaborativa, que conta com voluntários para traduzir as peças em causa. As sessões, bimestrais, acontecem em diversos espaços da cidade, com acesso livre, mas sujeitas a inscrição. A próxima é já no dia 18, às 18 horas, na livraria Bruaá, no Convento São Francisco, e gira em torno da peça “Boom”, de Peter Sinn Nachtrieb, escolhida por votação. A leitura é feita em conjunto (pode-se só escutar), e a seguir há troca de ideias. Nem falta o lanche, com bolinhos e chá.

Marionet (Fotografia de Francisca Moreira/DR)

 

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