No Lamelas, em Porto Covo, a chef Ana Moura dá a provar o Alentejo litoral

Canelones de sapateira, no Lamelas, em Porto Covo. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)
Ana Moura está como peixe na água ao leme da cozinha do seu Lamelas, debruçado sobre a baía de Porto Covo. Um restaurante de cozinha alentejana litoral em que alia a técnica aprendida nos Michelin a produtos locais e vinhos da região.

Há dois anos e meio que a chef Ana Moura, de 38 anos, trabalha junto da paisagem onde passava os longos meses das férias escolares. “Sempre vim para aqui, para estar com os meus avós maternos. Andava de bicicleta e descalça na rua, trepava às rochas e estava tudo bem”, conta risonha, enquanto traz para a mesa as “entradinhas” de paté de fígados de abrótea, saladinhas de polvo e ovas, lulas fritas, gaspacho e almece (queijo) com peixe curado. Os copos abastecidos coroam o pequeno festim.

A entrada na Cozinha não foi assim tão óbvia no percurso de Ana, pois cursou marketing e estava lançada para seguir gestão quando a incentivaram a mudar de rumo. Na verdade, sempre gostara de cozinhar: “A minha avó e a minha mãe sempre cozinharam muito, sobretudo peixe”. E de comer: “Desde que me lembro que vou a restaurantes com os meus pais”, recorda. Foi apoiada incondicionalmente por ambos. Seguiu-se um estágio no Michelin Eleven e um trabalho no Arzak, em Espanha.

Após passagens por outras casas de Lisboa, como a Bacalhoaria Moderna, Ana Moura foi desafiada a ir visitar o espaço de um restaurante fechado na pandemia. Foi assim que nasceu o Lamelas, batizado com o nome do avô materno, filho da terra. Dona do seu próprio tempo e certa do que queria apresentar como cozinheira, enveredou por uma cozinha de memórias, sabores e alma alentejana, com a técnica apurada.

Cozinhando com o que a época e a terra lhe dão e de forma mais descomplexada do que num restaurante de alta cozinha, faz pratos como canja de garoupa com algas e choco laminado, açorda com linguado frito e ovo escalfado, e migas de chouriço com entrecosto. Mas há dois que destaca sem hesitar: a abrótea com ameijoas em molho verde – “peixe muito versátil e que praticamente só existe na lota de Sines” e do qual aproveita tudo, até as espinhas para o caldo; e o peixe porco à alentejana.

(Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

“Quero que os pratos casem com o lugar onde estamos”, justifica, na varanda, de olhos postos no rochedo que abriga o porto de pesca. Os canelones de sapateira com molho de ovas, salada de funcho e nozes caramelizadas são outro exemplo disso. Para quem é vegetariano também há uma nova opção, com tomate, couve-flor e beldroegas. O vinho é outro dos pilares do Lamelas, ou a chef não os escolhesse a dedo por serem de baixa intervenção. O Monte da Carochinha e a Herdade do Cebolal são dois deles.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend