Na Rua do Rosário, uma transversal da Miguel Bombarda, os donos das mercearias e dos cafés mais antigos ainda recordam Simão Santos, o galerista responsável por trazer durante anos artistas internacionais até ao número 195. Era o proprietário do prédio e tinha no piso térreo uma galeria de artes, bem como uma loja de molduras trabalhadas à mão e em talha dourada. Uma paixão pelas artes que o levou a trabalhar até poder, conta emocionada Ana Simão sobre o avô materno. Há três anos, o legado deixado por Simão Santos levou a família a repensar o futuro do prédio, onde viviam vários inquilinos. «Recebemos várias propostas, até de cadeias hoteleiras que queriam comprar o edifício, mas tínhamos demasiadas memórias do meu avô aqui», explica Ana. «O boom turístico ainda nem se fazia sentir, mas decidimos que era uma boa homenagem receber visitantes.»
A solução passou por fazer uma reformulação profunda do prédio mandado construir pelo patriarca da família, onde ainda viviam inquilinos, cujas casas foram também renovadas. Os cinco apartamentos livres foram então decorados pela neta, licenciada em design de interiores, que se estreou na área com este projeto. «Nós estamos todos ligados a este ramo criativo. O meu pai tem uma empresa de decoração e a minha mãe é professora de história, com um grande interesse pelas artes», continua. Ana foi também a responsável pelas temáticas dos cinco apartamentos inspiradas por serigrafias que pertenciam a Simão Santos e que estão expostas nas várias casas.
Ana Simão decorou os apartamentos do prédio que em tempos pertenceu ao avô.
(Cristiana Milhão / Global Imagens)
E, sendo este um negócio de família, é também ideal para famílias. Cada casa tem um quarto, uma sala com varanda e sofá-cama, podendo receber até quatro pessoas. A cozinha está totalmente equipada e o café é deixado por Ana como atenção de boas-vindas. Os puxadores de portas são os originais, bem como o rebordo dos tetos, mas de resto a decoração é moderna e as áreas espaçosas.
«O nosso T1 mais procurado é, curiosamente, o mais pequeno, o Sunflower [traduzindo, girassol]. Talvez por ser o mais charmoso, todo em amarelo, mas também pelo terraço onde colocámos espreguiçadeiras.» Nos dias em que a meteorologia permitir, é aproveitar para tomar o pequeno-almoço ao ar livre, um dos serviços que pode ser também pedido. Apesar de o prédio não ter receção, Ana está sempre a curta distância de carro e atenta aos pedidos dos hóspedes. «Este é um projeto muito especial e pessoal para nós. Só faz sentido recebermos os hóspedes como se recebe em casa.»
Longitude : -8.621000699999968
Leia também:
Época: O novo café da Rua do Rosário que tem pratos vegetarianos
Esta taberna tem ‘os melhores’ bolinhos de bacalhau do Porto
Porto: Onde comer com vista para o rio em Miragaia
