Nos tempos em que costurava peças em série, numa fábrica de confeção, Palmira Ferreira foi moldando o sonho: “Sempre quis ter um espaço meu, em que pudesse estar em contacto com o público, falar com as pessoas e cozinhar para elas”. Já nessa altura, à hora de almoço, o refeitório transformava-se subitamente em espaço de curiosidade, quando levava na marmita os crepes que fazia em casa, salgados, enriquecidos com legumes. Mas então estava longe de imaginar que dali adviria o seu modo de vida e sustento.
Aconteceu há 7 anos, precisamente, quando passava nas galerias onde uma antiga creparia e gelataria estava pronta a mudar de dono. Chama-se Ardósia. Palmira ficou a matutar uns dias no assunto, e decidiu arriscar. Foi aí que começou esta aventura e mudou hábitos de consumo e alimentação a muita gente na cidade. “Comecei logo a fazer os meus crepes, as saladas, a sopa, as bifanas, e o espaço começou a ser muito procurado”.
Palmira Ferreira é o rosto d’ O Cantinho da Mimi. (Fotografia de Nuno Brites/GI)
Não se pense que Palmira colheu influências lá fora, pois que foi nascida e criada numa aldeia a poucos quilómetros da cidade de Pombal. Mas por ser apreciadora da massa de crepe, um dia experimentou fazê-lo em versão salgada. Gostou tanto que o foi aprimorando. “Ao princípio, quando comecei a fazer no Ardósia, as pessoas pediam uma salada e um crepe. Depois perceberam que as minhas saladas eram muito compostas e que ficavam bem só com uma coisa ou com outra”. Porque como se não bastasse a mistura variada de salada, ainda lhe acrescenta couscuz, culminando com um molho à base de azeite, vinagre e especiarias.
Depois do abanão que foi a pandemia e os dois confinamentos, Palmira acabou por fechar o estabelecimento. Ao cabo de alguns meses a experimentar outra área, decidiu voltar à que a faz feliz. Foi quando encontrou um espaço nas Galerias do Marquês, também em Pombal. Andava às voltas com o nome que haveria de dar à nova casa, quando a neta, de apenas três anos e poucas falas, lhe resolveu o dilema. E assim ficou o Cantinho da Mimi.
Entre os mais pedidos está o creme de salmão fumado, aqui com sumo de laranja natural. (Fotografia de Nuno Brites/GI)
Abriu em finais de junho e tem sido um êxito. Todos os dias há uma sopa caseira, feita com produtos biológicos, como de resto acontece com a maioria dos ingredientes com que confeciona crepes e saladas. Faz sucesso especial o crepe de salmão fumado, presunto e queijo, mas os de pasta de atum, delícias do mar ou pasta de frango são concorrentes de peso. Porém, tal como acontece com as saladas, Palmira tem sempre uma versão sem maionese para quem prefere uma opção (ainda) mais saudável. Acabou por adaptar também os tamanhos das saladas, criando uma versão mini, que permita comer o crepe, também, ou a apreciada sopa – todos os dias diferente. Para a sobremesa, privilegia sempre a fruta. E como não podia deixar de ser, os sumos naturais a acompanhar.
O doce Margarida
Palmira criou um doce à base de iogurte grego e fruta a que chamou “Margarida”. Alguns clientes gostam de lhe juntar um molho de chocolate ou morango.
O MENU
Crepes entre 2 euros e 5,2 euros
Especialidades: crepe de salmão fumado e tosta em pão alentejano com tomate e oregãos.
Sobremesas: Gelados e doce Margarida
Longitude : -8.2245
