Feitoria do Cacao: do grão ao chocolate, aromas e segredos em Vagos

Feitoria do Cacao, em Vagos. (Fotografia de Maria João Gala/GI)
A japonesa Tomoko Suga e a portuguesa Susana Tavares fundaram a Feitoria do Cacao, conquistaram mais de 40 prémios com as suas receitas. Agora, uma vez por mês, guiam visitas.

A aventura começou há uns anos, em 2015, depois de uma viagem a São Tomé e Príncipe entre roças e cheirinho a cacau. Tomoko Suga e Susana Tavares voltaram e decidiram fazer chocolate desde o grão de cacau cru à tablete pronta a comer. Estudaram, fizeram formações, testes e experiências. A Feitoria do Cacao nascia então como negócio e não tardou a despertar atenções e a ganhar prémios. Hoje, depois da mudança de Aveiro para Vagos, fazem visitas guiadas aos segundos sábados de cada mês, com início às três da tarde.

“Explicamos como trabalhamos, como transformamos o grão em chocolate”, adianta Susana Tavares. Uma história contada em três salas. Na primeira, a escolha do cacau, a torra, a separação da casca. Na segunda, a moagem do cacau e a mistura de ingredientes que fazem o chocolate. Na terceira, moldam-se e fazem-se tabletes. No fim, há provas de chocolates. Chocolates com várias camadas, aveludadas, macias, inesperadas, que se abrem na boca.

À entrada, no hall, a montra dos chocolates que ali são feitos, alguns batizados com o país de origem dos cacaus, negro da Costa Rica, de leite da Nicarágua, de leite com café da Colômbia, negro de São Tomé com flor de sal de Aveiro, branco de leite dos Açores, negro das Ilhas Salomão. O cacau chega de vários lugares do mundo. “É uma honra recebermos e trabalharmos estes cacaus”, confessa Susana. São grãos que falam das suas origens. Depois, é trabalho. “A primeira coisa que definimos é a receita, a quantidade dos ingredientes que funcionam, mais ou menos doçura para o melhor equilibro”, diz Susana. Nenhum chocolate é igual ao outro, há receitas decoradas na cabeça, outras em construção, a qualidade da matéria-prima é crucial. “Usamos um açúcar para o chocolate branco e outro açúcar para os restantes chocolates”, revela.

É amor e é paixão, é empenho e é entusiasmo. “Não há outra forma de fazer tudo isto, tem a ver com a dedicação todos os dias”, refere Susana. “Sempre a melhorar, mais cinco ou menos cinco minutos no forno, pequenos ajustes”, realça Tomoko.

Há um caminho a percorrer até ao chocolate final que ali é contado e explicado por quem sabe da matéria. Primeiro, a colheita, habitualmente duas vezes por ano. As sementes de cacau fermentam, os grãos são colocados a secar ao sol, depois embalados em sacos de juta. Seguem para a Feitoria do Cacao. Seleção manual dos grãos, sendo os selecionados torrados a temperaturas e tempos certos. Trituram-se, cascas para um lado, grãos para o outro, moem-se os grãos em mó de pedra, e há toda uma química que acontece nesse momento, adicionam-se ingredientes, tempera-se o chocolate e colocam-se em moldes. Uma coisa é descrever, outra coisa é ver, assistir, sentir os cheiros, absorver aromas.

Duas novidades
Um chocolate de leite de pastel de nata com canela feito com cacau em grão da Nicarágua, massa folhada confecionada por Susana Tavares com farinha de trigo, farinha de centeio, manteiga, leite, água e sal. Na boca, o crocante do pastel. E outro chocolate, negro, de tangerina e pimenta cayenne com cacau em grão da Índia e com travo picante e ácido. Estas são as mais recentes estreias da Feitoria do Cacao.

Uma história a quatro mãos
São pioneiras no que fazem, pagam o preço justo pela matéria-prima, respeitam a natureza, dão atenção a todos os detalhes do processo de fabrico, contrariam a ideia de que o chocolate é apenas um doce para crianças. Os resultados mostram que estão no caminho certo. Tomoko Suga e Susana Tavares sentem que as suas opções fazem sentido. Além da venda na Feitoria do Cacao, onde tudo acontece, os seus chocolates encontram-se em vários espaços de norte a sul do país e fora também, em Espanha, Alemanha, Itália, Bélgica, República Checa, Austrália, Reino Unido, China, Japão, entre outros destinos.

O mais premiado
Chocolate de leite, leite de ovelha, cacau em grão da Tanzânia, açúcar de cana, manteiga de cacau. Tanzânia é o chocolate mais premiado até ao momento. Foi ouro no Concurso Nacional Chocolates Tradicionais em 2017. Ano em que conquistou o bronze no International Chocolate Awards – European Bean to Bar. Novamente bronze pela Academy of Chocolate Awards em 2019 e prata no ano seguinte e em 2021. Mais duas estrelas no Great Taste 2019. Entre outras distinções.

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Mapa da ficha ténica
Morada
Estrada de São Bernardo, Loja 91B, Aveiro
Telefone
234427100


GPS
Latitude : 40.6277024
Longitude : -8.638630199999966

Feitoria do Cacao
EN335, Rua Direita, Lote 5, Salgueiro, Sosa
Tel: 234 422 890
Das 10h às 12h30 e das 14h30 às 19h, de terça a sábado
Preço: visitas guiadas a 5 euros/pessoa, com direito a voucher de desconto na compra de chocolates




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