No dia 24 de agosto, grupos militares ligados ao Sinédrio saíram do quartel e juntaram-se na Praça de Santo Ovídio – atual Praça da República – para anunciarem um levantamento de inspiração liberal. Na exposição instalada na Casa do Infante, até 6 de setembro, conta-se esse primeiro momento revolucionário em quatro módulos, todos eles profusamente documentados.
José Manuel Lopes Cordeiro, comissário da exposição, explica que quando estava a elaborar o guião da exposição apercebeu-se que havia muita pouca bibliografia. “A melhor investigação feita sobre o assunto tem mais de 100 anos [’História da revolução portugueza de 1820’, de José de Arriaga]. O que há de mais recente oferece uma visão a partir dos periódicos de Lisboa, que devido à censura não refletiam o que se passava. Aqui, privilegiámos as fontes históricas do Porto”, explica, até porque Lisboa só aderiu à revolução um mês depois.
O primeiro módulo aborda os antecedentes da revolução – as invasões francesas, a consequente fuga da família real para o Brasil e o domínio britânico em Portugal. E também a criação do Sinédrio por alguns maçons liderados por Fernandes Tomás, associação secreta que preparou a revolução. Faz-se, depois, a cronologia do dia 24 de agosto e no terceiro módulo aborda-se a atividade legislativa das cortes. A exposição termina com o regresso do rei D. João VI a Portugal.
Dia 25 de março inaugura mais uma exposição, desta vez no Museu Militar do Porto, “A Revolução de 24 de Agosto de 1820: Prelúdio do Liberalismo em Portugal”. As comemorações fazem-se ainda com um congresso e uma conferência internacionais (14, 15 e 16 de maio e 24 de setembro, respetivamente), colóquios, conversas, lançamentos de livros, visitas guiadas pela cidade, ciclo de cinema e recitais de música. O programa completo pode ser descoberto no site 1820.porto.pt.
NA EXPOSIÇÃO
1. Sinédrio
Na parede onde se encontra a cronologia até à Revolução de 24 de Agosto, estão as figuras que faziam parte do Sinédrio, o grupo secreto criado em janeiro de 1818 por Manuel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges, José da Silva Carvalho e João Ferreira Viana.
2. Livro das vereações
Aqui estão registadas as reuniões da Câmara na época da revolução. É a primeira vez, explica o comissário José Manuel Lopes Cordeiro, que este foi usado como fonte de investigação. Está aqui em exposição.
3. Panfletos da época
Várias proclamações, autos e poemas, estes do liberal Almeida Garrett, foram copiados e estão disponíveis para os visitantes levarem para casa. Documentação essencial para se perceber o ambiente da revolução e a importância da tipografia na difusão de ideais.
4. Prensa
Nunca é demais realçar a importância da Imprensa para a divulgação de ideias e informações que ajudaram a fazer a revolução. Aqui, pode ver-se uma prensa tipográfica do século XIX, vinda do Museu Nacional da Imprensa.
VISITAS ORIENTADAS NA CIDADE
Durante as comemorações haverá visitas por vários locais do Porto ligados ao liberalismo, tanto ao momento da revolução como à guerra civil entre absolutistas e liberais iniciada em 1828. A primeira – O coração de uma revolta -tem lugar dia 18 de abril (15h). Germano Silva vai orientar um percurso pelo Largo e pela igreja da Lapa, onde está o coração de D. Pedro IV, doado pelo próprio, em homenagem à resistência antiabsolutista dos portuenses. Em maio, dia 17 (10h), Manuel de Sousa falará da vida no Porto nas duas primeira décadas do século XIX e da eclosão da revolução durante uma visita ao Quartel de Santo Ovídio e à Praça da República, intitulada “Da invasão à revolução”. Junho (dia 27, 15h) é a vez de Sérgio Veludo Coelho guiar a visita “A cidade cercada entre o rio e o mar, entre a Rua do Ouro e o Forte de S. João da Foz”. Dia 26 de julho (10h), regressa-se ao Quartel de Santo Ovídio para Joel Cleto falar do Sinédrio e da revolução. As visitas continuam até outubro.
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