Santa Maria da Feira, Cidade Criativa da Gastronomia, coloca o seu património à mesa

Santa Maria da Feira recebeu o estatuto de Cidade Criativa da Gastronomia da UNESCO. (Fotografia: DR)
A UNESCO atribuiu o estatuto, o município criou um logo (juntou o seu castelo e a sua fogaça), uma marca única (que acaba de apresentar), e um programa de ação que destaca os seus produtos, ingredientes, receitas.

Santa Maria da Feira – Cidade Criativa da Gastronomia da UNESCO, a única em Portugal com este estatuto (são 49 no Mundo), desvenda o seu plano de ação para os próximos três anos – e escolheu, como cenário, a conservada, preservada e reabilitada Igreja da Misericórdia para a cerimónia de apresentação. Aqui, nesta igreja, surge o Lab Misericórdia, inserido no projeto de recuperação e reabilitação deste local de culto, como um espaço para promover e divulgar boas práticas da cozinha regional, nacional e internacional. Um lugar construído de raiz e totalmente preparado para confecionar e degustar.

O património gastronómico está naturalmente em destaque no plano de ação. Não poderia ser de outra forma. A fogaça, o pão oferecido em promessa por um povo de fé no início do século XVI, e suas mil reinvenções contemporâneas, ora doces, ora salgadas – em pudim ou em miniaturas recheadas de enchidos. A regueifa doce, o pão da Páscoa. Os legumes da terra, os frutos das árvores, e os malápios de São João de Ver, variedade de maçã ou pero doce, que ganham protagonismo de várias formas, dentro de uma mini fogaça, por exemplo. Os kiwis, os cogumelos, os frutos vermelhos. O queijo produzido dentro de portas.

As carnes tradicionais tratadas e confecionadas de diversas maneiras numa zona geográfica de transição entre a serra e o mar. As urtigas feitas creme ou desidratadas para usar em pó. Tudo o que a comunidade feirense põe à mesa tem a sua história.

O plano de ação tem várias vertentes. Porque a gastronomia é património social, cultural, de desenvolvimento económico, de saúde pública. “Um fator de promoção de encontros”, sublinha Gil Ferreira, vereador da Cultura, Educação, Juventude e Turismo da câmara feirense. Santa Maria da Feira vai mapear todo o seu território gastronómico, mostrar os produtos autóctones do concelho e da região em eventos nacionais e internacionais, produzir um vídeo de cinema documental sobre o seu pão doce, investir em formação profissional especializada nas áreas da alimentação e do turismo, percorrer a diáspora e o mercado da saudade dos seus emigrantes espalhados pelo Mundo – não esquecendo que a Festa das Fogaceiras acontece também no Brasil, na Venezuela e na África do Sul. E vai também criar um programa de alimentação saudável e sustentável, numa parceria com a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. O projeto piloto arranca em duas escolas do concelho, estendendo-se, depois, a outros lugares.

A cidade criativa e gastronómica quer estudar e salvaguardar o que interessa, o que importa, o que quer preservar. Santa Maria da Feira vai partilhar e mostrar a fibra do seu património gastronómico nessa freima de quem sabe que a comida é sabores, mas também tradições e experiências, e que a mesa é um lugar de partilha, de encontros e reencontros. O logo da marca condensa História. Metade é o castelo da Feira em tons de cinzento, metade a fogaça com o seu amarelo-torrado. Lado a lado, dois ícones do concelho fundem-se e tornam-se a imagem do projeto.

“É mais uma oportunidade de potenciar o que temos de bom, valorizar o que temos, de sermos inovadores”, observa Emídio Sousa, presidente da Câmara da Feira. Trata-se de um projeto ambicioso que envolve parcerias com várias entidades, nomeadamente a AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, e a AGAVI – Associação para a Promoção da Gastronomia, Vinhos, Produtos Regionais e Biodiversidade.




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