Comer fruta acabada de colher ou apanhar plantas aromáticas para cozinhar são alguns dos pequenos luxos que brindam os hóspedes d’A Casa da Milheira. Este projeto de agroturismo nasceu em São Martinho da Gândara, uma freguesia do município de Oliveira de Azeméis, e convocou toda a família para se materializar, Domingos Costa e Lurdes Resende, e as filhas Madalena e Francisca Costa.
“Isto era uma casa agrícola, e dentro de quatro anos faz 300 anos”, começa por contar Domingos, que trabalha em serigrafia e na agricultura. O terreno já pertencia à família, e os campos estavam cultivados com maracujazeiros e medronheiros, mas a casa manteve-se degradada até 2019, ano em que começaram as obras de recuperação. Hoje, A Casa da Milheira – designação conforme pedra encontrada nas ruínas da casa original – é um alojamento moderno, confortável e inclusivo, que recebe pessoas com mobilidade reduzida em qualquer divisão. Mas não foi só o nome que se fez questão de manter, a casa da eira também ainda existe, embora a sua função já não seja guardar alfaias agrícolas e oferecer um sítio para secar o milho. Agora é um espaço com mezanine que acomoda quatro pessoas e que serve também para dar apoio à piscina infinita – tratada naturalmente com sal – quando não está a ser utilizado.
Os restantes quartos encontram-se na casa principal, cuja entrada se faz pela antiga zona da loja, onde estava o lagar e as pipas que guardavam o vinho. Atualmente, essa área é uma zona de lazer com lareira, e é a partir dela que se sobe até aos quartos, nomeados segundo plantas aromáticas – Roris, Casis, Apium e Menta. Todos eles acomodam duas pessoas num ambiente de decoração frugal que, de resto, se estende a todo o alojamento, sendo a luz natural, as linhas direitas e os detalhes aquilo que mais sobressai. Como se vê na cozinha, onde se deixou uma pedaço retangular de pedra original à mostra, qual peça de arte, e como se percebe olhando de umas divisões para as outras, perfeitamente enquadradas nos umbrais das portas. Pormenores para os quais Domingos vai apontando e dizendo, orgulhoso, que teve muita ajuda da arquiteta, a filha Francisca Costa.
Se é um prazer estar dentro de casa, também sabe bem dar uns mergulhos na piscina, de onde se avista a Ria de Aveiro, e adentrar pela horta biológico escolhendo os ingredientes para a próxima refeição, a preparar na cozinha, no forno a lenha ou no grelhador. Difícil será escolher entre diversas variedades de tomate, beringela, pimentos, beterraba, alface, couve-galega, brócolos, repolho, alho-francês, cenoura e 23 espécies de plantas aromáticas, de onde se destacam as hortelãs (pimenta, chocolate, ribeirinha e limão), a arruda, a lavanda, a lúcia-lima, o poejo, os orégãos e os alecrins comum e rasteiro.
Ali, nada se desperdiça. “Fazemos agricultura circular. Quando os alimentos estão passados são os animais que os comem, e as ramas são trituradas para fazer composto que vai para os canteiros”, explica Domingos. Para breve, está previsto um campo de minigolfe e uma área com fogueira, para aconchegar os corpos nas noites frescas.
Longitude : -8.2245