Fernanda Vieira é mineira, natural de Belo Horizonte e trabalhou vários anos na gestão e assessoria de eventos culturais no país-irmão. O contacto com a cozinha chegou desde cedo, primeiro por necessidade em casa, e a paixão foi crescendo com o tempo. “Desde que me entendo por gente que cozinho”, explica a responsável pelo Osso Botequim, um dos recentes reforços de Alcântara no que toca à gastronomia brasileira, e que lidera ao lado do companheiro, o alemão Arthur Dorweiler, que já conheceu em Lisboa, para onde se mudou há oito anos. “Inicialmente, era para vir apenas três meses e acabei por ficar”, ri-se a cozinheira.
Depois do bar numa escola de dança gerido por Arthur e de um café nas Olaias a cargo dos dois, a dupla decidiu apostar no Osso para mostrar a diversidade culinária do território brasileiro. “Não quisemos fazer mais do mesmo. A gastronomia regional brasileira é muito diversa, há muito mais do que maminha, picanha, arroz e feijão”, conta Fernanda, que comanda a cozinha, enquanto o marido toma as rédeas da sala, onde cabem três dezenas de comensais.
Nas entradas, aposta-se em petiscos como o pão de queijo com vinagrete de camarão (7,50 euros); os mini pastéis com recheio de queijo mineiro e vinagrete de abacate (7,50 euros); ou os bolinhos com massa de banana-da-terra, recheio de bacalhau e uma maionese de citrinos (oito euros), aqui “a unir as cozinhas brasileira e portuguesa”.
A moqueca de peixe com farofa, arroz e quiabo frito (22 euros) é outro destaque, tal como o xinxim de galinha (perninhas da mesma) com arroz, banana-da-terra e quiabo, um clássico baiano com um molho à base de camarão, castanha de caju, amendoim e pimentas (17,50 euros). A carne de sol com puré de mandioca (20,50 euros), popular no nordeste, e a costela de vitela desfiada com gnocchi de mandioca e agrião (uma reinterpretação da tradicional vaca atolada, 22,50 euros) são outras propostas no leque das carnes.
Nas alternativas vegetarianas, conta-se os gnocchi de abóbora com tomate, alho, coentros e pesto de castanha de caju (16,50 euros). Já nas despedidas, a secção de sobremesas adocica-se com a mousse de chocolate com praliné de castanha de caju, o queijo em massa folhada em calda de goiabada, ou os bolinhos de tapioca com doce de leite (chamados de “bolinhos de estudante”, pela tradição de se colocarem à beira da estrada, em cestas, para os jovens que caminhavam largos quilómetros até às escolas, em estados como Bahia ou Minas Gerais).
Quanto ao nome do restaurante, está ligado a uma das peças decorativas que mais se destaca na casa: um esqueleto de uma cabeça de boi que já acompanha Arthur há 30 anos, e que está emoldurada numa das paredes. Aliás, a própria remodelação do espaço foi feita pelo alemão, desde o aumento da cozinha ao trabalho de paredes e renovação de peças antigas como cadeiras e mesas. Para breve, há outras novidades a chegar ao Osso Botequim, como é o caso da esplanada que está prestes a nascer, e que vai somar 12 lugares sentados ao ar livre.
Longitude : -8.2245