Terras de Bouro, Peneda-Gerês: um lugar que pede calma

A riqueza natural, que permite mergulhar em lagoas de cores quase hipnóticas, fazer passeios a cavalo, percursos pedestres e desportos de aventura, por si só, convida a visitar este lugar - com a calma que ele exige.

Ter «mil clientes num dia» é algo que não interessa a Fernando Martins, que abriu uma empresa de animação turística, há mais de 20 anos, movido pelo desejo de ficar na sua terra: Campo do Gerês, aldeia do concelho de Terras de Bouro que tem uma das cinco portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês. «Prefiro não ter enchentes. O território pede um atendimento mais personalizado, pede calma, e não a confusão da cidade», defende o responsável pela EquiCampo – Turismo de Montanha, focada no turismo familiar e escolar.

No discurso de Fernando transparece preocupação com o ambiente e o bem-estar animal, sem esquecer os clientes. Quer estar com eles, quer que saiam dali a tratá-lo pelo nome. Essa forma de estar tem dado frutos, já que recebe visitantes no verão e ao longo de todo o ano, atraídos pelos passeios a cavalo e pelo arborismo (inclusive, para crianças), entre outras atividades de natureza fora de água.

Fernando Martins, fundador da EquiCampo e monitor de equitação, é avesso a enchentes. Quer atender os clientes de forma personalizada, quer que eles saiam dali a tratá-lo pelo nome.

Quem preferir fazer canoagem, canyoning ou caminhadas aquáticas conta com o apoio da Gerêsmont – Desporto Aventura, na vila do Gerês, que também disponibiliza passeios de jipe, moto quatro ou BTT. O guia Jorge Lobo, funcionário do único Parque Nacional de Portugal há décadas, é um dos que, por estes dias, conduzem clientes daquela empresa montanha fora, com paragens em sítios refrescantes. Alguns, como a cascata de Várzeas, conhecida como cascata do Tahiti, implicam grande cuidado, até na escolha do calçado, para não escorregar.

Caminhadas aquáticas e canyoning são duas das atividades disponibilizadas pela empresa Gerêsmont.
Fotografia: Rui Oliveira/GI

Se há viagem que vale a pena realizar, a pé ou de jipe, passando por locais curiosos, como um fojo do lobo que termina num poço, ou um moinho vertical, é até às Sete Lagoas, de tons azuis e esverdeados quase hipnóticos. Ficam na freguesia de Cabril, a cerca de 40 quilómetros da vila do Gerês, e por lá se encontra, entre mergulhos, o presidente da Junta. Márcio Azevedo é outro defensor do turismo sustentável, amigo do ambiente: «Interessa-nos o turista que gosta da natureza e valoriza o que temos, respeitando quem cá está. Se está bonito, alguém o manteve e preservou».

«Interessa-nos o turista que gosta da natureza e valoriza o que temos, respeitando quem cá está. Se está bonito, alguém o manteve e preservou», defende o presidente da Junta de Freguesia de Cabril, Márcio Azevedo.

De volta à vila, as atenções centram-se na preservação, sim, de um negócio familiar: a loja Artesanato Gerês, nascida no lugar onde, em 1940, Humberto Carvalho, carpinteiro, instalou uma banca para venda de artigos de madeira, como tabuleiros e caixas com recortes de flores ou animais. O filho António Carvalho continuou esse trabalho, ajudado pelo descendente Humberto (herdou o nome do avô), introduzindo novidades, como carrinhos. O que não falta ali agora, além dos tabuleiros e caixas, são brinquedos à antiga, cadeiras, lembranças e demais peças, nascidas na oficina por baixo do estabelecimento, algumas a partir de velhos moldes.

A história do Águas do Gerês – Hotel, Termas e Spa, que fica a curta distância a pé, também envolve uma família. Olhos atentos conseguem ler, na fachada deste três estrelas superior, renovado no ano passado, «Grande Hotel Maia», nome da família proprietária, até a empresa Águas do Gerês, concessionária das termas, o ter adquirido, explica a diretora geral, Rosário van Zeller.

O Parque das Termas, na vila do Gerês, tem um lago com barcos e piscinas exteriores.
Fotografia: Rui Oliveira/GI

Além de alojamento, termas e spa, o hotel dá acesso a outras atividades de lazer e ao Parque das Termas, um espaço verde com piscinas exteriores, e integra um restaurante com pratos de base tradicional e um toque moderno. No Refúgio do Gerês come-se entradas como carpaccio de abacaxi e refeições mais fortalecedoras – bacalhau à chefe em lasca na grelha ou naco de vitela à barrosã com batata a murro e legumes, por exemplo. Há ainda opções para vegetarianos, celíacos e termalistas sujeitos a dieta.

No restaurante Refúgio do Gerês, há pratos como bacalhau à chefe em lasca na grelha ou naco de vitela à barrosã com batata a murro e legumes, e ainda opções para vegetarianos, celíacos e termalistas sujeitos a dieta.

Também se fica de boa saúde fazendo o caminho até Brufe, na zona limítrofe do Parque Nacional. É nessa aldeia que se ergue, discreto, O Abocanhado, um restaurante pensado para ser mais um socalco, totalmente integrado na paisagem, e que deve o nome a expressões locais – ali, se o tempo abocanhou, significa que parou de chover.

O edifício, construído de raiz segundo o traço dos arquitetos António Portugal e Manuel Maria Reis, e que já valeu dois prémios internacionais de arquitetura, oferece uma vista deslumbrante sobre o vale do Rio Homem e tem um charme que se estende à decoração: lá dentro, mobiliário desenhado por Siza Vieira, artesanato e uma porta de curral de burra convivem harmoniosamente.

O Abocanhado, na aldeia de Brufe, tem uma esplanada com vistas deslumbrantes para o vale do Rio Homem.
Fotografia: Rui Oliveira/GI

O Abocanhado é um projeto de Maria Helena Ramos e Henrique Marques. O casal visitou Brufe e foi lá que, há mais de dez anos, decidiu criar «uma estrutura de comida local, autêntica, com produtos de qualidade, mas de confeção simples». Objetivo cumprido, a julgar pelo que vai para a mesa: petinga em molho de escabeche, figos com presunto, tibornada de bacalhau, grelhados de carne local, tarte de maracujá e mousse de chocolate caseira. O sossego e a envolvente natural completam este refúgio, que pede uma visita diurna, para se desfrutar em pleno da paisagem. Com calma, e a tempo de ver o pôr-do-sol.

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