Grande Hotel Paris reabre no Porto com o brilho de outros tempos

Grande Hotel Paris, no Porto. (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)
O hotel mais antigo da cidade, aberto desde 1877 na Baixa, fechou para obras em 2021 e reabriu em agosto passado. Na remodelação houve o cuidado de se recuperar o que era original, devolvendo ao Grande Hotel Paris o brilho de outros tempos. 

Pelos quartos do Grande Hotel Paris já passaram, ao longo dos seus 146 anos de vida, personalidades como Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro e Rafael Bordalo Pinheiro. A relação com escritores e artistas vem desde o início da sua história. Fundado em 1877 pelo francês Gabriel Dupuy em sociedade com Ernesto Chardron, fundador da Livraria Internacional, mais tarde Livraria Lello, era à época o hotel mais requintado da cidade.

Com o passar dos anos, teve altos e baixos, mas os proprietários que foram tomando conta do espaço, mesmo fazendo pequenas remodelações, souberam manter o espírito da época. “Em 2017, a Stay Hotels ficou com a gestão. Funcionou até 2021, quando fechamos para obras”, conta Fábio Pereira, responsável de operações da empresa. Esta intervenção ampliou o espaço. O edifício ao lado, que estava devoluto, integra agora a unidade, que de 42 quartos passou para 79. Além disso, “o hotel tinha muitos quartos individuais e duplos e nós quisemos diversificar as tipologias, criar suítes e quartos de categoria superior”.

A renovação dos aposentos foi feita para dar mais condições de conforto aos hóspedes, com, por exemplo, instalação de ar condicionado. De resto, o mobiliário que neles já existia foi todo recuperado e voltou ao seu lugar.

“Aproveitámos grande parte do mobiliário e do acervo do hotel e mantivemos as características do edifício histórico”, diz o responsável. O balcão da receção, em mármore é o mesmo, tal como os candeeiros, os espelhos e o piano. Os tetos foram restaurados e pintados, mantendo as decorações primordiais. A sala onde originalmente funcionava o restaurante, e onde agora se serve o pequeno-almoço, mantém-se igual, com o charme belle époque intocado.

O jardim contíguo ao Grande Hotel Paris foi aumentado, fruto da integração do prédio do lado. De resto, admite Fábio Pereira, o edifício, sendo tão antigo, “tem algumas limitações: muitos degraus, muitos corredores apertados onde mal cabe uma mala… mas os hóspedes até acham piada”. A isso e ao facto de no edifício original as portas ainda funcionarem com chaves manuais, o que surpreende muitos. Quem se hospedar nos quartos das traseiras tem a sorte de ficar com uma vista privilegiada sobre a cidade – com a Torre dos Clérigos e a Sé no enquadramento. Mas como estes são também os que estão virados para o jardim, o barulho urbano não chega ali, só o dos pássaros a esvoaçar entre as árvores.




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