Há 22 anos, Andreia Borba apaixonou-se por um português e trocou a sua Brasília por Portugal. No país-irmão, era funcionária pública mas já fazia doces, paixão que aprofundou por cá, mergulhando em livros e formando-se em doçaria portuguesa. “Apaixonei-me pela doçaria conventual. Achava fascinante como se podiam fazer coisas tão diferentes com os mesmos produtos”, conta a proprietária da Confeitaria Santa Coina, que abriu há uma década, e que está renovada e ampliada há três anos.
Nesta casa da Coina, a massa-mãe e as fermentações naturais são protagonistas, sempre em ambiente familiar, apoiada pelo irmão Agnaldo, o marido José, e a filha Marlene. “Aqui, quis resgatar as receitas antigas, de afeto. Comida é amor”, adianta Andreia. Por estes dias, o rei da casa é o folar doce de Páscoa, que acaba de vencer a edição de 2022 do concurso Melhor Folar de Portugal, organizado pela Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, que contou com quase centena e meia de participantes. O mesmo título já tinha vencido em 2016, e em 2015 tinha conquistado um segundo lugar.
O reconhecimento fez crescer o negócio, de tal forma que chegam a vender 200 unidades num só dia. O segredo do folar “é simples” e pode ser provado até dia 24, sob encomenda. A massa leva farinha, açúcar, ovos, canela, manteiga, leite “e dois segredinhos”, ri-se Agnaldo, que deixa a massa a descansar durante 24 horas, antes de a levar ao forno em pedra e de a pincelar com mel de rosmaninho no fim, ganhando um exterior crocante e um interior fofo. Há dois tamanhos disponíveis: o normal pesa cerca de um quilo e o familiar dobra este valor.
Nas montras da Santa Coina desfilam diariamente as criações artesanais dos irmãos, como o panetone e as amêndoas, disponíveis nesta altura, papos de anjo, pudim de nozes, travesseiros de Coina, trouxas de moscatel e as coininhas, um ex-líbris do espaço, uma espécie de queijada à base de requeijão de ovelha de Azeitão, e que foi um dos vencedores das 7 Maravilhas da Nova Gastronomia, em 2021.
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