Quando se entra na Livraria Miguel de Carvalho, não se adivinha a sua extensão. Certo é que acomoda perto de 45 mil volumes, na sua maioria livros antigos e raros, e também alguns títulos novos de editoras independentes, como a Língua Morta, a Averno, a Companhia das Ilhas ou a Debout Sur l’ Oeuf (DSO), do próprio livreiro antiquário.
É grande a diversidade de obras e de temas – da filosofia à botânica, passando pela poesia. Os preços começam em 5 euros e podem atingir valores bem mais elevados. Basta pensar que o livro mais antigo, ali, remonta ao século XVI.
Os clientes são livres de circular pelos corredores, que podem guardar o presente perfeito ou algum tesouro há muito desejado. “É o gozo de entrar numa livraria e ver o que acontece”, comenta Miguel, que, além de editor, é autor – assina, por exemplo, “A cidade dos paleólogos e as viagens noturnas do capitão Dodero”, apresentado como o primeiro romance-collage com imagens manipuladas e textos ready-made publicado em Portugal. Também aceita encomendas pela Internet, e faz questão de manter um serviço personalizado mesmo na hora do envio, escolhendo selos que tenham a ver com o destinatário. “Temos de combater a formatação”, defende.
Há pouco mais de dois anos, Miguel de Carvalho mudou a livraria para a Figueira da Foz, ao fim de mais de duas décadas em Coimbra – a última localização foi na Rua Adro de Baixo, na Baixa. “Chateei-me com a cidade, com as políticas praticadas. Havia desprezo pela Baixa – até os conimbricenses deixaram de a frequentar.
Eu vivia na Figueira da Foz e cheguei a ir para Coimbra para expedir livros que vendia online a clientes de Coimbra”, recorda ele, que esteve na fundação da Rede de Livrarias Independentes (RELI), com mais de 60 livrarias, de todo o país, sem ligação às redes e cadeias dos grandes grupos, durante a quarentena.
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