A homenagem à cozinha italiana nota-se, assim que se entrada, com as 80 mil espigas de trigo que estão suspensas no teto, trazendo um pouco da panorâmica dos extensos campos de cereais italianos ao centro de Lisboa, onde abriu portas o Libertà, o novo restaurante do coletivo de cozinhas Lisbon Street Kitchen. “A cidade está culturalmente diversa, elétrica, cosmopolita”, conta Alykhan Popat, fundador do projeto, que há uns meses tinha lançado o primeiro restaurante, o virtual Pescatore, focado no peixe da nossa costa. Tem pai queniano e mãe portuguesa, e é na capital que recaem memórias com a família materna.
Na nova morada, junto à Avenida da Liberdade, a gastronomia italiana é a cabeça-de-cartaz, ora mais tradicional, ora mais reinventada. À frente da cozinha aberta, que se avista das mesas e do balcão, está Sílvio Armanni, jovem chef que já passou por moradas estreladas como o Luca Fantin, em Tóquio, e que chegou a conquistar uma estrela Michelin para o seu Octavium, em Hong Kong. No Libertà, vai encurtando as saudades da sua Itália e de Bérgamo.
A costeleta de vitela panada é um dos pratos da casa. (Fotografias: DR)
O tártaro com stracciatella de búfula.
É da sua cidade que chegam os ravioli de carne com pancetta, sálvia, manteiga e parmesão (15,5€), mas também os há mais leves, com recheio de beringela e ricota (14,5€). As massas frescas, de resto, são um forte pilar da casa, como mostra o cavatelli caseiro com frutos do mar (camarão, lula, mexilhão, peixe do dia e sapateira, 22€). Há espaço para o bife do lombo dos Açores e rabo de boi com ameixas assadas, acelgas e polenta (25€); o robalo selvagem na grelha com puré de raiz de aipo (23€) ou a costeleta de vitela panada (44€, para dois), como manda a tradição milanesa. Ou o carré de porco preto assado (38€, para dois), que fica uma hora no forno. “É um dos melhores produtos ibéricos”, diz o chef. O lírio cru marinado e o bife tártaro são algumas das entradas, que sucedem a focaccia fina no forno com queijo stracchino.
Para acompanhar, há referências vínicas portuguesas e italianas, mas vale a pena provar os cocktails da casa, reinterpretações dos clássicos da mixologia, como é o caso do Libertà Mule (vodka com infusão de cardamomo e tomilho, licor de flor de sabugueiro, ginger beer e lima. Além dos menus de almoço mais baratos nos dias úteis, a boa notícia é que para breve vai chegar o tradicional aperitivo italiano, para petiscar e beber um copo ao fim da tarde nas duas esplanadas do restaurante. Antes da despedida, importa passar os olhos na zona de loja de produtos premium italianos, onde se vendem farinhas, massas, biscoitos, azeites e tomates San Marzano, por exemplo.
O chef Silvio Armanni lidera a cozinha.
Do tagliatelle a outras massas frescas, tudo é feito de raiz na casa.
Longitude : -8.2245
