Nos 43 anos que se passaram desde que a Casa Nanda abriu portas, pouco mudou neste restaurante da Rua da Alegria. “Servimos a mesma comida tradicional, os sabores genuinamente portugueses”, diz Rosária Sousa, filha de Fernanda, que fundou o espaço em 1978. Mas para “o bem-estar dos clientes” era necessário fazer obras de fundo. E foi isso que se fez, aproveitando a paragem do confinamento.
“Havia problemas que tínhamos de corrigir. Como o sonoro – era muito barulho “porque o espaço não tinha acústica nenhuma”, diz – o da temperatura – “era muito frio” – o estético – “as casas de banho eram horrorosas” – e o estrutural, porque a cozinha “não tinha boas condições técnicas”. A solução foi demolir tudo e voltar a construir.
Depois das obras terminadas e as portas reabertas, Rosária acredita que tanto os trabalhadores têm boas condições como o cliente se sente muito confortável. “Acho que isto só se conseguiu porque o arquiteto, o Miguel Ribeiro, é nosso cliente e amigo. Estivemos sempre muito presentes na obra com ele e com o engenheiro Paulo Martins”, conta.
O que pouco mudou foi a carta. “Temos só alguns apontamentos novos, porque queríamos reabrir com algo diferente”, nota. Entre as novidades, encontram-se o polvo com molho verde, as gambas com alho ou o arroz de gambas. E nas sobremesas agora há toucinho do céu, “mas a aletria continua a ser o que mais se vende”, afirma. O fogão a lenha onde se cozinha é o mesmo desde o início, quando o restaurante tinha ainda a designação de casa de pasto. “A minha mãe trabalhou vários anos no conceituado Montenegro, conhecido como a “mamuda”, e quando abriu este, era uma casa de pasto com pipas e presuntos pendurados. A comida era tão tradicional como hoje”. Até muitos dos pratos continuam a ser servidos nos mesmos dias. Às terças há bolinhos de bacalhau, às quartas cozido, às quintas arroz de cabidela, sábado tripas e domingo cabrito assado. Isto além dos clássicos da carta, como os filetes de pescada com arroz de feijão, o bacalhau à Braga ou o peixe-galo com açorda.
Rosária faz questão de gerir o produto que entra na cozinha e chega depois às mesas: “a minha preocupação é ter a certeza de que tudo sai bem”. A dedicação não é só de agora. Rosária foi criada ali. “No 12º ano, disse à minha mãe que não queria continuar a estudar. Acabei por tirar Gestão de Recursos Humanos e ainda trabalhei 10 anos na área. Mas vinha para aqui todas as noites, sempre gostei disto. Adoro o contacto com os clientes”, conta satisfeita com esta nova etapa da Casa Nanda.
Longitude : -8.6034227