“Aprendi a cozinhar ao telefone com a minha mãe”, conta Andrés Montes, com um entusiasmo contagiante, enquanto faz o intervalo da cozinha entre o almoço e o jantar, no seu Callejero, restaurante mexicano onde se pode comer comida de rua e os guisados mais caseirinhos que o chef trouxe consigo nas lembranças. Natural de Guadalajara, um de quatro irmãos, preparava a comida enquanto a mãe estava a trabalhar. “Ela deixava um bilhete em cima da mesa, com dinheiro para irmos às compras. Eu telefonava-lhe e ela explicava-me o que fazer. Depois dizia: quando estiver neste ponto volta a ligar.”
Isto antes de, com 15 anos, ter emigrado para os EUA, onde passou 20 e trabalhou como cozinheiro. Deixou a cozinha para se dedicar ao design gráfico e às artes. Em Madrid, cidade onde vivia antes de vir para o Porto, tinha com Laura Flores, também artista e sua companheira, o Atelier Naranjo. “Vivíamos por cima e tínhamos sempre a casa cheia. Era divertido – demasiado divertido”, ri-se. A vinda para a Invicta foi natural. Um amigo estava a abrir na cidade a loja de roupa vintage Retrocity e convidou-os para umas férias.
Durante o tempo que passaram no Porto, conheceram artistas da Galeria Rua do Sol com “uma energia criativa” com que se identificaram. Andrés nunca parou de cozinhar para os amigos e foi uma amiga mexico-americana que depois de provar a sua comida, lhe disse que se ele montasse um negócio ia ter sucesso. A ideia ficou a ruminar e decidiram mesmo vir. Primeiro, começaram com um projeto pop up, servindo petiscos em bares, como o Catraio, o Arca Pub ou o Armazém da Cerveja até que encontraram um espaço para assentar, na movimentada Rua das Oliveiras.
Depois de arrendarem o espaço, começou o confinamento. Mas, assim, tiveram “tempo para preparar tudo com calma” e em junho abriram portas. Há variedade na carta, entre a comida mais rápida, como tacos, burritos e quesadillas, como a caseira para confortar, como o pozole, um guisado de milho com carne e vários vegetais, que se come como uma sopa, e que entrou agora na carta. A birria, um estufado de carne com tomate e especiarias que remete para as memórias de infância do chef, é servido em formato taco ou burrito. Como não poderia deixar de ser, há guacamole, sempre feito na hora e com uns bons pedaços de abacate, receita da mãe de Andrés.
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