Há um “novo” castelo para descobrir em Leiria

O renovado Castelo de Leiria. (Nuno Brites/Global Imagens)
A partir deste sábado e até final de junho o acesso não será apenas mais fácil (graças aos elevadores), como também gratuito. A reabertura do Castelo de Leiria é o ponto alto das comemorações do Dia da Cidade.

São visitas, senhor. O Castelo de Leiria, que reabre ao público este sábado, 22 de junho, Dia da Cidade, será de entrada livre nos meses de maio e junho, permitindo a todos uma nova (e mais acessível) visita ao monumento, depois de uma profunda intervenção de requalificação.

O castelo que agora vai reabrir ao público, ao cabo de quase dois anos de obras, é um admirável mundo novo para quem deixou de poder subir a estrada inclinada que o liga à baixa da cidade. Para muitos pode bem ser a primeira vez, já que das obras resultou a instalação de uma estrutura mecânica com três elevadores, permitindo a acessibilidade que até agora não existia.

A subida íngreme e a impossibilidade de fazer chegar um autocarro até à entrada sempre afastou visitantes daquele monumento nacional, mas o presidente da Câmara de Leiria acredita que a instalação dos elevadores (a partir do Estádio, da Sé, e da Torre Sineira) vai “aproximar a cidade do castelo, em poucos minutos”. Em março, numa visita antecipada, Gonçalo Lopes explicou o plano da autarquia para tornar o castelo não apenas num monumento (mais) visitável, como também rentável.

Durante a apresentação do espaço à imprensa, depois desta primeira fase das obras, deixou claro que o investimento – na ordem dos 3,8 milhões de euros, mas que no final chegará aos 6 milhões – será canalizado “numa aposta de recuperação económica que tem de acontecer depois da pandemia”, à boleia do turismo. “Esse caminho do retorno vai demorar alguns anos, e por isso queremos que Leiria seja uma cidade atrativa a esse nível”, disse o presidente.

Numa cidade que estava a dar tudo em matéria de eventos, a pandemia e o confinamento deixaram estragos vários. Por isso o autarca já imagina o castelo de novo aberto às realizações culturais. Foi a pensar nisso que o plano de intervenção previu a instalação de uma bancada, qual anfiteatro a céu aberto, pronto para acolher concertos, teatro, ou outros eventos.

(Nuno Brites / Global Imagens)

Um outro olhar sobre a Igreja da Pena

Os arquitetos Vasco Pinheiro e João Junqueira justificam as alterações no espaço com a necessidade de melhorar as acessibilidades, num conjunto de ações “lógicas e necessárias”. Já dentro do castelo, é possível escolher entre dois percursos: um mais rápido, através de uma escadaria que passa ao lado da (também recuperada) casa do guarda, e um outro “mais demorado e deambulatório”, como sublinha Vasco Pinheiro. Também João Junqueira destaca a criação de zonas de estar, um pouco por toda a parte, mesmo que a joia da coroa continue a ser a enorme varanda que, lá no alto, se abre sobre a cidade.

Suzana Menezes, diretora regional da Cultura do Centro, fala de um processo “desafiante, acometido de especial cuidado” de acompanhamento das obras no Castelo de Leiria, uma de entre as 57 que atualmente decorrem na região Centro. Aquela responsável estima que até 2022/23 esteja conservado e reabilitado “uma parte significativa do património”.

Além dos elevadores, a grande atração desta requalificação é a recuperação da Igreja de Nossa Senhora da Pena, um espaço “que era uma ruína e agora está coberto”, como lembra a arqueóloga Vânia Carvalho. A mesma para a qual Ernesto Korrodi há muito propusera uma intervenção de fundo. Olhando de fora para o retrato que as obras deixaram, a técnica da autarquia considera que “mudam a perspetiva de quem vem ao castelo”, que agora parece ser outro.

(Nuno Brites / Global Imagens)

É dentro da Igreja da Pena que os arquitetos explicam toda a intervenção, por mais discutível que seja a cobertura, aos olhos do cidadão comum. “Nunca ninguém conheceu a igreja coberta. Havia descrições mas não havia imagens”, lembra Vasco Pinheiro, no momento em que atravessa a porta e explica a importância de permitir que a luz natural continue a imperar, através das vidraças ao jeito de claraboia que integram o telhado.

É também de luz natural que será feita a viagem de elevador desde os diferentes pontos de acesso. Um deles é a célebre torre sineira de que falava Eça de Queirós no romance “O crime do padre Amaro”, cujo palco é ali, entre a rua direita (Barão de Viamonte) e as vielas adjacentes.

Gonçalo Lopes explica que cada uma das cabines dos elevadores será transparente, permitindo a quem sobe ao castelo que vá atravessando (mesmo) a cidade. A utilização desses equipamentos será gratuita, ao contrário do que acontecerá com a entrada dentro do monumento, a partir do final de junho. Até lá, é uma espécie de presente que a Câmara vai usar para seduzir os visitantes. Entretanto, a visita ao castelo de Leiria passa a estar incluída como complemento de visita ao Mosteiro da Batalha, tal como revelou o autarca.

A ideia é fazer crescer o número de visitantes, que de 40 mil em 2009 passou para 90 mil em 2019. Tudo para conhecer o espaço doado em 1300 por D. Dinis a sua mulher, Rainha Isabel, santificada pela Igreja graças ao milagre das rosas.

O castelo de Leiria está aberto todos os dias das 09h30 às 18h30, de 1 de abril a 30 de setembro, e das 09h30 e as 17h30, de 1 de outubro a 31 de março. Os acessos mecânicos funcionam no mesmo horário.




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