Neste convento do Norte dorme-se entre obras de arte

No Convento San Payo, reerguido no cimo do monte que vigia Vila Nova de Cerveira, dorme-se rodeado de objetos artísticos, de várias épocas e estilos. Um hotel rural para apreciadores de arte.

Ao longo de três décadas, o escultor José Rodrigues recuperou o Convento San Payo, em Vila Nova de Cerveira. Nele, decidiu fazer o seu espaço de trabalho e lazer. Das tertúlias que se realizavam aqui nasceram muitos projetos, como a Bienal de Cerveira, em 1978, que se tornou num dos eventos dedicados às artes plásticas mais importantes do país. Agora, o antigo convento é museu – dedicado ao artista, falecido em 2016, e à sua coleção de arte – e é também casa de turismo rural.

«José Rodrigues tinha um lado muito social e a casa foi sempre ponto de encontro de artistas e intelectuais para troca de ideias. Ele acreditava que a arte devia chegar a todos», diz Ágata Rodrigues, filha do escultor, diretora executiva da Fundação José Rodrigues, no Porto, e responsável pela programação da Associação Cultural Convento de San Payo.

Quando o escultor descobriu este convento construído por franciscanos galegos no final do século XIV, no cimo do monte San Paio, este já estava em ruínas desde o século XIX. Decidiu reerguê-lo – recuperar espaços e colecionar obras de arte e antiguidades eram dois dos seus passatempos favoritos – e convidou o arquiteto e amigo Viana de Lima para o ajudar na empreitada.

Muito devagar, o edifício foi ganhando forma, tornando-se no que é hoje: uma enorme casa com claustros, capela e um jardim vasto, com vistas sobre a vila, o rio Minho e a sua famosa Ilha dos Amores e a Galiza. No museu, que foi instalado no rés-do-chão, à volta das salas do claustro, encontram-se várias obras do autor – entre desenhos, esculturas e maquetes de projetos (realizados e não realizados).

Mas todo o edifício e a sua envolvente é um museu. Tanto em casa como no jardim é impossível andar meia dúzia de metros sem que nos cruzemos com uma obra, sejam esculturas do próprio José Rodrigues, sejam quadros de outros autores, objetos decorativos dos quatro cantos do mundo e muita arte religiosa. Os jardins estão transformados em museu ao ar livre. No patamar onde se encontra a piscina – e que é uma espécie de varanda gigante para Cerveira – espalham-se várias esculturas suas, incluindo uma das famosas «anjas».

As oito suites do hotel – no primeiro andar – não fogem muito ao estilo do resto da casa. São rústicos, decorados com arte e antiguidades, muitas dela do próprio José Rodrigues. O pequeno-almoço é servido numa sala com vistas panorâmicas. Com o enquadramento aberto, come-se um reforçado pequeno almoço, onde não falta fruta da casa e bolos caseiros.

 

Leia também:

Veja a imagem de Lisboa que apaixonou a National Geographic
As camélias estão de volta à cidade do Porto
Braga: 10 restaurantes a não perder na cidade minhota




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend