Três cadernos de cozinha e uma folha solta servem de base ao livro “Cadernos da Casa do Outeiro – Um receituário senhorial de Paredes de Coura”, de Sandra Fernandes Morais. São 138 receitas que se estendem da primeira metade do século XIX ao século XX, provenientes daquele solar setecentista, na freguesia de Agualonga, que em tempos albergou a família d’Antas e depois, por casamento, os Viscondes do Peso de Melgaço. A autora, que cresceu em Coura, é doutoranda em “Patrimónios Alimentares: Culturas e Identidades”, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e investigadora em História da Alimentação. Assina ainda o blogue “Histórias Açucaradas”.
Os referidos manuscritos de cozinha, que pertencem ao Arquivo Privado da Casa do Outeiro, à guarda do Arquivo Municipal de Paredes de Coura, revelam influências da culinária de outras latitudes, como França ou Brasil. Há receitas de carne, peixe, marisco, sopas, conservas, charcutaria, mas sobretudo de doces, feitos com pão, fruta, leite, ovos ou amêndoas. Fora da lista de ingredientes está o chocolate, pois esse “ao tempo consumia-se como bebida ou como medicamento”, como lembra, no prefácio, Irene Vaquinhas, professora catedrática da Universidade de Coimbra.
A capa do livro.
Cadernos da Casa do Outeiro
de Sandra Fernandes Morais
Ficta Editora
132 páginas
PVP: 15 euros
Os cadernos integram também receitas de cosmética, remédios e utilidades domésticas, da “água para tirar as sardas” à “receita para tinta de escrever”, mostrando como cozinha e botica se cruzavam. Na obra, optou-se por manter os termos culinários e medidas originais, mas existe uma tabela de equivalência de pesos e medidas para quem pretender recriar as receitas em casa.
O livro foi lançado há pouco mais de um mês na Casa do Conhecimento, em Paredes de Coura, devendo a próxima apresentação acontecer em maio, em Lisboa. Pode ser adquirido no site da editora Ficta, na Loja Rural, em Coura, e em livrarias. Nele, também se aborda a história da Casa do Outeiro. A antiga propriedade agrícola, pertença do município, foi entretanto concessionada a investidores apostados em convertê-la em pousada rural, no âmbito do programa Revive.
